A distância entre Makhado e Anápolis é superior a oito mil quilômetros, ou seja, quase duas vezes a distância entre o Oiapoque e o Chuí. Mas pode ser de que a base aérea sul-africana e a sede o Primeiro Grupo de Defesa Aérea da FAB  estejam mais próximas do que nunca.

A moderna Base Aérea de Makhado da Força Aérea Sul-africana (SAAF em inglês), localizada próxima à fronteira com o Zimbábue e não muito distante de Moçambique, é a sede o esquadrão 2 que opera os caças JAS39 Gripen. A SAAF adquiriu 26 Gripen, sendo nove na versão D (biposto) e 17 na versão C (monoposto). Os aviões ainda estão novos, pois foram entregues a partir de 2008, mas em função de cortes orçamentários cogitou-se a possibilidade de estocar ou até mesmo vender as aeronaves. As últimas informações no entanto dão conta de que a África do Sul optou por utilizar as aeronaves em um esquema de rodízio, uma vez que o custo para estocar parte delas por longo tempo seria elevado.

Outra opção interessante para a SAAF seria repassar parte dessas aeronaves para outro país e receber uma espécie de “aluguel” pelo uso delas. Mas quem poderia se interessar pelas aeronaves?

Novo ‘Tampão’?

Recentemente o governo brasileiro anunciou a escolha do vencedor do programa F-X2 de renovação da frota de caças da FAB. O vencedor da disputa foi o Gripen E, fabricado pela sueca Saab. Por mais que seja um evento a ser comemorado, a decisão veio muito tarde e o futuro avião de caça da FAB não poderá substituir a tempo os caças Mirage 2000 que estão se despedindo do 1 GDA.

O futuro caça do Brasil ainda demorará para pousar nas bases aéreas da FAB. Mesmo porquê o anúncio da decisão da escolha do Gripen E é apenas o início de um processo que culminará com a formalização de um contrato entre as partes. Após a assinatura do contrato, espera-se que o primeiro avião operacional da FAB não fique pronto antes de 2018.

Já foi amplamente divulgado pela FAB que os F-5EM de outros esquadrões de caça assumirão as missões de alerta 24 horas em Anápolis através de rodízios. No entanto, esta decisão acaba reduzindo a já pequena frota de caças das três unidades que operam o F-5. Além disso, com a aposentadoria dos Mirage 2000 as exigências sobre o F-5 aumentarão, assim como o desgaste das aeronaves, cujas primeiras baixas estão programadas para 2017.

Portanto, a necessidade de mais um “caça tampão”, assim como foi o Mirage 2000, parecia mais do que necessária. Mas agora a situação é diferente, pois já se sabe o vencedor do Programa F-X2. Nada mais razoável do que vincular o (eventual) próximo caça tampão com o futuro caça da FAB, criando uma espécie de “período de transição”. Como existe disponibilidade de jatos Gripen C/D na SAAF, é possível que um certo número deles (doze, por exemplo) seja repassado temporariamente para a FAB durante este período de transição. Desta maneira a FAB já vai se adaptando aos conceitos e as filosofias suecas em relação ao emprego do avião, processos de manutenção e outras peculiaridades da aeronave.

Até o momento não há nada oficial neste sentido. Apenas a informação divulgada pelo Ministério da Defesa onde há menção de uma conversa entre o ministro Amorim e sua colega sueca, Karin Enström, sobre o interesse brasileiro em aprofundar tratativas sobre a cessão antecipada de caças Gripen C e D ao Brasil. Ou seja, o interesse existe, mas a origem desses caças (Suécia, África do Sul ou outra fonte) não é conhecida e a eventual transferência dos Gripen da SAAF é apenas uma possibilidade.

Na verdade não há nada de novo nessa eventual transferência. A própria Suíça, outro país que também escolheu o Gripen E para equipar sua aviação de caça (lembrando que uma consulta popular ainda será necessária naquele país) também deve adotar alguns exemplares usados das versões C/D antes de receber  os novos aviões de fábrica.

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