Segundo fontes do ‘Defense News’, há interesse em desenvolver mais a versão de ataque ao solo do Eurofighter. Mas também existe a possibilidade da Itália estar insatisfeita com sua participação no programa

Oito meses após o parlamento italiano suspender novos pedidos do caça Joint Strike Fighter (JSF), os membros do maior partido político do país pode tentar reduzir pela metade o total da compra.

Uma fonte de dentro do Partido Democrata (de centro-esquerda) disse que os membros estavam preparando um documento de orientação política para a aprovação no parlamento, que poderia cortar a compra planejada de JSF pela Itália de 90 para cerca de 45 caças. O país já reduziu sua compra total a partir das 131 aeronaves originalmente planejadas.

Mas uma segunda fonte disse que o debate no interior do partido ainda continua e que o documento final pode simplesmente ameaçar um corte se a Itália não obtiver melhores condições no programa norte-americano.

Ambas as fontes disseram que o documento – que poderia estar pronto este mês – iria se esforçar para investir os recursos italianos na versão de ataque ao solo do Eurofighter. A Itália, um parceiro no programa JSF da Lockheed Martin, tem mostrado até agora relativamente pouco interesse no caça europeu.

“Nós estamos realmente olhando para uma aceleração da integração europeia no setor de defesa”, disse a segunda fonte.

O Partido Democrata é atualmente parceiro no governo de coalizão liderado por Enrico Letta, membro do partido. Em dezembro, o partido elegeu um novo secretário, Matteo Renzi, que tem sido apontado como o candidato para ganhar as eleições e formar um governo do Partido Democrata no próximo ano.

Renzi, que no passado falou sobre o corte de compras do JSF, teria que aprovar o documento de política de defesa do partido antes de transformá-lo em uma resolução para votação no Parlamento, onde o Partido Democrata já tem a maioria na câmara baixa.

A primeira fonte disse que 75% dos membros do Partido Democrático do parlamento querem acabar com o programa JSF completamente uma vez que a Itália se esforça para sair de uma crise econômica. Críticas recentes feitas pelo escritório de testes do Pentágono também estimularam a oposição ao programa, disse ele.

O relatório final, segundo ele, gerará um “corte drástico” no pedido de F-35, potencialmente pela metade.

Mas a segunda fonte sugeriu uma mudança no corte – ou até mesmo não cortar nada – que poderia estar na possibilidade da Itália ter uma melhor participação no programa, com melhor transferência de tecnologia e preços mais baixos do programa. A fonte também sugeriu que a economia poderia ser feita em outros programas, como alternativa aos cortes do JSF, tais como o programa de digitalização exército. Uma versão preliminar do relatório aponta para o alto custo do programa e a falta de interoperabilidade com padrões da OTAN.

O relatório prossegue numa série de audiências ocorridas nas duas comissões de defesa do parlamento sobre os gastos militares italianos, realizada na sequência do voto de junho pelo Parlamento para suspender novas encomendas do JSF.

Chamado a falar sobre o caso em setembro do ano passado, o CEO Finmeccanica, Alessandro Pansa, apareceu desapontado com o trabalho da empresa no programa JSF. “A Finmeccanica não vai construir o seu futuro como um operador de tecnologia de vanguarda pelo fornecimento de peças de aeronaves de grande porte”, disse ele.

O trabalho de montagem final do JSF na linha de montagem do país instalada na Base Aérea de Cameri, norte da Itália, entretanto, procedeu de acordo com o cronograma desde iniciando em julho passado, disse Debra Palmer, vice-presidente da Lockheed Martin e gerente geral para o FACO.

Uma fonte da defesa italiana disse que as autoridades italianas estão a prosseguir com a aquisição de 14 aeronaves, que foram cobertos por acordos industriais completos ou iniciais assinados antes da votação em junho passado. Três dos aviões vem do sexto lote de pequena escala (Low Rate Initial Production – LRIP), três do LRIP 7, quatro para o LRIP 8 e quatro de LRIP 9, incluindo um F-35B, variante V/STOL. A fonte de defesa disse que, mesmo que a contratação dos itens de longo prazo tenha sido feita antes da votação, o ministério se sentiu compelido em avançar pela encomenda total.

Palmer disse que a Lockheed Martin tinha agora trabalho ” fechado” com a Itália para entregar três jatos provenientes do LRIP 6, bem como três do LRIP 7 jatos e dois de LRIP 8, todos do modelo convencional F-35A.

Os componentes da primeira aeronave, conhecida como AL-1, agora estão emergindo do sistema de Alinhamento e combinação Eletrônica, um dos quatro que é executado em conjunto pela Alenia e pela Lockheed Martin e financiado pelo governo italiano.

Testes eletrônicos e de motores, incluindo o controle de assinatura de baixa observação da aeronave, começarão em breve, com os primeiros voos e entrega em 2015, disse Palmer.

O trabalho de montagem da segunda aeronave começou em novembro, com a terceira para começar em março e a quarta em julho. “Todos os principais componentes chegaram para o AL-3 e alguns para o AL-4 estão chegando agora”, disse Palmer.

A Alenia Aermacchi está, entretanto, intensificando seu trabalho nas asas do JSF em Cameri, com os dois primeiros sets de asa completos destinados aos F-35 americanos agora em produção.

Com a redução das encomendas italianas de 131 para 90 aeronaves, e Holanda – que concordou em montar seus jatos em Cameri – encomendando 37 jatos em vez dos 85 planejados, Palmer disse que Cameri “não terá a taxa de produção originalmente planejada”, mas sugeriu que o pedido holandês ainda pode aumentar. “Quando eles encomendaram o F-16, eles o fizeram isso em lotes, e nós imaginamos que eles poderiam fazer isso de novo”.

Ela disse que outros países europeus podem ainda ser atraídos para Cameri devido à economia de não ter que voar nova aeronave operacional através do Atlântico ladeado por navios e aeronaves de apoio.

“O preço de compra da aeronave da Lockheed Martin será o mesmo, independentemente do local de montagem”, disse ela.

FONTE: Defense News (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

NOTA DO EDITOR: a segunda foto de cima para baixo foi extraída do próprio site do Defense News e mostra um cidadão carregando um cartaz contra a compra do F-35 pela Itália. Por curiosidade, fui até o site da campanha contra o F-35 e, para a minha surpresa, somente seis indivíduos se colocaram contra a escolha.

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