Homenagem foi ao coronel reformado Donald Heiliger, falecido na semana passada aos 79 anos, que tripulava um F-105 abatido em 1967 na Guerra do Vietnam, tendo passado seis anos prisioneiro

Em homenagem a um falecido veterano piloto de F-105 da Força Aérea dos EUA (USAF), quatro caças F-16 voaram hoje em baixa altitude sobre o cemitério em que se realizava o funeral, em Madison, capital do Wisconsin. O piloto homenageado, coronel reformado Donald Heiliger, faleceu aos 79 anos de idade na última quarta-feira, e foi enterrado nesta segunda, 28 de março. Natural de Madison, Heiliger participou de missões na guerra do Vietnam e foi abatido, permanecendo prisioneiro entre 1967 e 1973.

A homenagem foi feita por quatro caças F-16 da 115ª Ala de Caças da Guarda Aérea Nacional do Wisconsin, e na foto são vistos em passagem baixa feita à uma hora da tarde (hora local) sobre o funeral do coronel Heiliger, que foi enterrado com honras militares. Provavelmente a foto foi tirada logo antes de uma das aeronaves deixar a formatura e sumir no horizonte, como manda a tradição.

Reportagens do Wisconsin State Journal abordaram a captura do então capitão Heiliger em 1967, que estava em seu segundo período de missões no Vietnam. Ele era um de dois tripulantes de um jato F-105 em missão de bombardeio a baixa altura, 30 milhas (cerca de 55km) a nordeste de Hanoi. Em entrevista ao jornal concedida em 1973, quando foi libertado, Heiliger declarou: “Cinco segundos após largarmos as bombas, fomos atingidos… Não sei se foi um tiro ou um míssil. Tentamos acabar com o fogo, sem muito sucesso.”

Para ejetar, os dois tripulantes tiveram que ganhar alguma altitude, após a qual o capitão flutuou em seu paraquedas por “cerca de 10 minutos”, chegando ao solo com poucos ferimentos. Ele se escondeu por várias horas antes de ser capturado. O outro tripulante, major Ben Pollard, também foi capturado (e mais tarde devolvido).

A partir daí, o capitão norte-americano passou por quatro prisões no Vietnam do Norte, sendo acorrentado, interrogado e torturado, sofrendo também frequentes surras dos guardas. As condições só melhoraram em meados de 1969, após a morte de Ho Chi Minh, segundo Heiliger, quando foi permitida a comunicação com seus parentes dos EUA com cartas (duas por ano e limitadas a seis linhas), quando então seus familiares puderam saber que ele estava vivo: “Meu pai estava convencido de que eu morrera”, disse o piloto. Nesse meio tempo, sua esposa se divorciou e casou-se novamente, mudando-se com seus três filhos.

O capitão foi libertado junto com outros prisioneiros, como parte de uma série de “gestos de boa vontade” realizados após o cessar-fogo de janeiro de 1973. Heiliger só falou das torturas que sofreu, segundo o jornal, após as últimas libertações de prisioneiros. Quando chegou a Madison, em 9 de março de 1973, o então capitão foi recebido por cerca de 300 pessoas. tendo recebido a chave da cidade por parte do prefeito. Naquele mesmo dia, em coletiva de imprensa, o capitão expressou que, embora não guardasse mágoas do movimento anti-guerra, acreditava que as ações realizadas pelo movimento só serviram para prolongar o conflito.

Heiliger casou-se novamente, voltou a servir à USAF (na qual havia entrado em 1958 e realizado seu voo solo em jatos em 1964) e, após sua reforma do serviço, trabalhou para o governo e também como corretor de imóveis e motorista de ônibus, tendo entrado também para a política da capital do Wisconsin, militando entre os conservadores.

FOTOS via Wisconsin State Journal

NOTA DO EDITOR: como comentários recentes de matéria publicada na última sexta-feira pelo Poder Aéreo, sobre formatura de caças F-86 com F-22, acabou desviando para assuntos relacionados à Guerra do Vietnam, achamos pertinente destacar esta matéria do jornal de Wisconsin sobre o funeral de um piloto veterano do conflito e ex-prisioneiro de guerra. Comentários a respeito da Guerra do Vietnam podem prosseguir aqui, se assim desejarem os leitores.

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