Compra de 126 Rafales era ‘economicamente inviável’, diz ministro da Defesa da Índia
Aquisição planejada é de apenas 36, aos quais poderão ser somados futuramente outros 20 para formar três esquadrões da Força Aérea Indiana – praticamente uma repetição dos números adquiridos de Mirage 2000
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Nesta segunda-feira, 1º de junho, a mídia indiana continuou publicando reportagens sobre a polêmica decisão do atual governo do país de adquirir, “de prateleira”, 36 caças franceses Dassault Rafale, em detrimento do programa mais abrangente de 126 aviões (o chamado projeto MMRCA, concorrência para aviões de combate multitarefa de porte médio), dos quais apenas 18 seriam fornecidos pela fabricante francesa e os demais 108 jatos produzidos na própria Índia.
O jornal Times of India publicou matéria em que, logo em sua chamada, afirmou que a “no atual estágio a Índia dificilmente comprará mais do que 36 caças Rafale” (India unlikely to go for more than 36 Rafale fighters at this stage), o que representa menos de um terço dos 126 caças do agora descartado projeto MMRCA, que tinha custo estimado em 20 bilhões de dólares.
36 + 20 = Mirage 2000 – Segundo o mesmo jornal, outros 20 caças Rafale poderiam ser adquiridos mais tarde, totalizando três esquadrões equipados com o avião, o que seria muito parecido com a aquisição indiana feita junto à França de jatos Dassault Mirage 2000, em meados da década de 1980.
Sobre a negociação dos 36 caças iniciais, resultante de anúncio feito pelo primeiro ministro indiano Narendra Modi durante encontro em Paris com sua contraparte francesa François Hollande, em abril, a expectativa indiana é que o contrato para esses jatos Rafale em “condições de voo” (leia-se “de prateleira”, ou fornecidos diretamente pelo fabricante francês o mais rápido possível e na configuração disponível), seja assinado por volta de agosto, com entrega dos caças ao longo dos próximos dois anos.
Deixem o comitê voltar – O Times of India trouxe declarações do ministro da Defesa indiano, Manohar Parrikar, sobre o assunto: “As discussões (entre comitês de alto nível da Índia e da França para negociação de contrato) começaram em 13 de maio. Deixem que completem as discussões e voltem. Por enquanto, há apenas 36 Rafales, que foi o mandato dado pelo primeiro ministro.”
Parrikar acrescentou: “A aquisição direta de 36 Rafales é baseada nos requerimentos operacionais críticos da Força Aérea Indiana. A oferta final será considerada ao final das discussões. Não gostaria de comentar nesse estágio… deixem as discussões chegar a alguma conclusão.”
Economicamente inviável – Sobre o custo que representaria a compra de todos os 126 caças Rafale pretendidos no programa MMRCA, o ministro disse que seria “um degrau muito alto para subir financeiramente”, dado que isso poderia requerer cerca de Rs 1,30,000 crore ao longo de 10 a 12 anos.
Outro jornal indiano, o Hindustan Times, trouxe mais detalhes sobre a impossibilidade de se adquirir a quantidade inicialmente requerida, creditando as informações à agência PTI (Press Trust of India), mencionando um valor ainda mais alto para a compra de 126 caças. Segundo o Hindustan Times, o ministro Parrikar disse que a proposta de acordo de 25 bilhões de dólares para 126 Rafales, do governo anterior, era economicamente inviável: “Não estamos comprando os demais. Estamos apenas comprando os 36 diretamente.”
Parrikar fez uma comparação usando, como metáfora, automóveis: “Haveria algum dinheiro para outro tipo de ação? Eu também gostaria de ter um BMW e um Mercedes. Mas não tenho porque não posso custeá-los. Primeiro, não posso comprar e, em segundo lugar, não preciso. Assim 126 Rafales eram economicamente inviáveis. Não foram requeridos.”
Segundo o Times of India, as negociações finais do programa MMRCA empacaram por causa do preço dos 108 caças a serem produzidos localmente, pela HAL (Hindustan Aeronautics Ltd.), que custariam “2,7 vezes” mais do que originariamente previsto.
‘Make in India’ vai para offsets – Uma das grandes bandeiras do atual governo do primeiro ministro Narendra Modi é a política “Make in India” (fabrique na Índia). O jornal Times of India levantou essa questão, trazendo em seguida a declaração do ministro da Defesa: “Há um componente Make in India com a cláusula de 50% de offsets (compensações a serem investidas pelo vendedor) no contrato… Nós temos que usá-lo de forma apropriada.”
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Força Aérea Francesa
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