Futuro do AASM, arma de destaque do Rafale, pode estar em outro caça

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Sem novos pedidos franceses e com exportações do Rafale demorando a se concretizar, arma de destaque do caça francês poderá ter produção finalizada em 2016. Solução seria integrar o AASM ao Mirage 2000, caça que é operado fora da França e poderia gerar encomendas externas do armamento

Neste ano, pode ser decidido o futuro do AASM, arma guiada ar-solo modular, ou míssil guiado, que equipa o caça Rafale. Trata-se de uma joia tecnológica, bastante cara (mais de 170.000 euros cada), mas que se provou especialmente no conflito da Líbia. Porém, desde então os cortes do programa militar francês de 2014-2019 não geraram novas encomendas, havendo risco da França perder o conhecimento tecnológico na área.

Inicialmente, a Força Aérea Francesa planejou adquirir 4.200 exemplares do armamento, o que foi reduzido para 1.748 devido a questões orçamentárias. No atual ritmo de produção de 18 AASM por mês e levando em conta a quantidade já produzida, o último exemplar deverá deixar a fábrica  Sagem de Montluçon, em Auvergne, em maio de 2016. Isso traria impactos para 100 empregos locais e um pouco mais na região de Paris.

Com as atuais perspectivas de exportação do Rafale (ao qual a arma está integrada) à Índia e Qatar não parecem favorecer grandes volumes de AASM para clientes externos, a solução poderia ser a abertura de outras oportunidades para o míssil. Em outras palavras, integrá-lo a outras aeronaves.

Para isso, há um programa de integração ao F-16 da Lockheed Martin, com planos para testes em algumas semanas. Porém, o projeto vem sendo conduzido de forma discreta e lenta. 

A solução mais natural seria integrar a arma ao Mirage 2000, já que testes foram conduzidos com sucesso há cinco anos. Dada a quantidade de Mirage 2000 ainda em serviço no mundo, seria uma oportunidade interessante para exportação do AASM. Pelo menos um país já demonstrou interesse, o Peru.

Mas a pergunta é: quem vai pagar a integração? Dependendo das adaptações necessárias, a conta pode ser de algumas dezenas de milhares a duas centenas de milhões de euros. No caso dos Mirage F1 do Marrocos, prevaleceu a versão “leve”. A conta será paga pela Safran, pelo cliente ou pelo Estado? Provavelmente, uma mistura dos três.

Porém, ainda é preciso saber como vai se comportar a esse respeito a Dassault, fabricante do Rafale. A Dassault já mostrou objeções a integrar uma arma sofisticada como o AASM a um competidor do Rafale em exportações, no caso, o F-16. Será que ela pensaria da mesma forma quanto ao Mirage 2000?

Uma decisão precisa ser tomada neste ano para que o AASM tenha uma perspectiva industrial que vá além do Rafale. Se for encontrada uma solução, que se espera para o médio prazo, a Safran passará o papel de principal contratante à MBDA, na qual deverão se concentrar todos os programas de mísseis na França.

FONTE: Les Echos (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)

FOTOS: Força Aérea Francesa e Dassault

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