Su-30 MKI é ‘plano B’ da Índia caso falhe o acordo do Rafale

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Índia aguarda visita neste mês de delegação francesa com poderes para finalizar negociação do Rafale, mas tem um plano B para o caso do acordo desandar: adquirir mais caças Su-30 MKI

Uma delegação francesa com poder de fazer avançar de uma vez as negociações do caça Dassault Rafale deverá visitar a Índia neste mês, ao mesmo tempo em que os indianos acenam com a opção de adquirir mais jatos Sukhoi Su-30 MKI para o caso do acordo com os franceses desandar.

O ministro da Defesa indiano Manohar Parrikar, relembrando discussões que teve com sua contraparte francesa Jean-Yves Le Drian no mês passado, disse que as discussões sobre o acordo do Rafale continuam, e que Le Drian enviaria uma “pessoa com poderes” para levá-las adiante. Fontes francesas afirmaram que uma delegação da França poderia visitar a Índia neste mês.

Segundo o jornal indiano Economic Times, fontes do Ministério da Defesa da Índia falaram sobre os atrasos em fechar esse contrato e admitiram que há problemas. Nesse sentido, disseram que a Índia poderia considerar a compra de mais caças Su-30, de origem russa, caso a proposta de contrato com a França não dê em nada. Por seu lado, os franceses estão confiantes na assinatura do contrato e que as divergências podem ser resolvidas. Em dezembro, ambos os países concordaram em acelerar as negociações.

Em 2012, a Índia selecionou o Rafale dentro do programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio) de 126 caças, numa concorrência com outros cinco aviões, mas as negociações finais entre o Ministério da Defesa indiano e a Dassault Aviation francesa, fabricante da aeronave, ainda estão em andamento. Um acordo com a Índia representaria para a Dassault a primeira grande exportação do Rafale.

Conforme o pedido de propostas (RFP – Request for Proposal) os primeiros 18 aviões seriam importados e os demais 108 fabricados sob licença pela estatal indiana HAL (Hindustan Aeronautics Ltd).

Sobre o “plano B” de adquirir caças Su-30 MKI no caso do acordo com os franceses desandar, o jornal The New Indian Express trouxe declaração de um alto funcionário do Ministério da Defesa, que afirmou: “Caso (a negociação do Rafale) continue travada, poderemos reforçar a frota existente de Su-30 MKI para atender aos requerimentos de combate da Força Aérea Indiana (IAF).”

No momento, a IAF possui cerca de 200 jatos Su-30 MKI, que representam cerca de 1/3 da frota de caças do país, mas a IAF está reduzida a 34 esquadrões de combate (cada um com até 18 caças), frente a uma força autorizada de 44 esquadrões. O jornal indiano também trouxe a declaração do ministro Parrikar sobre sua conversa com Le Drian em: “Eu pedi ao ministro da Defesa da França para mandar uma pessoa com poderes para quebrar o impasse. E ele assegurou que mandaria alguém no início do próximo mês (nota do editor: provavelmente referindo-se a janeiro, dado que a conversa foi em dezembro). Vamos ver como as coisas andarão depois disso.”

Na semana passada o jornal havia noticiado que o muito esperado contrato multibilionário do Rafale estava, mais uma vez, enfrentando tempestades. Após o problema da escalada de custos, houve a recusa da Dassault em assumir “total responsabilidade” pelos 108 caças a serem fabricados pela HAL. Pessoas-chave dentro do Ministério da Defesa disseram: “Apesar do que dizem, o ministério não tem pressa em concluir as negociações. A Dassault tem que aceitar o compromisso mencionado no RFP.”

Fontes do jornal também disseram que os representantes da Dassault India têm se recusado repetidamente a se reunir com autoridades do ministério, o que pode ser  visto como uma mensagem da empresa francesa sobre o posicionamento firme da Índia sobre esse assunto. Outra fonte dentro do ministério disse que o acordo de divisão da produção com a HAL também está travado.

FONTES: Economic Times (também fotos, em caráter meramente ilustrativo) e The New Indian Express (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês)

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