Novo Gripen mira baixo custo e alta capacidade

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Bill Sweetman

A Saab, sua cliente a Força Aérea Sueca e a Selex-ES divulgaram novos detalhes do caça JAS 39E Gripen, que está em pleno desenvolvimento por pouco mais de um ano após o esforço de demonstração e redução de risco de seis anos. O JAS 39E é uma nova aeronave nos detalhes, com apenas alguns componentes estruturais ou sistemas em comum com o atual JAS 39C/D, mas compartilha o suficiente com seu antecessor para tirar o máximo proveito da experiência de integração de armas e utiliza uma versão evoluída do software dos modelos C/D.

Em comparação com as variantes do Gripen anteriores, o JAS 39E tem um peso bruto superior e pode transportar 2.400 libras a mais de combustível interno, principalmente devido a um trem de pouso principal redesenhado que se retrai em protuberâncias sob as asas, ao invés da fuselagem. O trem de nariz também foi alterado, a partir de uma unidade com duas rodas para uma única roda maior, que é compatível com os cabos de retenção usado em pistas de emergência. A estrutura principal foi redesenhada com armações asa-fuselagem contínuas que se estendem até os pilones laterais interiores, onde as asas estão ligadas, e os contornos da fuselagem foram alterados, em parte para acomodar mais combustível. No entanto, a reformulação reduziu a proporção da fuselagem no peso vazio, aumentando a carga útil.

O JAS 39E será capaz de atingir alvos furtivos com a fusão de dados de um conjunto de sensores multiespectrais, de acordo com funcionários do programa. Ele será capaz de voar a Mach 1,25 sem o uso de pós-combustão, e entrará em serviço em 2018 com um conjunto completo de armas, incluindo o míssil ar-ar a MBDA Meteor movido a ramjet (que entra em serviço no próximo ano com os JAS 39C/D). O contrato de preço fixo da Força Aérea Sueca para 60 aeronaves completas, convertidas a partir de JAS 39Cs mas com novo motor, aviônicos e estrutura primária, equivale a um custo “flyaway” de US$ 43 milhões.

A JAS 39E não é um avião furtivo classicamente, mas o contrato de desenvolvimento estipula uma seção transversal significativamente menor radar (RCS) do que o JAS 39C. Em conjunto com o novo sistema de guerra eletrônica desenvolvido pela Saab, que utiliza antena com tecnologia de nitreto de gálio e é descrito como um sensor de inteligência, vigilância e reconhecimento, e o novo chamariz dispensável ativo Selex-ES BriteCloud, espera-se que a reduzida RCS permita que o caça sobreviva contra as ameaças avançadas, incluindo o caça Sukhoi T-50 e os mísseis terra-ar de “dois dígitos”, evitando o custo e o risco de uma configuração “stealth” tipo F-35.

Os primeiros clientes, Suécia e Suíça, estão comprando apenas aeronaves monoposto, mas o co-desenvolvimento do biposto JAS 39F está sendo discutido com o Brasil, que selecionou o novo Gripen para reequipar sua força de combate em dezembro.

O JAS 39E se destina a ter um custo de aquisição inferior ao JAS 39C, apesar de sua maior capacidade, e ter um custo operacional menor do que qualquer outro caça. A Força Aérea Sueca relata um custo operacional por hora de US$ 7.500 para o JAS 39C, incluindo combustível. Para os custos de desenvolvimento (também objeto de um contrato de preço fixo), o objetivo da Saab é gastar apenas 60%, tanto quanto teria custado usando as mesmas ferramentas e processos que foram utilizados na JAS 39C.

O programa tem alguns eventos importantes pendentes neste ano. Em 18 de maio, a Suíça irá realizar um referendo sobre a sua decisão de comprar 22 JAS 39E. Os executivos da Saab reconhecem que o referendo será uma votação apertada. Outro objetivo fundamental é negociar e fechar um contrato para 36 aeronaves do Brasil até o final do ano.

O risco de que nenhum contrato será fechado é visto como pequeno, mas é uma ameaça, porque o parlamento da Suécia aprovou o programa JAS 39E com a condição de que pelo menos um parceiro internacional deve ser encontrado. Por outro lado, o programa está bastante avançado e a necessidade da Força Aérea Sueca está estabelecida: a exigência da força para 60-80 caças JAS 39E foi aprovada por uma equipe do serviço conjunto liderado por um oficial do exército, de acordo com o major-general Micael Byden, chefe de gabinete da força aérea.

O objetivo comercial da Saab para o JAS 39E é exportar 300-450 aviões nos próximos 20 anos, segundo Lennart Sindahl, vice-presidente executivo e chefe de aeronáutica. Isso representa 10% do “mercado acessível”, diz ele, já descontando as nações para as quais a Suécia proíbe exportações de armas. O Gripen, diz Sindahl, ganhou 50% de suas competições desde que as exportações começaram.

Campanhas ativas incluem a Dinamarca, que está prevista para começar uma competição formal em abril, com o lançamento de um “pedido de informação vinculativa”, e uma concorrência de longa duração, na Malásia. A encomenda do Brasil é considerada pela Saab como a primeira de três lotes, com o JAS 39E em uma posição forte para substituir os F-5s e Alenia-Embraer A-1.

A primeira das três aeronaves de desenvolvimento JAS 39E (conhecidas como 39-8, 39-9 e 39-10) vai voar no primeiro semestre de 2015, diz a empresa. A aeronave 39-9 virá cerca de nove meses depois, e a 39-10, que será basicamente uma aeronave completa de produção mas equipada com instrumentação para voos-teste, vai voar em 2017.

Gripen Upgrade

JAS 39C JAS 39E
Peso vazio, libras 13.000 Menor que 14.000
Combustível interno, libras Maior que 5.000 Maior que 7.400
Peso máx. decolagem, libras 30.900 36.400
Motor Volvo RM12 GE F414-GE-39E
Potência-Normal/Máx, libras 12.150/18.100 14.400/22.000
Supercruise Não Mach 1.25
Radar Varredura mecânica AESA
IRST Não Sim
Cockpit display 3 de 6 X 8 polegadas 1 de 8 X 20 polegadas

FONTE: Aviation Week & Space Technology / Tradução e adaptação do Poder Aéreo

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