Força Aérea Indiana, ao invés de esperar pelo Tejas Mk II, tem como objetivo receber uma versão melhorada do Tejas Mk I, com 40 modificações. Nova rodada de negociações da HAL com a Saab para os melhoramentos do Tejas Mk I estaria marcada para a semana que vem. Já as negociações de França e Índia para contrato de 36 caças Dassault Rafale ainda poderá levar meses

Reportagem publicada pelo jornal Economic Times nesta quinta-feira, 14 de abril, noticiou que a estatal indiana de aviação HAL (Hindustan Aeronautics Limited) está em conversações com a empresa aeroespacial sueca Saab, fabricante do caça monomotor Gripen, para colaboração no aprimoramento do avião de combate leve (LCA) Tejas, desenvolvido pela Índia.

A informação foi revelada ao jornal por “fontes seniores”, mantidas anônimas, que disseram ter sido completada uma primeira rodada de conversações, e que uma equipe de alto nível da Saab visitará a Índia na próxima semana para continuar a discussão do tema. As fontes contactadas pelo Economic Times disseram que o motivo das “conversações exploratórias” é que “o Saab Gripen é um bom caça”, e viria daí a avaliação de que a empresa sueca poderia ser uma “colaboradora técnica para o Tejas melhorado”.

Modificações do Tejas Mk I – Segundo o jornal, ao invés de esperar por uma nova versão extensamente modificada do caça, denominada Tejas Mk II, a Força Aérea Indiana (IAF) decidiu-se por aprimorar o Tejas Mk I, que receberia mais de 40 modificações. Entre os aprimoramentos desejados para o caça leve indiano, estão um radar de varredura eletrônica ativa (AESA), suíte de guerra eletrônica (EW) unificada, capacidade de ser reabastecido em voo e empregar mísseis além do alcance visual (BVR). O prazo estabelecido pelo Ministério da Defesa da Índia para receber o primeiro Tejas aprimorado é 2018.

A Índia precisaria de cerca de 300 caças Tejas para substituir a frota envelhecida de aeronaves MiG. No momento, a IAF tem em seus planos a aquisição de 120 caças Tejas Mk I e, destes, 100 já deverão incorporar modificações. Quanto aos 20 primeiros exemplares de série a serem recebidos sem as mudanças desejadas, a HAL deverá entregar a quarta aeronave no final de junho. Nos planos de entrega do período 2015-16, ainda faltariam dois jatos, e estes primeiros Tejas se destinam a um esquadrão que realizará o treinamento e familiarização dos pilotos na aeronave. No próximo ano a produção deverá crescer para oito exemplares e depois para 16 anuais.

E o Tejas Mk II? Segundo o Economic Times, a Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO) da Índia já buscou, anos atrás, a ajuda da Saab para desenvolver o Tejas Mk II, que se espera ver algum dia introduzido na IAF. Especula-se que a Saab insistiria num acordo governo-a-governo para dar o passo de ajudar Índia no desenvolvimento e fabricação do caça leve.

O jornal Financial Express, que também tratou desse assunto em reportagem de hoje, noticiou que a empresa sueca está se oferecendo para ajudar, pelos próximos 100 anos, o desenvolvimento da capacidade aeroespacial indiana, juntamente com a participação no desenvolvimento da nova versão do Tejas. Além disso, contribuiria para um novo projeto, do AMCA (avião de combate avançado de porte médio), da Agência de Desenvolvimento Aeronáutico da Índia (ADA).

E o Gripen? A Saab ofertou a nova geração do Gripen para o programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio), concorrência para o fornecimento de 126 aeronaves (108 das quais a serem produzidas na Índia) à Força Aérea Indiana que acabou vencida pelo caça francês Dassault Rafale no início de 2012.

Porém, as negociações com os franceses se arrastaram, deram lugar no ano passado a uma compra de apenas 36 jatos a serem fornecidos diretamente pela Dassault (sem produção na Índia), e ainda não foram finalizadas. Desde então, a Saab submeteu uma proposta para produzir o Gripen na Índia, dentro da política “Make in India” do governo do primeiro-ministro indiano Narendra Modi.

E o Rafale? A reportagem do Financial Express também trata das atuais negociações para compra dos 36 caças Dassault Rafale, destacando que já se passaram dois meses e meio desde que líderes da França e da Índia informaram, em meio a comemorações do “Republic Day” indiano, que o contrato estava prestes a ser assinado. E provavelmente levará ainda mais tempo, já que uma fonte “bem estabelecida” no Ministério da Defesa da Índia afirmou “que o acordo final para 36 aviões Rafale ainda está longe”, pois os franceses “não estariam prontos para diminuir o preço ao nível que a Índia deseja”, que seria de 7 bilhões de dólares.

Essa demora já empurrou o contrato para o próximo ano fiscal (2016-2017). Um dos integrantes da equipe indiana de negociações falou ao Financial Express (sob a condição de anonimato) que, “embora as negociações estejam nos trilhos com a Dassault, há diversas outras agências envolvidas nesse projeto, e levará ainda alguns meses antes de completar as negociações”.

E os indianos, querem tudo? Ainda segundo fonte do Ministério ouvida pelo Financial Express, o processo agora está em “decidir se há necessidade de encomendar todas as peças sobressalentes necessárias para um período de 5 ou de 10 anos”, além de “tipos de penalidades financeiras” em caso de “desempenho insatisfatório”.

Haveria também um esforço da Índia em colocar o preço entre 5 e 6 bilhões de dólares, incluindo toda a infraestrutura de apoio e manutenção”. Também se quer incluir dois tipos de mísseis e bombas, o treinamento de pilotos e operação em duas bases.

 

E os franceses, não querem mais nada? Ao mesmo tempo, as fontes teriam revelado, segundo o jornal, que o lado francês vem perdendo o interesse em negociações mais duras. O motivo é que a Dassault tem encomendas suficientes não só da Força Aérea Francesa mas conquistou vendas do Rafale para o Egito e Qatar. Além disso, negocia o caça com o Canadá, a Bélgica, os Emirados Árabes Unidos e a Malásia.

FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): ADA, Saab e Dassault

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