Brasil lança com sucesso primeiro foguete nacional com combustível líquido
Movido a etanol, VS-30 coloca o país no grupo que domina tecnologia própria para veículos espaciais
–
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, realizou com sucesso o lançamento do foguete VS-30 V13. O voo do veículo que teve como carga útil ativa um motor L5 movido a combustível líquido ocorreu às 23 horas e 02 minutos desta segunda-feira (1/9).
Este foi o 13º voo do VS-30 e durou 3 minutos e 34 segundos, até que o veículo alcançasse a área de segurança prevista.
Clique aqui para acessar arquivo em mp3 com a entrevista e entender as vantagens do combustível líquido em relação aos propulsores sólidos.
Durante o voo também foram feitas a coleta de dados para estudos de um GPS de aplicação espacial desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e de um dispositivo de segurança para veículos espaciais, concebido no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).
De acordo com coordenador, o lançamento previsto para ocorrer na última sexta-feira (29) foi adiado para que as equipes verificassem um problema de pressurização no sistema de abastecimento do veículo. “Após os ensaios realizados no final de semana, decidimos transferir as atividades para o período da tarde desta segunda, culminando com o lançamento noturno a fim de solucionar dificuldades de abastecimento do Estágio Propulsivo Líquido (EPL) com oxigênio líquido. Não tenho dúvidas de que tiramos lições importantes com esta operação e que colocamos o Brasil num rol de países que detém tecnologia própria para operar veículos espaciais movidos a propelente líquido”, explica o Coronel Santana Júnior.
Operação Raposa – A Operação Raposa, iniciada no último dia 12 de agosto, é financiada pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e contou com o apoio de esquadrões de transporte de carga e pessoal, helicópteros e patrulha marítima da Força Aérea Brasileira (FAB).
O IAE é o responsável pelo fornecimento, integração e treinamento das equipes no que se refere ao veículo, incluindo a carga-útil EPL L5 e o sistema de transmissão de dados. A Orbital Engenharia é responsável pelo Sistema de Alimentação Motor Foguete (SAMF) e pela integração das redes elétricas, juntamente com a equipe do IAE. A coordenação geral da operação é de responsabilidade do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
O Centro Aeroespacial Alemão (DLR) participou da operação com trabalhos de coleta de dados em voo por meio de uma estação móvel de telemetria. O CLA se responsabiliza pelo lançamento, rastreio, coleta de dados, segurança de superfície e voo. Outra participação importante é do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) que responde pela verificação da calibração dos instrumentos.
A Marinha do Brasil (MB) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) realizaram a interdição do tráfego marítimo e aéreo na região, respectivamente, condição importante para o sucesso da operação.
FONTE / FOTOS: FAB