FAE – Força Aérea Eleitoral
Uso dos jatos da FAB pelos ministros quase dobra durante a campanha, o que contraria a cartilha que recomenda preservar a máquina pública nas eleições
Josie Jeronimo
O ministro da Agricultura, Neri Geller, é um dos adeptos dessa prática. Matogrossense, ele pediu ajuda à FAB no mês de julho para cumprir oito agendas fora de Brasília. Metade dos compromissos se concentrou em Cuiabá e Sinop, região onde atua seu padrinho político, o senador licenciado Blairo Maggi (PMDB). No dia 31 de julho, Geller deixou Brasília com destino à capital do Estado, acompanhado de uma comitiva de seis pessoas. O grupo foi prestigiar a Expoagro, feira organizada pelos principais empresários do agronegócio de Mato Grosso. Depois da aparição pública na feira, o ministro se fechou em reuniões com o PP e o PDT. Geller aproveitou para pedir votos. “O PP está conosco na esfera federal. Queremos esse apoio também aqui em Mato Grosso”, afirmou após os encontros políticos.
Em alguns casos, as autoridades utilizam a aeronave da FAB para visitar obras que não pertencem às suas pastas. Um exemplo é a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos. Na noite do dia 2, ela pegou um avião da FAB e foi a Joinville (SC) inaugurar na tarde do dia seguinte um empreendimento do Minha Casa Minha Vida. Estava cercada de candidatos aliados. No dia 4 de julho, em uma viagem a Palmas (TO), ela posou ao lado de políticos para fotos de “santinhos”. Na ocasião, ela permitiu o registro de imagens no momento em que entregou a chave de um automóvel comprado com recursos federais ao candidato a governador Ataídes Oliveira (PROS), integrante da coligação que apoia a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Ignorando a cartilha da AGU, Ideli aproveitou a entrega do carro para elogiar Oliveira. “A solicitação de Ataídes é de muita importância para o Tocantins”, discursou.
Outros exemplos ajudam a explicar como os gastos de junho e julho com combustível dos aviões da Força Aérea chegaram a R$ 283 milhões – R$ 22 milhões a mais que no mesmo período de 2013. No dia 30 de junho, o ministro da Pesca, Eduardo Lopes, estava no Rio e solicitou um avião da FAB. De lá, voou com outras oito pessoas para São Paulo, onde participou da convenção do PRB, partido ao qual é filiado. ISTOÉ entrou em contato com a assessoria dos ministros citados nesta reportagem, mas as pastas não deram explicações sobre a agenda política. Com tantas viagens, fica mais difícil encontrar os ministros em Brasília.
FONTE: Isto É
COLABOROU: Henrique CO