Ministro descarta desativar Campo de Marte antes de criar outros aeroportos

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Moreira Franco, da Aviação Civil, esteve nesta quinta em São Paulo. Fechamento de aeródromo é cogitado na revisão do Plano Diretor

O aeroporto Campo de Marte, na região de Santana, na Zona Norte de São Paulo, não será desativado antes da criação e inauguração de novos terminais que sirvam como alternativas para abrigar o fluxo de aeronaves que utilizam o local.

A decisão foi anunciada na tarde desta quinta-feira (13) pelo ministro Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, após reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT).

“Não é uma questão simples, trivial. São Paulo tem um movimento de passageiros, uma pressão sobre voos comerciais muito grande, nós precisamos abrir alternativas que aumentem a oferta de possibilidades para a aviação comercial e executiva”, afirmou o ministro.

O fechamento do Campo de Marte foi cogitado em agosto do ano passado na apresentação do Plano Diretor pela Prefeitura de São Paulo para incentivar a urbanização da área.

Moreira Franco citou como prováveis substitutos, o aeroporto São Roque, que está em construção, para aviação executiva; o aeroporto de Parelheiros, que está em fase de projeto, também para avião executiva; e o aeroporto de Caieiras, mencionado pela presidente Dilma Roussef (PT) para aviação comercial.

“Com a alternativa desses três aeroportos nós poderíamos pensar na desativação do aeroporto Campo de Marte para aviões e certificando ele exclusivamente para helicópteros. Se nós tivermos uma alternativa de oferta para cumprir a obrigação de garantir conforto, segurança e tranquilidade aos passageiros nós não podemos pensar em desativar”, ressaltou o ministro.

De acordo com o presidente da Infraero, com a desativação, os funcionários do aeroporto seriam realocados. Hoje são 119 funcionários da Infraero que trabalham no Campo de Marte, além de outros 3 mil indiretos.

A previsão é que os novos aeroportos entrem em operação em três anos. “Dois ou três anos é um tempo razoável para que esses aeroportos estejam prontos”. E, de acordo com a Infraero, a mudança de voos deve ser gradual.

Tanto o ministro quanto o presidente da Infraero negaram que é preciso uma compensação financeira por parte da Prefeitura para desativação, apesar de a Infraero estar perdendo receita com a concessão dos aeroportos pelo país. A estatal já deixou de ganhar R$ 350 milhões por ano com as concessões.

“A Prefeitura não tem essa responsabilidade de se preocupar com a geração de receita da Infraero. A União é que decide o que vai fazer com os aeroportos e a Infraero está procurando outros meios para que se sustente independente das receitas e despesas”, disse Gustavo do Vale, presidente da Infraero. Não foi mencionada a quantia de recursos que seriam perdidos pela estatal com a entrega do espaço.

Campo de Marte

O Campo de Marte é o quinto maior aeroporto em movimentação do país, mas não oferece linhas comerciais regulares. Cerca de 70% da operação fica por conta dos helicópteros e jatos executivos. São 430 mil passageiros por ano, mais de 130 mil movimentos de aterrissagem e decolagem. No espaço também existe 317 vagas em hangares, 17 vagas para aeronaves ou helicópteros nos pátios, além de uma oficina da aeronáutica.

O novo Plano Diretor, apresentado pela Prefeitura em agosto, pretende incentivar a urbanização e a instalação de empresas na região, que fica perto do Terminal Rodoviário do Tietê e da Marginal Tietê. Apesar da localização privilegiada, essa é 2ª área que mais sofre com o desemprego na cidade.

O Plano Diretor está em fase de audiências públicas e a retirada dos aviões precisa da aprovação da Secretaria da Aviação Civil. A redação final deve ser levada pelo Executivo para votação na Câmara. O documento tem 84 páginas e pode ser acessado no site da Prefeitura.

FONTE: G1

INFOGRÁFICO: Agência Estado

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