Fontes da Reuters dizem que Canadá comprará o F-35 sem concorrência

20

 

Revisão das necessidades do Canadá concluiu, segundo fontes familiarizadas com o processo, que o governo canadense descartará uma nova competição e prosseguirá com a compra do F-35, sem abrir concorrência para outros caças

Na quinta-feira, 5 de junho, a Reuters publicou reportagem exclusiva assinada por Andrea Shalal, trazendo informações de fontes familiarizadas com o processo de avaliação de caças realizado pelo Canadá. Segundo a reportagem, o país deverá prosseguir no caminho de aquisição de 65 jatos F-35 da Lockheed Martin, marcando uma grande renovação da frota canadense de caças e ajudando a manter contidos os custos desse caro programa de defesa.

Uma análise  das necessidades de caças do Canadá, que durou 18 meses, concluiu que o governo deverá descartar uma nova competição e prosseguir com o programa de 9 bilhões de dólares canadenses (8,22 bilhões de dólares americanos ou 18,65 bilhões de reais) para aquisição do F-36, segundo as fontes.

A decisão ainda precisa ser finalizada pelo gabinete do primeiro ministro Stephen Harper, que deverá enfrentar grandes críticas da oposição, preocupada com o fato do contrato ser concedido sem uma competição aberta, questões que já foram levantadas há dois anos e adiaram a compra: em 2010, a aquisição de 65 exemplares foi anunciada, mas no final de 2012 ela foi adiada após uma auditoria oficial ter concluído que as autoridades canadenses subestimaram enormemente os custos de manter e operar os jatos.

Com isso, o governo canadense lançou um exame “multi-agências” para determinar a compra do F-35 ou a abertura de uma nova competição. A revisão, segundo as fontes (não autorizadas para falar em público), concluiu que o F-35 é o único caça que atende às necessidades do governo.

Um porta-voz do governo Harper disse que não há nada a anunciar ainda. Porém, ainda segundo as fontes da Reuters, a expectativa seria de que a recomendação de compra leve a uma aprovação formal do negócio, com apoio de Harper e de membros-chave do gabinete. Também se espera que um painel independente de quatro membros, especialistas, corrobore o processo nas próximas semanas e faça a recomendação para compra do F-35, disseram as fontes.

Opositores como o “Novo Partido Democrático” (New Democratic Party) alegam que a revisão está envolta em segredos e foi planejada para dar cobertura à decisão original de comprar o F-35, e também que o processo não é transparente nem adequado aos processos públicos de concorrência do país, que não combinam com a escolha de uma fonte única.

Essa compra canadense significaria a sexta maior, feita por um país, no programa do F-35. O desenvolvimento do caça, com custos crescentes, levou a temores de uma “espiral da morte” na qual países cortariam encomendas, aumentando o custo dos exemplares remanescentes e levando a mais cancelamentos. O Canadá se tornaria o 11º país a comprar o F-35, sendo também um dos nove parceiros originais do programa, com contribuição de 150 milhões de dólares para seus custos de desenvolvimento.

Recentemente, o Pentágono estimou o preço médio unitário do F-35 em 139 milhões de dólares, o dobro da estimativa de 2001, embora tenha afirmado que os custos projetados de operação e manutenção caíram 9% em relação a estimativas anteriores. Segundo as fontes da Reuters, a recomendação para compra do F-35 deve-se, em parte, ao fato dos custos unitários do caça ter diminuído recentemente. Outros fatores a influenciar a recomendação teriam sido a decisão do Japão, da Coreia do Sul e de outros países adquirirem o F-35, além da recente aquisição russa da Crimeia e as tensões geradas na Europa, EUA e Canadá. Ainda disseram que empresas canadenses podem ganhar 11 bilhões de dólares em negócios potenciais ligados ao programa do caça.

Um dos relatórios da revisão teria mostrado que um novo processo de aquisição levaria três anos para ser completado, o que forçaria a Força Aérea Real Canadense a gastar cerca de 20 milhões de dólares em cada um de seus caças CF-18 Hornet, para mantê-los voando.

Essa revisão significará más notícias para outros fabricantes de caças interessados numa concorrência canadense, como a Boeing, que procura urgentemente novas encomendas para manter aberta, para além de 2016, a linha de montagem do F/A-18 Super Hornet. A Boeing alega que seu caça custará muito menos para o Canadá comprar e operar. Outros concorrentes seriam o francês Dassault Rafale e o Typhoon, do consórcio europeu Eurofighter.

FONTE: Reuters (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Lockheed Martin, Boeing, Dassault e Eurofighter.

VEJA TAMBÉM:

wpDiscuz