Diretor Executivo Eric Trappier diz que preço do caça foi bastante reduzido e que a Índia ‘pode contar com a França e a Dassault’

Reportagem da Reuters publicada na terça-feira, 31 de maio, trouxe declaração do diretor executivo da Dassault Aviation, Eric Trappier, de que a empresa está pronta para concluir a venda de seu caça Rafale à Índia “a qualquer momento” e que “a bola está no campo do governo indiano”. 

A declaração foi dada em entrevista ao jornal francês Les Echos. Perguntado sobre notícias publicadas na mídia indiana, de que uma garantia bancária foi requerida para o contrato de venda de 36 caças Dassault Rafale para a Índia, o executivo respondeu que não era o caso, pois o acordo já estava garantido pelo governo francês.  

Essa questão das garantias foi abordada em reportagem do jornal Indian Express publicada na quarta-feira da semana passada ( 25 de maio). Segundo o jornal indiano, o lado francês teria rejeitado um pedido da Índia para uma garantia soberana ou bancária para o acordo, tendo enviado no lugar uma “carta de conforto” de seu primeiro-ministro.

Melhor oferta – Falando de cartas, a reportagem da semana passada afirmou que o governo da Índia ainda precisaria responder, seja verbalmente ou por escrito, a uma carta enviada em 1º de abril pelo ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, para o ministro da Defesa da Índia, Manohar Parrikar. Na carta, segundo fontes, estaria a “melhor oferta” que a França ofereceu para a Índia no acordo governo-a-governo para a venda dos 36 caças Rafale: da oferta inicial de 10,5 bilhões de euros, o valor teria caído para cerca de 7,8 bilhões de euros, após os indianos terem pedido um desconto de 30%.

Porém, fontes do jornal afirmaram que há diferenças entre as duas ofertas: o período de apoio aos caças teria caído de 10 anos para 5, e a proposta não incluiria mais o custo de implantar infraestrutura em duas bases, cada uma operando um esquadrão de caças (uma delas seria na região Leste, em face da ameaça chinesa, e outra no Norte). Outros detalhes da oferta são o pagamento de 15% do valor do contrato no ato da assinatura. Os primeiros caças seriam entregues em até 36 meses da assinatura do contrato, com os últimos chegando à Índia em sete anos.

Customização com desconto – Apesar de se tratar de uma compra informada como “de prateleira”, diretamente do fabricante, o que pressupõe mudanças mínimas na configuração e sem fabricação local de partes do caça, a Índia pediu algumas customizações, que incluem um visor montado no capacete de procedência israelense e sistemas de armas de terceiros.

Porém, segundo as fontes do jornal, apesar dessas modificações em relação ao padrão fornecido pela Dassault à Força Aérea Francesa, o governo francês concordou com um desconto entre 7 e 8% no valor que ele mesmo paga pelos seus caças à Dassault.

Índia pode contar com a França – Voltando ao conteúdo da entrevista de Eric Trappier ao jornal Les Echos, o executivo disse ao jornal francês que “todos os requerimentos (da Índia) foram atendidos e que nós reduzimos bastante o preço”. Ele destacou que, no passado, a Índia usou caças franceses todas as vezes em que entrou em conflito, e que por isso “sabe que pode contar com a França e com a Dassault”.

Sobre o Rafale ter conquistado recentemente suas primeiras vendas de exportação (Egito e Qatar), após anos de tentativas mal-sucedidas, Trappier afirmou que “o perfil de vencedor é bem mais fácil de vestir do que o de perdedor”, mas ressaltou que, com o Rafale, foi possível evitar algo que considera fundamental: “Ele preveniu uma total dominação americana. É um orgulho nacional termos sido bem-sucedidos num avião que cumpre suas missões, como demonstrado hoje no Oriente Médio, e que foi exportado.”

FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Dassault, Força Aérea FrancesaMinistério da Defesa da França

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