Avião com 295 pessoas a bordo ‘é atingido por míssil e cai’ na Ucrânia

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A empresa aérea Malaysia Airlines confirmou ter perdido contato com uma aeronave com quase 300 pessoas a bordo que estava sobrevoando a região leste da Ucrânia. Grupos separatistas e o Exército ucraniano estão em conflito há semanas nesta mesma região. Um conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia disse que o avião, um Boeing 777, foi atingido por um míssil – embora isso não tenha sido confirmado de forma independente. O avião estaria fazendo a rota entre Amsterdã e a capital malaia, Kuala Lumpur, quando teria caído na região entre as cidades de Donetsk e Lugansk, que são controladas por rebeldes pró-Rússia.

Segundo relatos, o voo MH17 viajava de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia, e desapareceu dos radares quando sobrevoava a região de Donetsk, às 16h20 do horário local (9h20 no horário de Brasília). Equipes de resgate estão tentando chegar ao local, segundo a agência de notícias russa Interfax.

O correspondente da BBC em Moscou, Oleg Boldyrev, diz que relatos não confirmados dão conta de que pessoas teriam visto destroços na área onde o avião teria caído na Ucrânia. Ele diz ainda que investigações sobre o que poderia ter acontecido seriam um “pesadelo” para as autoridades, por causa das tensões na região.

A queda do Boeing acontece depois que o governo ucraniano acusou a Rússia de derrubar um caça ucraniano que não havia adentrado o espaço aéreo russo. O correspondente da BBC em Moscou Daniel Sandford diz que a área na qual o avião teria caído fica no centro da área controlada por rebeldes anti-Kiev.

Separatistas pró-Rússia em Donetsk negaram à agência Interfax que tenham derrubado o avião da Malaysia Airlines. “O avião foi derrubado pelo lado ucraniano. Simplesmente não temos sistemas de defesa aérea desse tipo”, disse o porta-voz Sergey Kavtaradze à agência. O correspondente de Defesa da BBC Jonathan Beale diz que “atingir um avião a 10.000 metros de altura requiriria um míssil terra-ar de longo alcance possivelmente guiado por radar”. Segundo a Interfax, o departamento de imprensa do governo ucraniano afirma que as Forças Armadas ucranianas não estão envolvidas na queda do avião.

 

 

O correspondente da BBC em Moscou, Oleg Boldyrev, disse que os rebeldes não tem equipamentos sucateados. O que eles tem é equivalente ou até ultrapassa a capacidade do governo ucraniano. Segundo Boldyrev, relatos dão conta de que os rebeldes tem até mesmo caças que teriam trazidos da Criméia e que a possibilidade de terem abatido o avião não deve ser excluída.

Testemunhas

“Eu estava trabalhando no campo com o meu trator quando ouvi o barulho de um avião e então uma explosão e tiros. Então eu vi o avião bater no chão e quebrar em dois. Tinha muita fumaça preta”, disse uma testemunha que se identificou apenas como Vladimir à Reuters. Um rebelde separatista da localidade próxima de Krasni Luch que se identificou apenas como Sergei disse: “Da minha varanda eu vi o avião começando a descer de uma altitude muito grande e então escutei duas explosões”. Ele negou que os rebeldes tenham derrubado o avião.

“Isso somente poderia acontecer se fosse um caça ou um míssil terra-ar (que tenha abatido o avião de passageiros)”, disse ele.

Alerta entre empresas aéreas

Após o acidente, a companhia aérea alemã Lufthansa decidiu passar a evitar o espaço aéreo no leste da Ucrânia, onde ocorreu o acidente e onde são realizados combates separatistas. A medida tem efeito imediato, segundo a Reuters, mas a empresa por enquanto continuará servindo os aeroportos de Kiev e Odessa.

As empresas Virgin e Transaero anunciaram a mesma medida, assim como a companhia aérea russa Aeroflot, a Turkish, da Turquia, a Air France, da França, a italiana Alitalia e a holandesa KLM, que disseram que evitarão o espaço aéreo ucraniano.

“A Air France está monitorando a situação em tempo real e decidiu não voar mais sobre o leste ucraniano após ser informada do incidente”, disse um porta-voz da empresa.

A Administração Federal de Aviação dos EUA havia alertado as companhias americanas a evitarem a área desde 4 de abril.

Autoridades
Segundo a agência russa “RT”, o presidente russo, Vladimir Putin, informou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre a queda imediatamente após as primeiras notícias, em uma conversa telefônica. O Kremlin e a Casa Branca ainda não se pronunciaram sobre a possibilidade de o avião ter sido derrubado.

Putin expressou suas “sinceras condolências” ao primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, que se disse chocado com o ocorrido. “Eu estou chocado com as informações sobre queda de um avião da MH. Nós estamos lançando uma investigação imediata”, disse Razak em sua conta no Twitter. MH é o código usado para a companhia Malaysia Airlines.

Segundo a agência de notícias Reuters, a Casa Branca afirma que o presidente Barack Obama enviou oficiais americanos para “manter contato próximo” com oficiais ucranianos nas investigações sobre a queda do avião.

O premiê da Holanda, que estava em Bruxelas, anunciou que está retornando para seu país após a queda do avião. “Estou profundamente chocado com as dramáticas informações da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines”, afirmou.

Se as mortes a bordo do MH17 forem confirmadas, será a segunda tragédia envolvendo a Malaysia Airlines neste ano, após o desaparecimento do voo MH370, em março, com 227 passageiros e 12 tripulantes – um dos maiores mistérios da história da aviação.

FONTE: BBC Brasil

Atualizado até 15:50 – 17-07-2014

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