Falando em F-5, jornal argentino diz que há interesse pelo caça
Secretário argentino de Estratégia e Assuntos Militares, em viagem aos EUA, sondará possibilidade de adquirir jatos F-5 e treinadores T-34 excedentes dos Estados Unidos, para equipar unidades das Forças Armadas da Argentina
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O jornal econômico argentino Ámbito Financeiro noticiou, em reportagem de 13 de maio, que na próxima segunda-feira a Argentina e os EUA retomarão os encontros de alto nível em matéria de defesa, com a viagem de três dias de duração do secretário argentino de Estratégia e Assuntos Militares, Ángel Tello. Parte do conteúdo noticiado trata da possibilidade de adquirir aviões militares dos estoques dos Estados Unidos.
A viagem de Tello inclui visita ao subsecretário de Defesa dos EUA, Robert Work, e na pauta estariam, segundo a reportagem assinada por Edgardo Aguilera, a possibilidade de fornecimento de treinadores T-34C para a Armada Argentina e caças F-5 como opção de transição, estes últimos cobrindo a lacuna entre a recente desativação dos jatos Mirage e uma possível aquisição de novos caças, no futuro.
Interregno de 7 anos – Esse tipo de encontro não era realizado há 7 anos, e está no contexto da chegada à Presidência da Argentina de Mauricio Macri, além da visita de Barack Obama ao país em março passado, permitindo a retomada do diálogo em temas sensíveis de estratégia e cooperação militar. Na agenda de Tello, estão operações de paz, logística e obtenção de meios, ajuda humanitária, ciência e tecnologia, além de formação civil e militar.
Espera-se que, na agenda de sua contraparte no Pentágono, estejam solicitações de maior compromisso argentino na luta contra o narcotráfico, na ajuda em missões de paz na África e compromisso em participar de missões de garantia da paz na Colômbia, no âmbito de um possível acordo que leve ao fim os conflitos entre o governo daquele país e organizações terroristas.
Pilotos argentinos de F-5 na Espanha – Ainda sobre o F-5, segundo a reportagem uma eventual aquisição do caça estaria de acordo com a visão de equilíbrio do poder preconizada pelos EUA na região, já que tanto Brasil quanto Chile operam a aeronave em suas forças aéreas.
O jornal também mencionou que, atualmente, dois pilotos argentinos realizam intercâmbio na Força Aérea Espanhola, como instrutores de F-5 (nota do editor: na Espanha, o F-5M – versão modernizada do F-5B – é empregado em esquadrão de conversão operacional, e há dois anos o caminho inverso informado na reportagem foi noticiado aqui no Poder Aéreo, quando um piloto espanhol recebeu instrução no A-4AR).
Desejo pelo F-16 – As aspirações argentinas eram, inicialmente, com aviões bem mais capazes do acervo dos EUA, pois em meados do ano passado foi encaminhado ao embaixador norte-americano Noah Mamet um pedido de disponibilidade e preço para adquirir um esquadrão de caças F-16.
As conversações mais próximas de terem efeitos práticos, porém, seriam para a modernização de aviões de transporte C-130 Hercules da Argentina – embora estas abram caminho para uma possível venda de F-16 ao país, o secretário Tello deverá modificar o pedido para caças F-5.
Os F-5 que ainda voam nos EUA – Atualmente, jatos F-5E (e uns poucos do tipo biposto F reconstruídos) são empregados nos Estados Unidos em esquadrões da USN e USMC (Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA) para treinamentos de combate dissimilar de pilotos de caças Hornet e Super Hornet dos esquadrões de primeira linha dessas forças, na função típica de agressores (“aggressors”), e no passado foram empregados extensivamente pela Força Aérea dos EUA (USAF) nessa função.
Os esquadrões da USN / USMC que hoje dividem uma frota de 44 aeronaves do tipo são o VFC 13 “Saints”, baseado na Estação Aeronaval (NAS – Naval Air Station) Fallon, em Nevada, e o VFC 111 “Sundowners” da NAS Key West, na Flórida, e fotos de suas aeronaves com camuflagens típicas de emprego como agressores (incluindo estrelas vermelhas nas caudas) ilustram esta matéria. Esses caças foram objeto de várias matérias do Poder Aéreo (algumas delas estão na lista ao final).
Nos anos 70, não interessou – Segundo o livro “Northrop C/F-5A/B/E/F en Latino America”, de Santiago Rivas, o F-5 chegou a ser avaliado pela Argentina na década de 1970. Em outubro de 1975, o demonstrador do então novo modelo F-5E Tiger II realizou uma turnê pela América Latina, visitando vários países, entre eles a Argentina. Lá, chegou a ser avaliado contra o Mirage IIIE, que recentemente havia sido incorporado pela Força Aérea Argentina (FAA).
Porém, os argentinos continuaram firmes no caminho já decidido de adquirir aos EUA jatos de ataque A-4 Skyhawk usados, pois o modelo vinha mostrando um bom desempenho desde que os primeiros do tipo foram incorporados pela FAA na década anterior.
Muita calma nessa hora – Nos últimos anos, entre especulações e interesses reportados como oficiais de fato, diversos tipos de caças foram aventados para cobrir – seja provisoriamente ou de forma definitiva – a baixa dos desgastados jatos Mirage / Finger / Mara da Argentina. De caças Gripen e JF-17 novos até Kfir, Mirage F1 e Mirage 2000 usados, passando mesmo por rumores de jatos de ataque Su-24 russos, muito foi dito e desdito, mas pouco foi feito. O assunto está abordado em diversas matérias da lista abaixo.
O mais próximo que se parece ter chegado a um acordo, em todo esse tempo, foi em relação à compra de jatos Kfir (desenvolvimento israelense do Mirage 5 francês, com grandes modificações introduzidas), mas ainda assim esse assunto vai e vem. Para saber se jatos F-5 dos EUA realmente vão entrar no meio de todas essas possibilidades, o mínimo a fazer é aguardar notícias que virão após a visita do secretário argentino aos EUA- se tivermos notícias a respeito, evidentemente.
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): USN
COLABOROU: Sandro
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