Papéis soltos na cabine causaram a queda do F-16 da OTAN em Albacete

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Documentos podem ter mudado a posição do controle de trim, de acordo com a comissão de inquérito

MIGUEL GONZÁLEZ

Um descuido aparentemente insignificante, que deixou alguns documentos soltos na cabine, pode ter causado a queda do F-16 grego em 26 de janeiro passado na base aérea Los Llanos (Albacete) a maior catástrofe da OTAN em tempo de paz, na qual morreram dois pilotos gregos e nove franceses. Assim, conclui o relatório final da comissão de inquérito presidida pela Grécia com a participação de Espanha, França, Alemanha, Itália e os EUA, divulgado pelo Ministério da Defesa francês.

Documentos soltos dentro do cockpit podem ter causado o acidente com o F-16 grego em Albacete

A causa foi a “modificação acidental” da posição do compensador que controla o leme, provavelmente, esfregando um documento com ordens de missão e gráficos do exercício, o que afetou o avião e causou sua descompensação, afetando a aeronavegabilidade consideravelmente. O giro do botão de roda completamente no sentido horário deveria ter sido detectado na checagem anterior ao voo, mas esta foi de 20 minutos antes da decolagem, quando a aeronave ainda estava no estacionamento e não no taxiway, como é obrigatório.

Além disso, o F-16 não possui um alerta para avisar que o compensador está em posição incorreta, e esta circunstância passou despercebida pelos pilotos até que fosse tarde demais. As tentativas de corrigi-lo em voo foram insuficientes para controlar o dispositivo.

Apenas 7,8 segundos após a decolagem, o F-16 caiu em um hangar no caminho onde outros participantes aguardavam decolagem no Programa de Liderança Tática (TLP) da OTAN. O vento cruzado, a configuração assimétrica da aeronave ou a presença de tanques de combustível externos agravou a situação.

Em contrapartida, a investigação conclui que todos os auxílios à navegação e de comunicações funcionaram normalmente. Os dois pilotos gregos eram experientes e tinham 1527 e 1.140 horas de voo, respectivamente. Um deles foi ejetado do avião, mas não conseguiu salvar a sua vida.

Além dos 11 mortos, outros 17 militares (10 italianos e 7 franceses) ficaram gravemente feridos e mais 16 levemente feridos. Além do F-16 grego, um Mirage 2000 e um Alpha Jet franceses foram totalmente destruídos, enquanto seis outros caças sofreram vários danos.

FONTE: El País

DOCUMENTOS DA INVESTIGAÇÃO (colaborou o leitor Alfavega)

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