O F-35 não pode escapar dos novos radares russos (… e chineses também)
Bill Sweetman
O F-35 Joint Strike Fighter – o caça furtivo que será a ponta de lança da aviação tática do Pentágono – está tendo todos os tipos de deficiências. Porém, a mais grave delas pode ser o fato de que o JSF não seja furtivo aos olhos de um crescente número de radares russos e chineses. E ele também não é particularmente bom em “jamear” radares inimigos. O que significa que o Departamento de Defesa está a comprometer centenas de bilhões de dólares num caça que vai precisar da ajuda de aeronaves de interferência especializadas que também protegem aviões não furtivos.
Esses problemas não são um segredo. O F-35 é suscetível a detecção por radares que operam nas faixas VHF do espectro. A capacidade de “jamear” do caça está restrita à banda X do radar APG-81. Isto não são críticas ao programa, mas o resultado de escolhas feitas pelo cliente, o Pentágono.
Dizer que o F-35 é furtivo no espectro VHF é como argumentar que o céu não é azul, literalmente, pois ambos envolvem o mesmo fenômeno. O físico da fase final da era Vitoriana, Lord Rayleigh, deu o seu nome à forma que a radiação eletromagnética se espalha por objetos que são menores do que o comprimento de onda. Isto aplica-se às partículas do ar que dispersam a luz solar, e estabilizadores de aviões e pontas de asas, que são aproximadamente do mesmo tamanho de ondas métricas da classe do VHF.
Os atributos “anti-furtivos” do VHF são de conhecimento público há décadas. Eles eram conhecidos no início dos estudos sobre furtividade, em 1983, quando o Laboratório Lincoln do MIT simulou um radar de alerta VHF russo P-14 Oborona VHF usando um radar de 150 pés. A divisão de Fort Worth da Lockheed Martin, fabricante do F-35, deve conhecer esse radar: foram eles construíram.
Fazer um avião furtivo às ondas VHF começa com a remoção de cauda, como nos bombardeiros B-2. Mas não se sabia como fazer isso em um avião supersônico ágil (como o F-35 supostamente deveria ser), quando as especificações do JSF foram escritas.
Nem a tecnologia para adicionar interferência de banda larga ativa para uma aeronave furtiva existia em 1995. Mas naquela época existia um óbvio e insolúvel (para a época) problema: para “jamear” você precisa ter certeza de que um radar o detectou. Caso contrário, a ação de “jamming” revelará sua presença e você será identificado como uma aeronave furtiva, já que o adversário pode ver um sinal, mas não uma reflexão.
Podemos ter certeza de que o “jamming” a bordo do F-35 não foi adicionado desde então. Se os requisitos do JSF fossem ajustados por um milímetro desde o início do programa, seus defensores estariam culpando isto pelos atrasos e derrapagens.
O que o JSF tem é uma função “jamming”, também conhecida como “ataque eletrônico”, ou EA, em seu radar. Ele também tem uma “isca” ALE-70. Ambas são medidas de última hora para interromper um engajamento de mísseis, não para evitar rastreamento.
Os planejadores do JSF em meados da década de 1990 estavam perto do correto quando eles calcularam que furtividade de banda baixa e limitada EA, combinadas com vigilância eletrônica passiva para a consciência situacional, seriam adequadas quando a aeronave entrasse em serviço. Mas eles esperavam que oF-35 chegasse aos esquadrões em 2010, e a modernização militar da China não era prevista.
As ameaças do final da década de 2010 serão qualitativamente diferentes. Velhos radares VHF poderiam ser suplantados, quebrando a cadeia de destruição entre a detecção e rastreamento. Radares do tipo AESA (varredura eletrônica ativa), radares VHF de alta potência e rastreadores de ondas centimétricas e decimétricas são inimigos mais tenazes.
Em agosto passado, em um show aéreo perto de Moscou, eu falei com os projetistas de um novo sistema de radar “anti-furtividade”, altamente móvel, que está sendo entregue para as forças armadas russas. Sua peça central é uma grande antena de 100 pés AESA VHF totalmente digital, mas também incorpora poderosos radares de alta frequência que podem rastrear alvos pequenos após a detecção pelo radar VHF. Mais recentemente, no entanto, verificou-se que a Marinha dos EUA está preocupada porque os novos navios de guerra chineses carregam radares de busca VHF Tipo 517M, que, segundo o fabricante, é do tipo AESA.
Nada disso aponta para a morte da furtividade, mas não é razoável esperar que o jogo de gato-e-rato de detecção e evasão em combate aéreo parou, ou que parará. Guerra Eletrônica e furtividade ainda não coexistem muito confortavelmente na mesma plataforma, mas EA e discrição são sinérgicos: quanto menor o alvo, menos poder de interferência será necessário para mascará-lo.
Mas a agilidade demonstrada pela ameaça leva à lição de que não há um vencedor neste jogo de movimentos de radar. A dependência excessiva de um único projeto não é uma boa ideia, e usar sigilo fictício para reprimir o debate é ainda pior.
FONTE: The Daily Beast (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês)
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