Relatório canadense mostra que competidores do F-35 têm capacidade equivalente
Segundo relatório apresentado na Câmara dos Comuns, F-35, Typhoon, Rafale e Super Hornet têm poucas diferenças na capacidade de cumprir a grande maioria das missões previstas na Força Aérea Real Canadense, com exceção de um ‘conflito no estado da arte’
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Reportagem do jornal Ottawa Citizen publicada na quarta-feira, 10 de dezembro, trouxe a notícia de que relatório de comissão governamental canadense apontou que há poucas diferenças, para a grande maioria de missões que deverão cumprir, entre os caças F-35 e seus três competidores para substituir a atual frota de caças do Canadá.
O relatório, há muito aguardado e apresentado na Câmara dos Comuns na quarta-feira, mostra que a única exceção seria uma guerra contra outro país, evento que o mesmo considera “bastante improvável” de ocorrer no futuro e que, ainda assim, “o governo não é obrigado a cumprir uma missão desse tipo.”
Espera-se que essas conclusões levantem uma nova leva de debates amargos na Câmara dos Comuns e nos círculos de defesa, a respeito do governo dever ou não seguir em frente com a compra do F-35. Em especial, os críticos da compra provavelmente usarão o relatório como prova de que o F-35 não é o único caça capaz de atender às necessidades do Canadá, e que uma competição justa e aberta é a única forma de garantir o melhor avião pelo melhor preço. Há três anos, quando o auditor geral Michael Fergunson apontou problemas na forma do governo lidar com o programa de aquisição do caça furtivo F-35, a administração conservadora apertou o botão de “reset” para o negócio.
Pessoal do ministério da Defesa, supervisionados por um painel independente de especialistas, passaram um ano reexaminando o F-35 da americana Lockheed Martin e outros três caças, o Super Hornet da também americana Boeing, o Rafale da francesa Dassault e o Typhoon do consórcio europeu Eurofighter. Eles buscaram determinar se as aeronaves poderiam substituir, adequadamente, a frota atual de caças CF-18 Hornet da Força Aérea Real Canadense.
Foram produzidas duas versões do relatório, uma para o governo, com detalhada análise das capacidades dos aviões, e uma versão para o público liberada na quarta-feira, em que foram retiradas informações sensíveis de natureza comercial.
O relatório identifica seis missões que o próximo caça do Canadá deverá cumprir, que incluem a defesa do espaço aéreo canadense, participação em missões ar-solo como as realizadas no recente conflito na Líbia, resposta a ataque terrorista e assistência em emergências humanitárias ou desastres naturais.
Segundo o relatório, historicamente as missões domésticas e do Norte da América representaram pelo menos 90% do trabalho feito por caças canadenses, sendo que “80% das missões voadas pela frota estão relacionadas à capacidade de proteger o espaço aéreo canadense de voos intrusos”. O relatório acrescentou que “essa função é prevista para continuar a ser o mais importante papel para a capacidade de caça canadense.”
Todas as quatro aeronaves analisadas são capazes de proteger o espaço aéreo canadense e realizar quatro das outras missões com risco mínimo, segundo o relatório, que também afirma: “Isso se deve ao fato de que a maioria dessas missões envolvem um nível relativamente baixo de ameaça e são menos onerosas para aviões de caça.”
A exceção é uma guerra com outro país, na qual alguns dos aviões estariam sob um risco maior que outros “devido ao nível mais alto de potenciais ameaças confrontando as aeronaves de caça nesse tipo de missão”, diz o relatório. Também há preocupações sobre outros países produzirem novas defesas de alta tecnologia.
O relatório não identifica, especificamente, qual dos quatro caças é o melhor ou o pior, apenas que pelo menos um deles enfrentaria riscos significativos numa guerra com outro país no período 2020-2030, e que pelo menos um enfrentaria altos riscos após 2030.
Os defensores do F-35, que incluem o governo conservador e autoridades de defesa, têm sugerido que ele é o único caça capaz de se contrapor a ameaças impostas por poderes militares avançados, devido às suas características furtivas. Porém, o relatório diz que “o engajamento do Canadá em futuros conflitos no estado da arte seria muito improvável”, e que o cenário mais esperado seria uma combinação de guerra com assistência humanitária, como vem ocorrendo no Iraque. Ao mesmo tempo, o relatório destaque que, ao contrário da proteção do espaço aéreo canadense, a participação do país em intervenções militares estrangeiras é algo que o governo pode escolher entrar ou não, levando em conta o fator de ter novos caças equipados para a missão.
A francesa Dassault, fabricante do Rafale, publicou pronunciamento no final da quarta-feira saudando o relatório, que para ela mostra “que todos os caças avaliados podem atender às missões da Força Aérea Real Canadense e trazer fortes benefícios econômicos para o Canadá.” O pronunciamento acrescentou que, “claramente, a única forma do Canadá prosseguir com a seleção de um novo caça é com uma competição total, aberta e transparente.”
O governo conservador, que já tem o relatório em mãos desde abril, não quis fazer declarações sobre os próximos passos, se serão uma concorrência aberta ou o prosseguimento da compra do F-35. A maioria dos analistas não espera uma decisão antes das próximas eleições federais, no ano que vem. O que o governo decidiu foi realizar uma modernização na frota de caças CF-18 para que operem até 2025, porém sem revelar o quanto essa atualização vai custar. Segundo o relatório, entretanto, o custo da mesma é de 400 milhões de dólares.
Enquanto isso, um outro relatório da indústria do país, também revelado na quarta-feira, diz que as quatro empresas estabeleceram planos para impulsionar a economia canadense, com empregos e outros benefícios, caso seus caças sejam escolhidos. O jornal trouxe a notícia, na terça-feira, de que um relatório separado da Defesa Nacional mostrou que, enquanto autoridades ainda esperam que o Canadá gaste cerca de 46 bilhões de dólares para adquirir e operar 65 caças F-35 até 2052, o custo da aeronave continua a crescer. O governo conservador impôs um envelope de orçamento de aquisição de 9 bilhões de dólares para as 65 aeronaves, quando o preço da compra subiu 266 milhões, ou 3%. A estimativa da Defesa é que seria necessário mais de 1 bilhão de dólares em fundos de contingência para proteção contra um dólar canadense mais fraco, inflação e cortes de encomendas de outros países.
FONTE: Ottawa Citizen (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Lockheed Martin, Boeing, Eurofighter e Dassault
NOTA DO EDITOR: os relatórios mencionados acima, nas versões originais em inglês liberadas na quarta-feira 10/12/2014, podem ser acessados no site do “National Fighter Procurement Secretariat” do Canadá, clicando aqui.
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