O México está se consolidando como segundo maior mercado do mundo para jatos privados, com um ritmo de compras mais rápido que o do Brasil, seu maior rival na América Latina, aproveitando um crescimento econômico mais forte.

O México já tinha uma frota permanente maior que a brasileira, mas estava atrás do Brasil em crescimento anual de vendas.

Isso mudou no ano passado, de acordo com a fabricante de aviões Embraer, e deve continuar em 2015, já que a economia do México deve crescer, enquanto a expectativa é que a brasileira recue.

“É uma questão de seguir o dinheiro”, disse Brian Foley, consultor aeroespacial em Sparta, Nova Jersey, em um e-mail, na segunda-feira. “Agora é a vez do México”.

O México, com apenas metade da população do Brasil, aproximadamente, tinha 873 jatos executivos registrados no final de 2014, ultrapassando os 854 do país sul-americano, segundo o relatório anual iQ da JetNet, que compila dados de aeronaves.

A frota do México cresceu 4,8 por cento no ano passado, contra um incremento de 3,6 por cento do Brasil, segundo a Embraer, a fabricante de jatos executivos e comerciais com sede em São José dos Campos, no Brasil.

“Estamos tão motivados com o mercado do México que decidimos abrir um escritório de vendas no país”, disse Breno Corrêa, diretor de vendas e marketing da área de jatos executivos da Embraer na América Latina, em entrevista por telefone no dia 12 de março.

“Já temos um centro de manutenção de operações em Monterrey e queremos instalar outro ao redor da Cidade do México”.

A posição do México como número 2 em tamanho de frota se deve, em parte, à sua proximidade com os EUA, que tem a maior infraestrutura do mundo em aviação privada, disse Rolland Vincent, presidente da consultoria Rolland Vincent Associates, em Plano, Texas.

Divergência econômica

O forte crescimento econômico dos EUA também deu suporte ao México, já que incentiva as exportações, que respondem por cerca de um terço do produto interno bruto.

A economia do México cresceu no ritmo mais rápido dos últimos dois anos no quarto trimestre e deverá expandir-se 3,2 por cento neste ano, ritmo mais rápido em três anos. Esse ritmo “é um bom presságio” para as vendas de jatos executivos, disse Foley.

Enquanto isso, no Brasil a economia recuou pelo segundo mês seguido em janeiro e deverá encolher 0,3 por cento neste ano. Os brasileiros estão sentindo o aperto econômico em um momento em que a inflação está corroendo o poder de compra e as taxas de desemprego estão subindo.

Para a Embraer, o México representa uma oportunidade de crescimento. A empresa espera expandir seus 2 por cento de participação de mercado no país para 16 por cento nos próximos anos, disse Corrêa, aproximadamente o equivalente à participação de mercado da Embraer no mercado global de jatos executivos.

Atualização de frota

O aumento das vendas no México pode ser parcialmente atribuído às atualizações de frota, segundo a Embraer. Os jatos mexicanos tendem a ser mais antigos que os brasileiros: cerca de 80 por cento têm mais de 10 anos, contra 45 por cento no Brasil. Isso apresenta uma grande oportunidade de substituição, disse Corrêa.

Os jatos mais velhos são vistos como um risco de segurança após um acidente envolvendo um Learjet de 43 anos, em 2012, que matou a cantora mexicana Jenni Rivera.

Embora o México seja um mercado mais interessante neste ano, o estudo de 10 anos da Embraer sobre o setor mostra que o Brasil passará à frente a longo prazo, acrescentando até 560 jatos avaliados em US$ 9,4 bilhões, contra 140 jatos no México, totalizando US$ 3,2 bilhões.

Neste ano, a Embraer projeta vendas globais de 90 jatos leves e de 40 jatos médios e grandes totalizando US$ 1,85 bilhão, ou 28 por cento da receita total da empresa.

A companhia não divide os números por país. A Embraer tem 850 jatos executivos no mundo, 200 deles na América Latina.

FONTE: Exame

wpDiscuz