Desenvolver sucessor do Gripen seria ‘passo natural’, diz Schneider da Embraer
Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, afirmou a site de finanças sueco que parceria com a Saab será maior que o Gripen. Também disse, em Farnborough, que o caça ‘é o avião certo para todas as forças aéreas da América Latina’ e que há conversações com diversos países
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Matéria publicada no site sueco de finanças SvD Näringsliv, cobrindo a feira aeronáutica de Farnborough na Inglaterra, divulgou trechos de entrevista com o executivo Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança (EDS), presente no evento.
Um dos pontos mais interessantes das declarações do executivo da EDS refere-se ao que o futuro reserva para a parceria da empresa com a sueca Saab, estabelecida como fruto do contrato de 36 caças Saab Gripen de nova geração (modelos E e F) encomendados pela Força Aérea Brasileira, no qual a Embraer passou a participar do desenvolvimento e produção. Para o site sueco, são as possibilidades de longo prazo que mais parecem atrair Schneider em relação à parceria da Embraer com a Saab, que no momento foca nos caças Gripen E/F: “A parceria com a Saab será maior que o Gripen. Seria um passo natural desenvolver em conjunto um novo produto, um sucessor do Gripen.”
Seguem abaixo outros trechos de declarações do executivo ao site sueco, traduzidos pelo Poder Aéreo. Nos desculpamos desde já por qualquer eventual equívoco na tradução, porém procuramos fazer o melhor trabalho possível com o idioma (como é de praxe em inúmeras matérias que já publicamos a partir de informações de fontes na língua sueca).
Sobre as instalações para desenvolvimento, montagem, integração e testes dos caças Gripen E/F a serem produzidos no Brasil em Gavião Peixoto (SP), com conteúdo brasileiro, o executivo afirmou ao site sueco: “Vamos inaugurar as instalações em agosto-setembro. Será nossa base de cooperação com a Saab, onde adaptaremos o Gripen para os requisitos da nossa Força Aérea, e onde desenvolveremos a versão de dois lugares.”
Segundo o SvD Näringsliv, após as primeiras entregas do Gripen E (monoposto) para as forças aéreas da Suécia e do Brasil, em 2019, o primeiro exemplar do Gripen E produzido no Brasil sairá das instalações de Gavião Peixoto em 2021. Dois anos depois, será a vez do primeiro biposto, Gripen F. Sobre a versão de dois lugares, em desenvolvimento com a participação de engenheiros brasileiros, Schneider afirmou: “Há mais países além do Brasil que podem querer a versão de dois lugares. Ele pode ser útil para missões mais avançadas de reconhecimento e de guerra eletrônica.”
O site destacou que a Saab tem expectativas de vender cerca de 450 exemplares do Gripen ao longo dos próximos 20 anos, e entre os países com potencial para comprar está a Índia, que planeja uma grande aquisição de cerca de 200 caças, o que é disputado por várias empresas. Os indianos pretendem comprar esses aviões por um programa de cooperação, transferência de conhecimento e produção local, tal qual o Brasil está fazendo.
Perguntado sobre o que a Embraer pensa sobre um contrato do tipo, que poderia fazer a Saab mudar seu foco para fora do Brasil, Schneider afirmou: “Se a Saab conseguir um acordo para vender o Gripen para a Índia, para nós está tudo bem. A Embraer também tem grande experiência com a Índia, tanto no mercado civil quanto militar. A Índia já falou conosco sobre o Gripen, nossas experiências com o avião e com a Saab. Estou muito animado com a cooperação com a Índia.”
FOTOS em caráter meramente ilustrativo