Fernando “Nunão” De Martini

O evento de apresentação do primeiro protótipo do Gripen E, programado pela fabricante Saab para esta quarta-feira (18 de maio), teve um “pré-evento” para a mídia nesta terça-feira à noite. Jornalistas do Brasil, da Suécia, e de outros países como Índia, Bélgica e Colômbia compareceram a um jantar no Museu da Força Aérea Sueca (Flygvapenmuseum), em Liköping (cidade sueca onde estão as principais instalações da Saab).

O acervo do museu é vasto, com várias áreas temáticas, mas nesta matéria focaremos principalmente nos jatos de combate suecos exibidos no espaço dedicado à chamada Guerra Fria. Aquele conflito latente iniciado poucos anos após o final da Segunda Guerra Mundial e terminado na virada dos anos 1980-90, no qual o mundo se dividia principalmente entre as áreas de influência dos Estados Unidos e da União Soviética, é contextualizado pelas aeronaves exibidas no espaço. E serviu também de inspiração para breve discurso do CEO da Saab, Håkan Buskhe.

O executivo lembrou que, na época da Guerra Fria, a Suécia gastava perto de 5% de seu PIB em Defesa, operando cerca de 1.000 aviões de combate – parte significativa composta de caças e aviões de ataque desenvolvidos e produzidos pela Saab.

Um ponto ressaltado no discurso foi o tempo de desenvolvimento das aeronaves de combate, que no início da Guerra Fria (assim como havia sido à época da Segunda Guerra Mundial) não podia ser longo, devido às inúmeras urgências operacionais que se deveria atender, no contexto de uma enorme competitividade entre as duas grandes potências. Isso também forçava outros países com indústria aeronáutica militar própria, como a Suécia, a serem céleres nesse trabalho.

Porém, Buskhe lembrou que já nas últimas décadas da Guerra Fria o tempo de desenvolvimento dos caças foi aumentando, chegando a 10 ou mesmo 20 anos mais recentemente. O projeto do Gripen, segundo o executivo, buscou quebrar essa tendência ao enfatizar desde o início curtos tempos dedicados ao desenvolvimento e ao início da produção (contados a partir das efetivas assinaturas dos contratos para essas finalidades).

Para ilustrar a história desses desenvolvimentos que levaram ao Gripen, vale a pena passear um pouco pelas imagens dos caças que foram seus predecessores nas pranchetas e linhas de produção da Saab, exibidos no Museu da Força Aérea Sueca, cada um deles representando (grosso modo), o desenvolvimento tecnológico de três viradas de década do século XX.

São eles o Tunnan (virada dos anos 40/50) com sua personalíssima forma de barril, o Draken (anos 50/60) com seu elegante e impactante duplo delta, o jato de ataque Lansen (também anos 50/60), um pouco mais convencional mas não menos eficaz em sua arena, e o inovador Viggen (anos 60/70) com seus canards e porte imponente.

Mostraremos em futuras matérias mais imagens e informações sobre o museu. Já para a próxima, ao invés do passado, o foco será o futuro.

O editor Fernando De Martini viajou à Suécia a convite da Saab

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