Maquete do FGFA

Força Aérea Indiana critica programa FGFA em relação a questões técnicas, custos e transferência de tecnologia. Por outro lado há suspeita de que a IAF está minando a FGFA para liberar fundos para a compra de 126 caças Rafale

 

A Força Aérea Indiana (sigla IAF em inglês) deu uma impressionante reviravolta ao criticar duramente o projeto do caça de quinta geração FGFA (Fifth Generation Fighter Aircraft), atualmente em desenvolvimento pela Rússia e pela Índia. Mesmo que Nova Deli e Moscou finalizem um acordo avaliado em US$ 6 bilhões para co-desenvolver o FGFA com capacidades sob medida para a Índia, a IAF alegou que os russos seriam incapazes de cumprir suas promessas sobre o seu desempenho.

O FGFA é tão vital para o futuro da IAF que o ministro da Defesa, AK Antony, rejeitou publicamente qualquer perspectiva de comprar o F-35 Joint Strike Fighter, declarando que o FGFA seria suficiente. Em 2007, Nova Deli e Moscou destacaram a importância do caça através da assinatura de um Acordo Intergovernamental (sigla IGA em inglês) colocando o projeto acima das regras dos demais contratos militares. Além disso, os cientistas indianos dizem que a experiência adquirida com o FGFA dará um impulso fundamental para o desenvolvimento de um caça de totalmente indiano de quinta geração, denominado Aeronave de Combate Avançada Média (AMCA-Advanced Medium Combat Aircraft).

No entanto, a IAF tem se queixado para o Ministério da Defesa (MoD) de que o FGFA não seria bom o suficiente. Em 24 de dezembro, numa reunião em Nova Delhi presidida por Gokul Chandra Pati, o secretário de produção de defesa, altos funcionários da IAF argumentaram que o FGFA tem ” falhas … em termos de desempenho e outras características técnicas.”

O Business Standard teve acesso à ata dessa reunião. As três grandes objeções da IAF em relação ao FGFA foram: (a) os russos estão relutantes em compartilhar informações críticas do projeto com a Índia, (b) os atuais motores AL-41F1 do caça são inadequados, sendo meras atualizações do AL-31 do Su-30MKI e (c) é muito caro. Com a Índia a pagar US$ 6 bilhões para co-desenvolver o FGFA, “uma grande porcentagem de orçamento da IAF ficará travada”.

Em 15 de janeiro a IAF renovou o ataque em Nova Delhi, durante uma reunião no MoD para avaliar o progresso na FGFA. Uma autoridade da IAF, responsável que aquisição de novos equipamentos, declarou que o motor do FGFA não era confiável, o seu radar é inadequado, suas características furtivas são mal projetadas, o compartilhamento do trabalho com a Índia é muito baixo e que o preço do caça seria exorbitante quando ele entrar em serviço.

Fontes no MoD suspeitam que a IAF está minando a FGFA para liberar fundos para a compra de 126 caças Rafale por cerca de US$ 18 bilhões, uma aquisição que foi feita é época de restrições orçamentais. Em outubro de 2012, o comandante da IAF, brigadeiro NAK Browne, anunciou que a IAF iria comprar apenas 144 FGFA ao invés dos 214 originalmente planejado. Tendo cortado os números, a IAF está agora a questionar o próprio benefício do co-desenvolvimento do FGFA com a Rússia.

Caças de quinta geração são qualitativamente superiores aos modelos de “geração 4.5”, como o Sukhoi Su-30MKI. Eles são projetados para serem furtivos, o que os torna quase invisíveis ao radar, eles voam “supercruise”, ou seja, voam em velocidade supersônica sem pós-combustão (que alguns caças atuais como o Rafale também fazem), e eles têm aviônicos e mísseis futuristas.

O Ministério da Defesa e a HAL têm combatido as acusações da IAF em relação ao FGFA. Autoridades russas esclareceram que o motor do protótipo atual, o AL- 41F1, é uma solução temporária para permitir que o programa de ensaios em voo continue. Um novo motor que está sendo desenvolvido na Rússia poderá equipar tanto o FGFA como o PAK-FA.

As autoridades também dizem que o programa FGFA envolve o co-desenvolvimento de um radar muito superior ao dos protótipos atuais. A Força Aérea da Rússia quer um radar convencional por sua versão do FGFA, que olha apenas para a frente. A IAF quer dois radares adicionais para as laterais, aumentando a visão do piloto ao redor. Agora os russos estão avaliando uma exigência semelhante.

Contactada, a IAF não respondeu aos questionamentos. O Ministério da Defesa e a HAL, cujos comentários foram solicitados via e-mail, também permaneceram em silêncio.

Enquanto o Ministério da Defesa, a HAL e a IAF continuam as discussões, a Rússia tem ido em frente com o desenvolvimento de um caça de quinta geração. O “Sukhoi Design Bureau” projetou e executou 300 voos de teste com o T-50, o caça furtivo que a Sukhoi e a Hindustan Aeronautics Ltd (HAL) planejam refinar para originar o FGFA em cerca de oito anos. A Força Aérea da Rússia, que tem especificações menos ambiciosas do que a IAF, planeja introduzir em serviço a sua própria versão do T-50, o PAK -FA (Perspektivny Aviatsionny Kompleks Frontovoy Aviatsii) por 2017-18.

Depois do IGA de outubro de 2007, um Contrato Geral foi assinado em dezembro de 2008 entre HAL e a Rosoboronexport, agência de exportações de defesa da Rússia. Este estabeleceu princípios gerais de cooperação, tais como partes de trabalho, compartilhamento de custos e venda do FGFA para países terceiros. Em dezembro de 2010, um contrato de Projeto Preliminar foi assinado, o que levou à configuração e à seleção de seus sistemas e equipamentos básicos. Com isso concluído em junho de 2013, o contrato básico de pesquisa e desenvolvimento está sendo negociado agora. Isto irá abranger o projeto real e de desenvolvimento do FGFA.

FONTE/FOTO: Business Standard (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês)/Livefist

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