Míssil que abateu voo MH-17 atingiu cabine, diz relatório

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Passageiros podem ter ficado conscientes por até um minuto após explosão

HAIA – O voo MH-17 da Malaysia Airlines foi derrubado por um míssil de fabricação russa, modelo Buk, no leste da Ucrânia em julho de 2014, informou nesta terça-feira o relatório elaborado pela Agência Holandesa de Segurança (DSB, na sigla em inglês), entidade responsável pela investigação do caso. Segundo as autoridades, o projétil atingiu a cabine de comando do avião, o que matou os três tripulantes e fez o compartimento se romper da aeronave, segundo parentes das vítimas do acidente.

O relatório conclui que os 298 passageiros a bordo morreram imediatamente pelo impacto ou ficaram inconscientes pela falta de oxigênio assim que o míssil atingiu o avião. A BBC informou que alguns passageiros poderiam ter ficado conscientes por cerca de um minuto antes da colisão com o solo. Segundo o “The Guardian”, fragmentos do míssil Buk foram encontrados no corpo de alguns integrantes da tripulação.

“O impacto foi inteiramente inesperado, o que significa que as pessoas não eram capazes de compreender a situação. Quase não houve tempo para reação consciente. Os passageiros foram expostos a fatores extremos imediatamente. (…) Alguns sofreram ferimentos graves imediatamente, o que foi a causa da morte. Para outros, a exposição levou à redução de consciência ou inconsciência dentro de instantes. Não se pode precisar o momento em que os passageiros morreram, mas é certo que, pelo impacto, não havia como sobreviver”, diz parte do relatório.

O chefe da DSB, Tjibbe Joustra, afirmou que o espaço aéreo na Ucrânia deveria ter sido fechado e que as autoridades do país falharam nesse aspecto. Ele informou que o míssil foi lançado de uma área a 320 quilômetro quadrados e os destroços do avião se espalharam por 50 quilômetros quadrados.

— Nenhuma das partes envolvidas reconheceu o risco do conflito armado no solo — disse Joustra, em reunião com os parentes das vítimas na base militar Gilze-Rijen, onde se encontram os destroços do avião. — Ninguém pensou em uma possível ameaça à aviação civil.

O documento não especifica quem lançou o míssil, mas reforça a ideia de que a responsabilidade do acidente é dos separatistas russos na região em conflito entre Kiev e Moscou pela origem da fabricação do projétil. A resposta para essa questão será respondida por uma segunda investigação criminal conduzida pela promotoria holandesa, prevista para terminar em 2016.

RECUPERAÇÃO DOS DESTROÇOS

Joustra informou que outros três aviões sobrevoavam a área quando o MH-17 foi atingido pelo míssil. Segundo ele, a recuperação dos destroços foi um “processo complicado”, visto que alguns fragmentos foram encontrados apenas há duas semanas e mais partes ainda podem ser descobertas. A primeira parte do avião chegou na Holanda apenas em dezembro do ano passado. A análise dos destroços indicaram um míssil superfície-ar. Na divulgação do relatório, a DSB exibiu um vídeo que mostra o processo de recuperação.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, pediu a Rússia para cooperar integralmente com a investigação criminal pelo responsável pela queda do MH-17.

Segundo o “The Guardian”, o governo russo questionou a conclusão de que um míssil Buk abateu o avião, disse Joustra. A Rússia alegou que tal conclusão não pode ser alcançada com precisão, mas a DSB rejeitou as declarações russas. A TV estatal de Moscou disse que os mísseis BUK não fazem mais parte do arsenal do país.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, afirmou que a catástrofe foi resultado de “uma operação dos serviços secretos russos”.

— Não tenho nenhuma dúvida sobre o fato de que era uma operação planejada dos serviços secretos russos para abater (um avião) — declarou Yatseniuk ao abrir uma reunião entre ministros.

O avião da companhia malaia decolou do aeroporto internacional de Amsterdã, na Holanda, em direção a Kuala Lumpur, na Malásia. A aeronave foi atingida quando sobrevoava a região de Grabovo, na Ucrânia, região localizada em meio aos conflitos do país com a Rússia.

FONTE: O Globo/Agências Internacionais

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