Rafale na Índia: nova reunião para negociações finais do contrato

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Novos encontros de negociação foram marcados para os dias 17,18 e 19 de julho, na Índia, e mais de 50% do contrato e dos acordos intergovernamentais já estariam finalizados, segundo jornal indiano

Reportagem do jornal Times of India publicada na quarta-feira, 16 de julho, trouxe a notícia de que os indianos, sem fazer alarde, continuam nas negociações finais para a aquisição de 126 caças Rafale do fabricante francês Dassault, apesar das últimas tentativas de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha e Suécia voltarem ao programa que tem custo estimado em 20 bilhões de dólares.

Segundo fontes do Ministério da Defesa, uma nova reunião de um subcomitê (que faz parte do comitê de negociação do contrato – CNC) de representantes do ministério, da Força Aérea Indiana, da Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO) e da estatal indiana de aeronáutica HAL (Hindustan Aeronautics Limited), estava marcada para o período 17-19 de julho, em Bangalore (Índia) com as empresas francesas lideradas pela Dassault Aviation.

Como já relatado pelo jornal no mês passado, as complexas negociações finalmente atingiram um estágio em que podem ser terminadas nos próximos três meses, com mais de 50% do contrato e do acordo intergovernamental já finalizados. Quando esse processo terminar, será a vez da aprovação política no Comitê de Segurança do Gabinete (CCS), que precederá a assinatura do contrato, disse uma fonte.

Assim que o projeto for finalizado, os primeiros 18 caças (a serem fabricados na França pela Dassault) terão que ser entregues à Força Aérea Indiana entre 36 e 48 meses, com os restantes 108 a serem produzidos pela HAL ao longo dos sete anos seguintes, com transferência de tecnologia.

Conforme o fim das negociações se aproxima, muita poeira foi levantada por rivais da empresa francesa, eliminados da competição após avaliações comerciais e técnicas exaustivas realizadas desde o início do programa chamado MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio), em agosto de 2007. Na semana passada o secretário do Exterior da Grã-Bretanha, William Hague, fez lobby para o Eurofighter Typhoon durante visita à Índia, aeronave que é fruto de uma parceria de seu país com a Alemanha, a Itália e a Espanha. A própria Alemanha também teria renovado seus esforços para vender o Typhoon, assim como os Estados Unidos para promover uma volta dos caças F/A-18 Super Hornet e F-16 Super Viper à competição, no contexto da futura viagem do primeiro-ministro indiano Narendra Modi a Washington, em setembro.

Porém, o Ministério da Defesa tem deixado claro que não há caminho de volta para o programa MMRCA, segundo uma fonte do jornal. Ou o programa se concretiza com a assinatura do contrato do Rafale, ou é cancelado, após uma década de trabalhos, para a abertura de uma nova concorrência, com um novo pedido de propostas (RFP).

O acordo para compra do Rafale vem sendo atacado sob o argumento de que se mostrará exorbitante. A questão é que o único outro caça que chegou à avaliação final após diversos testes, o Eurofighter Typhoon, mostrou-se muito mais caro do que o Rafale tanto para aquisição quanto nos custos de manutenção ao longo do ciclo de vida, levando à escolha do caça francês em janeiro de 2012.

Com a Força Aérea Indiana contando com 34 esquadrões de caça, 10 a menos do que os 44 necessários, o MMRCA tornou-se a mais alta prioridade que a força defende junto ao governo Modi. Isso porque o avião de combate leve Tejas, que ainda precisa receber sua certificação operacional final após 30 anos de desenvolvimento, não pode cumprir o papel de caça médio multitarefa. O MMRCA tem como requisitos três vezes o alcance e capacidade de transportar armas do que o Tejas, o que é crítico quando se leva em conta um eventual conflito com a China.

FONTE: Times of India (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Dassault e Força Aérea Francesa

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