Londres contrata empresa dos EUA para cumprir missões SAR nas Malvinas

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SA330 Puma da AAR Airlift operando com a US Navy

 

Roberto Lopes

O Ministério da Defesa (MoD) britânico anunciou hoje a contratação da empresa aeronáutica americana AAR Airlift, sediada no estado da Flórida, para prover missões de busca e salvamento (SAR, na sigla em inglês) no arquipélago das Malvinas – que os britânicos chamam de Falklands – pelo prazo de dez anos.

O valor total do contrato é de 275 milhões de dólares. A AAR deverá organizar, perto do complexo militar de Mount Pleasant – onde a Real Força Aérea mantém seus quatro caças Typhoon –, um agrupamento aéreo formado por (um número não revelado de) aeronaves AW189 e S-61.

Os aparelhos deverão estar disponíveis as 24 horas do dia, com capacidade de operar de dia e à noite (com o emprego de óculos de visão noturna). Os termos do contrato prevêem voos SAR com qualquer tempo (all-weather SAR), evacuações médicas de urgência (SEM, na sigla em inglês), operações de resgate por guincho e transfers de passageiros e de carga.

Em Brasília, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores ouvida pelo Poder Aéreo levantou a hipótese de a empresa americana ter sido contratada para, entre outras tarefas, prestar serviço aos técnicos e operários que, a partir de 2016, vão trabalhar ao largo do litoral malvinense, embarcados em plataformas marítimas de petróleo.

Offshore – A extração de petróleo do fundo do mar nas Malvinas deve começar pelo campo de Sea Lion, cerca de 100 km ao norte da Ilha Malvina Ocidental.

De acordo com o mesmo analista, um helicóptero de matrícula americana sempre poderá ser mais bem recebido, em caso de emergência, em território uruguaio, ou mesmo, numa situação de excepcional gravidade, em território continental argentino.

Contudo, é possível que a questão política não tenha sido o único motivo para a contratação da empresa americana.

Ano passado o MoD gastou cerca de 63 milhões de euros – aproximadamente 200 milhões de Reais – na manutenção do dispositivo militar que guarnece o arquipélago das Malvinas. Adicionar às unidades aí sediadas (1.200 homens, 4 caças-bombardeiros, uma bateria de mísseis antiaéreos Rapier e um navio-patrulha oceânico) um esquadrão de busca e salvamento, importaria, naturalmente, em aumento de gastos com equipamentos e pessoal.

O AgustaWestland  189 é uma aeronave muito popular entre as empresas dedicadas a atividades offshore. Sua cabine pode ser configurada para o transporte de 12 ou de 19 passageiros. Em missões SAR a aeronave transporta macas e equipamentos de primeiros socorros, a uma velocidade de cruzeiro em torno dos 270 km/h.

O S-61 é mais lento – velocidade operacional de cruzeiro em torno dos 220km/h –, mas, em situações especiais (de ausência de carga), sua cabine transporta mais de 30 pessoas.

A AAR já trabalha para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos e para várias outras agências governamentais dos EUA. Ano passado, a empresa, que mantém duas bases operacionais na Austrália, cumpriu 26.000 voos, transportando 443.000 passageiros, entre civis e militares.

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