Governo Sueco quer mísseis de cruzeiro nos novos caças Gripen

25

A ministra da Defesa da Suécia, Karin Enström, disse à Rádio Sueca (Swedish Radio News) que mísseis de cruzeiro deverão aprimorar a capacidade de defesa do país: “Isso significará um alcance maior e maior capacidade para atingir alvos distantes. A capcacidade de alta precisão também deverá ter um efeito de dissuasão.” O governo sueco quer equipar os novos caças Gripen com mísseis de cruzeiro de alta precisão, que podem atingir alvos em outros países.

Sobre o assunto, um analista de defesa opinou à Rádio Sueca que eventos recentes aceleraram o planejamento sobre como armar os novos caças. Mais cedo, nesta semana, a aliança de centro-direita do governo apresentou novas propostas para fortalecer a defesa da Suécia, incluindo armas ar-solo de longo alcance e alta precisão, ou seja, um tipo de míssil de cruzeiro que possa ser empregado na nova geração do Gripen.

No longo prazo, isso daria à Suécia a capacidade de se defender à distância em caso de um ataque estrangeiro, mas o principal objetivo com a aquisição desse tipo de arma é o efeito dissuasivo. Segundo o tenente-coronel Johan Hansson, “isso mostra para um potencial oponente que poderemos retaliar à distância, e por isso acreditamos que terá um efeito dissuasivo.”

Mísseis aerotransportados atuais podem voar por apenas 5oo quilômetros, o que é metade do alcance de novos modelos, que também podem causar danos significativos a alvos como portos e pistas de pouso. O fato de que Rússia, Finlândia e outros países da região do Báltico estão investindo nesse tipo de armas significa, para as Forças Armadas Suecas, que as unidades militares da Suécia poderiam em breve ser descobertas e eliminadas a grandes distâncias, e por isso o país precisa se equiparar às capacidades dos demais.

Porém, mísseis de cruzeiro são controversos, não apenas porque podem ser utilizados para ataques a alvos em outros países. No início do ano, o ministro das Relações Exteriores da Suécia, Carl Bildt, disse que mísseis de cruzeiro nunca foram relevantes para a defesa sueca. Já a ministra da Defesa, Enström, defende as novas diretrizes, afirmando que no longo prazo a capacidade de atingir alvos distantes pode ser importante, sendo também crucial levar em conta que futuros conflitos podem ser diferentes dos que vemos hoje.

Em outra reportagem, a Rádio Sueca traz opiniões divergentes de líderes partidários.

Peter Hultqvist, do partido social-democrata (de oposição), apoia a eventual aquisição de mísseis de cruzeiro de longo alcance. Ele afirmou que é importante que a Suécia tenha essa capacidade como fator dissuasório e afastou preocupações de que esse tipo de arma significaria sair do foco de autodefesa do país: “É claro que somos um país defensivo. Não temos esse tipo de ambição (agressiva)”, disse Hultqvist.

Já o Partido Verde e a esquerda criticaram a proposta, dizendo que é um desperdício de dinheiro e um passo perigoso rumo ao armamentismo. “É uma nova direção, com uma arma de ataque que vai muito além das fronteiras da Suécia”, disse o porta-voz do Partido Verde, Peter Rådberg, que completou: “Partiremos para uma política de defesa ofensiva e tomaremos parte na corrida armamentista.” Torbjörn Björlund, do Partido de Esquerda, disse que a Suécia “não precisa” de mísseis de cruzeiro, acrescentando que mísseis caros poderiam comprometer uma grande parte do orçamento de defesa.

FONTE: Sveriges Radio (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês)

IMAGENS (meramente ilustrativas): Saab

VEJA TAMBÉM:

wpDiscuz