Penetração totalizou um quilômetro e durou 30 segundos, havendo envio de caça Gripen sueco que realizava missão nas proximidades e de caças de alerta, para identificar os jatos russos. Incidente gerou polêmica na Suécia

Segundo nota divulgada pelas Forças Armadas da Suécia em 19 de setembro, na quarta-feira passada dois jatos russos Su-24 violaram o espaço aéreo sueco ao sul de Öland, por um quilômetro. A violação ocorreu no meio do dia e durou cerca de 30 segundos. A nota informou que os jatos foram monitorados pelo radar e que um caça sueco, realizando outra missão nas vizinhanças, foi enviado, além de caças em alerta.

Os jatos russos foram identificados e, à tarde, as Forças Armadas enviaram um relatório sobre o incidente a autoridades do governo.

O incidente levou o Governo Sueco a fazer um protesto junto à Rússia pelo ministro das Relações Exteriores Carl Bildt, segundo reportagem do dia 20 de setembro do jornal sueco Expressen. O jornal acrescentou que não foi o primeiro do ano com esse tipo de aeronave russa. Essa informação foi confirmada por Bildt, que esclareceu que, no incidente anterior, o perfil do voo russo foi diferente, mantendo-se em rumo paralelo ao espaço aéreo sueco, eventualmente entrando neste por algumas centenas de metros. Na ocasião, esteve acompanhado por todo o tempo por um caça Gripen sueco.  Esse incidente anterior não foi considerado na ocasião tão sério quanto o mais recente, sendo classificado como um erro do piloto russo. Porém, em vista da repetição da invasão, o contexto ganha gravidade maior.

Esses incidentes estão levando a uma polêmica, na Suécia, sobre a preparação frente a essas ameaças russas. Em novembro do ano passado, bombardeiros russos realizaram diversos exercícios de ataque no Mar Báltico, porém sem violação ao espaço aéreo sueco. Caças Gripen acompanharam, a alguns quilômetros de distância, esses exercícios ao longo de toda a duração de duas horas dos mesmos, segundo o jornal. Porém, no segundo trimestre daquele ano, um exercício noturno similar foi realizado sem que houvesse acompanhamento de caças suecos, apenas de caças da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O jornal recebeu uma nota do porta-voz das Forças Armadas Suecas,  Phillip Simon, afirmando que a Força Aérea Sueca realiza contínuo monitoramento do espaço aéreo com radares em solo, afirmando também que há uma boa capacidade de alerta antecipado por meio desse controle em terra. Também foi informado que os caças Gripen em alerta decolaram e seguiram os jatos russos no ar, e que o evento foi documentado.

Em reportagem do dia 18, o jornal já havia noticiado o incidente, informando que o voo dos jatos russos foi feito ao longo da costa polonesa antes de fazerem uma curva e se dirigirem ao espaço aéreo sueco, ao sul de Öland, a baixa altitude. Uma fonte do jornal disse que, quando o alarme soou, um caça Gripen em missão de treinamento sobre o Báltico foi deslocado para identificar os intrusos, porém ainda sem acionamento dos caças de alerta. Estes só teriam chegado à área após os caças russos já terem dado meia-volta e se encontrarem  a meio caminho no Báltico, e essa demora nas ações teriam sido causadas por um erro de julgamento na cadeia de comando.

reportagem do dia seguinte trouxe opiniões de autoridades e políticos de que o incidente teria mostrado que o sistema de defesa sueco é sólido e que desempenhou a contento, sendo ressaltado que,  imediatamente após a rápida invasão ter sido respondida pelo envio de caças Gripen de alerta para a perseguição, os jatos russos deram meia-volta rumo a Kaliningrado, rumo confirmado pelo fato de terem sido, depois, interceptados por caças da OTAN.

A matéria também informou que essa última violação do espaço aéreo, na visão de autoridades suecas, não foi considerada algo fortuito, e sim uma forma dos russos testarem a prontidão da Suécia. O jornal trouxe a opinião de autoridades e políticos que defendem a continuidade dos investimentos em defesa, com mais injeção de recursos, criticando o desejo do Partido Verde local de reduzir o orçamento militar. Essa última violação por jatos russos está sendo considerada mais séria do que anteriores, com uma escalada de incidentes, ao passo que a Embaixada Russa declarou que não vai comentar o assunto.

FONTES / FOTOS: Forças Armadas da Suécia e Expressen  (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em sueco)

Fotos em caráter meramente ilustrativo

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