Rafale na Índia: comandante da IAF espera conclusão das negociações até o final do ano
Comandante da Força Aérea Indiana admitiu que há uma escassez de caças e que gostaria de 100 aeronaves do tipo do Rafale para equipar 6 esquadrões. Franceses teriam concordado com a cláusula de ‘offset’ de 50% do valor do contrato de 36 jatos, para investimento de US$ 4,5 bilhões na Índia–
Segundo reportagem do jornal indiano Business Standard, o comandante da Força Aérea Indiana (IAF), marechal do ar Arup Raha, expressou no último sábado a esperança de que as negociações para a compra à França de 36 caças Dassault Rafale “de prateleira” serão concluídas por volta do final deste ano. “Eu tenho a esperança das negociações para o contrato não irem além deste ano”, disse Raha, em conferência anual que precede o Dia da Força Aérea Indiana, a ser comemorado em 8 de outubro. Ele acrescentou, segundo o jornal: “Essa é a minha percepção”.
O comandante da IAF também admitiu haver uma escassez de caças, e que há um requerimento da Força para pelo menos seis esquadrões de aviões de combate do tipo médio multitarefa. A categoria está relacionada à sigla do programa “MMRCA” (medium multi-role combat aircraft), no qual o jato francês Dassault Rafale foi selecionado no início de 2012 para negociações envolvendo 126 aeronaves e transferência de tecnologia para fabricação na Índia, num programa de custo estimado em 20 bilhões de dólares. Porém, ao longo de três anos de negociações infrutíferas, esse programa deu lugar a um acordo para aquisição direta do fabricante francês, a chamada compra “de prateleira”.
Comandante prefere comprar mais Rafale, mas admite haver opções – Os seis esquadrões de aeronaves da categoria MMRCA significariam cerca de 100 caças, e o comandante Arup Raha declarou ter preferência para que este número seja complementado com o próprio Rafale, mesmo com a ressalva de que há outras opções e que novas compras (e o tipo de aeronave a comprar) são decisões do Governo Indiano.
Nas palavras do comandante da IAF, segundo a reportagem do Business Standard: “Definitivamente, nós gostaríamos de ter mais aviões MMRCA. Pelo menos cerca de seis esquadrões, na minha visão. Teremos que ver, pois também pode haver outras alternativas. Eu gostaria de ter o Rafale, mas há outros aviões tão bons quanto. Assim, se o acordo é bom e o governo decidir, nós precisaremos ter seis esquadrões similares de MMRCA.”
Para a entrada em operação dos 36 caças Rafale a serem adquiridos no contrato atualmente em negociação, serão necessários três anos, e essa quantidade seria suficiente para dois esquadrões. “Se as cláusulas e condições forem boas, então estou certo de que teremos mais. Porém, no momento, estamos focados em 36”, disse Raha.
Franceses teriam concordado com “offset” de 4,5 bilhões e foram à Índia – Em 29 de setembro, o jornal Economic Times noticiou que era iminente um grande passo nas negociações, que poderiam terminar em cerca de um mês: o lado francês teria concordado com as condições indianas de que 50% do valor do contrato do Rafale fosse investido pelos franceses na Índia. Os projetos para esses investimento de fabricantes franceses, nessa cláusula de “offset” (compensações) de 50%, seriam voltados à produção local em projetos de defesa, segurança e do setor aeroespacial indiano, na chamada política “Make in India” (fabrique na Índia).
Segundo fontes do jornal, para que os franceses concordassem com o offset de 50% do valor do contrato, ou seja, em investir cerca de 4,5 bilhões de dólares em projetos “Make in India”, os indianos teriam relaxado sua política bastante restrita quanto a compensações no setor de defesa, atendendo assim a preocupações específicas do fabricante do Rafale.
Ainda segundo o Economic Times, uma equipe de alto nível, liderada pelo general-engenheiro Stephane Reb, diretor da DGA francesa (Diretoria Geral de Armamento) chegaria à Índia já naquele dia para trabalhar nas negociações finais de preço. A informação foi dada por fontes do jornal ligadas ao processo.
Entre os investimentos franceses em programas “Make in India” que poderiam ser realizados, e que seriam justamente do interesse de empresas como a Dassault (fabricante do Rafale) e Thales (fornecedora dos equipamentos eletrônicos do caça), estaria a fabricação de componentes de jatos executivos da Dassault, da família Falcon. Também poderia ser contemplado o projeto de “cidades inteligentes” da Thales.
Um contrato de US$ 9 bi para 36 caças “de prateleira” – Conforme o Economic Times havia noticiado em reportagens anteriores, as negociações para a compra dos 36 caças Dassault Rafale “de prateleira” emperraram justamente na questão de offsets e de preço do contrato. Essas negociações começaram pouco depois de abril deste ano, quando o primeiro ministro indiano Narendra Modi anunciou em Paris que compraria 36 jatos Dassault Rafale num acordo governo a governo com a França, e ficaram praticamente paralisadas nos últimos quatro meses. Porém, em 1º de setembro, a equipe de negociação indiana deu o sinal verde para concluir o acordo, após um encontro de alto nível dos responsáveis por aquisições de defesa na Índia.
Considerando esse valor de 4,5 bilhões de dólares informado pelo Economic Times para as compensações, que corresponderiam a 50% do total do contrato para os 36 jatos Rafale “de prateleira”, conclui-se que o valor final da compra dessas três dúzias de caças da Dassault seria de US$ 9 bilhões.
Em abril, a Reuters chegou a noticiar que o valor da compra equivaleria a 4 bilhões de euros, mas esse valor seria discrepante com outras aquisições recentes do caça francês por clientes externos: o Egito e o Catar assinaram contratos para aquisição de 24 caças Rafale cada um, e os valores divulgados para os acordos variaram entre 5 e 6 bilhões de euros cada (embora os pacotes incluíssem diferentes equipamentos associados, e até mesmo um navio, no caso do Egito). Para saber mais, consulte matérias anteriores na lista abaixo.
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Dassault – a imagem do alto mostra o comandante da Força Aérea Indiana, marechal do ar Arup Raha, cumprimentando o então comandante (chefe do Estado Maior) da Força Aérea Francesa, general Denis Mercier, após o primeiro ter voado no Rafale e o segundo num Su-30, durante o exercício indo-francês Garuda V, realizado em junho do ano passado.
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