Obama autoriza ataques aéreos limitados ao Iraque
Ataques já teriam começado nesta noite para proteger envio de ajuda a minorias cercadas por militantes islâmicos, segundo fontes locais. Presidente dos EUA afirmou que não quer ver país arrastado a outra guerra no Iraque, e presidente francês também quer apoiar as forças que combatem o grupo ISIS*
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Nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama disse que autorizou as forças militares dos EUA a conduzir ataques aéreos a militantes islâmicos do grupo ISIS*, caso eles se movam para tomar Erbil, no Iraque, o que colocaria sob ameaça cidadãos americanos e pessoal militar na localidade. Obama também informou que aeronaves militares dos EUA lançaram comida e água a cerca de 40.000 iraquianos cercados pelos militantes islâmicos no topo de uma montanha no norte do Iraque.
A pedido do governo iraquiano, Obama autorizou os ataques aéreos para ajudar os esforços de envio de assistência humanitária a cidadãos do Iraque, a maior parte pertencentes a minorias religiosas presas no topo da montanha, ameaçadas de um massacre. “Eu penso que os Estados Unidos não podem ficar de olhos fechados”, disse o presidente, que também afirmou: “Não vou permitir que os Estados Unidos seja arrastado para lutar outra guerra no Iraque.”
As pessoas presas no topo da montanha estariam sujeitas a tratamento “bárbaro” pelo ISIS, sendo ameaçadas de execução em massa, que “poderiam constituir um genocídio”, disse Obama, acrescentando que as opções enfrentadas pelas minorias religiosas cercadas são “descer a montanha e serem massacrados ou ficar para morrer lentamente de sede e fome” e que “hoje, a América está indo ajudar”. Os ataques aéreos marcariam um ponto de virada na estratégia de Obama para o Iraque.
Fontes curdas e iraquianas disseram que os ataques começaram nesta noite de quinta-feira em cidades do norte do Iraque cercadas pelo ISIS, mas o Pentágono negou que uma campanha de bombardeio tivesse começado, dizendo que possivelmente aliados dos EUA, como militares do Iraque e da Turquia, tenham realizado o bombardeio.
Assim que Obama autorizou o lançamento de ajuda humanitária, autoridades revelaram que ataques aéreos poderiam acontecer, para proteção dos lentos C-130 que precisam lançar suas cargas de remédios e comida voando entre 500 e 1.200 pés. Apesar de não haver sinais de que o ISIS possui mísseis superfície-ar, esses militantes possuem metralhadoras que podem atingir as aeronaves nessa altitude, tornando necessário o uso de poder aéreo de forma defensiva, para prevenir ataques aos aviões de transporte.
Caso receba ordens, a Força Aérea dos EUA (USAF) poderá empregar tanto drones quanto caças F-16 já desdobrados na região, enquanto a Marinha (USN) poderia empregar caças F-18. Porém, uma coisa é utilizar o poder aéreo para defender uma operação humanitária, e outra é realizar ataques ofensivos ao ISIS no norte do Iraque, levando a um maior envolvimento americano no conflito. Há preocupação, também, de que a ofensiva ISIS se volte aos Curdos.
Desde que militantes sunitas e o ISIS tomaram em 10 de junho a segunda maior cidade iraquiana, Mosul, houve temores de que Bagdá seria o próximo alvo, mas o grupo concentrou-se para empurrar os Curdos de volta a áreas em que os sunitas também vivem, na fronteira entre o Curdistão e a província de Nineveh. Uma autoridade curda disse numa entrevista que as tropas curdas já recuaram na expectativa de que haveria ataques aéreos da Turquia ou dos EUA. O presidente francês François Hollande deseja que a França apoie as forças que combatem os grupos militantes.
FONTE: New York Times (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTOS: USAF e USN (em caráter meramente ilustrativo)
*NOTA DO EDITOR: ISIS é a sigla em inglês para “Islamic State in Iraq and Syria” (Estado Islâmico no Iraque e Síria), também conhecido pela sigla ISIL, “”Islamic State in Iraq and the Levant”, aportuguesada para EIIL, significando Estado Islâmico no Iraque e no Levante. Mais do que um grupo jihadista, o ISIL pode ser considerado um novo estado instituído em parte do Iraque, com capital em Mosul, como um califado. Os fatores que levaram ao seu surgimento e suas conquistas naquela região, na esteira da retirada americana, estão entre os assuntos abordados na próxima edição (número 11) da revista Forças de Defesa.