União Europeia pede que Rússia pare de bombardear rebeldes na Síria
Ataques estão enfraquecendo terroristas, mas também ‘oposição moderada’. Ação pode prolongar conflito agravar situação humanitária, diz documento
“As recentes operações militares russas que tiveram como alvo o Daesh (Estado Islâmico) e outros grupos designados pela ONU como terroristas, mas também a oposição moderada, são fonte de uma profunda preocupação e devem cessar imediatamente”, indicaram os 28 ministros das Relações Exteriores em um comunicado.
A “escalada militar” russa, que começou a bombardear a Síria no dia 30 de setembro, “ameaça prolongar o conflito, minar o processo político, agravar a situação humanitária e aumentar a radicalização”, acrescentaram ao término de uma reunião em Luxemburgo.
Os ministros convocaram Moscou a “centralizar seus esforços no objetivo comum de alcançar uma solução política ao conflito” na Síria.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou no domingo que a intervenção militar na Síria tem por objetivo “reforçar as autoridades legítimas e criar as condições necessárias para encontrar um compromisso político”.
Mas para os europeus “não pode haver uma paz duradoura na Síria com a liderança atual”, segundo a declaração.
A reunião dos ministros ocorre a poucos dias de uma cúpula de chefes de Estado da UE (na quinta-feira) na qual a Síria também estará na agenda.
Os ministros afirmaram que a crise se aprofundou e que é imperativo terminar com um conflito que já deixou 250.000 mortos e obrigou 12 milhares de pessoas a deixar seus lares.
“É cada vez mais urgente encontrar uma solução duradoura para colocar fim ao conflito”, acrescentam no texto, no qual convocam “um processo dirigido pelos sírios” que leve a “uma transição pacífica e inclusiva”, sem informar se Bashar al-Assad deve participar dela.
Sobre este ponto a UE está dividida. Ao chegar à reunião, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, não esclareceu a posição.
Assad, rebeldes e o Estado Islâmico
Mogherini disse que a UE colocará toda a sua energia para apoiar os esforços da ONU para alcançar a paz, “um processo no qual todos os atores relevantes devem estar ao redor da mesa”.
O secretário de Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, disse que pode existir certa flexibilidade sobre o momento da partida de Assad, mas que existe um sério risco de que os rebeldes se unam, então, aos grupos radicais.
“Podemos ser flexíveis sobre a forma, o momento de sua partida, mas se tentarmos trabalhar com Assad lançaremos a oposição (ao regime sírio) nos braços do Estado Islâmico, o contrário do que queremos”, disse.
“Para nós está claro que não podemos trabalhar com Assad como uma solução de longo prazo para o futuro da Síria”, acrescentou.
“Nem todos estão de acordo sobre como este processo deve ser abordado”, indicou o ministro espanhol, José Manuel García Margallo.
Para García Margallo “o pior dos males seria a continuação da guerra. As outras alternativas, mesmo algumas delas sendo ruins, são melhores que esta”.
FONTE: G1/Agência France Presse