Senado fará audiência pública sobre a compra de caças suecos
Foi o que informou o presidente da CRE, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) à Rádio Senado. Na entrevista, o senador expressa a opinião de que as ações de espionagem realizadas no Brasil pelo governo dos Estados Unidos, reveladas pelo analista de inteligência americano Edward Snowden, certamente prejudicaram a Boeing, empresa daquele país que disputava a preferência das autoridades de defesa brasileiras com a Saab e a francesa Dassault.
“Ainda que nossas autoridades não admitam, é evidente que houve uma reflexão sobre isso. Quando você faz uma aquisição como essa, é como se você estivesse fazendo um casamento. Então a geopolítica foi considerada, juntamente com as questões de eficiência e performance”, ponderou Ferraço.
Antecedentes
Anunciada na última quarta-feira (18), a escolha dos caças suecos pôs fim a uma disputa que já durava quase duas décadas. Em 1996, o governo Fernando Henrique Cardoso comunicou a intenção de adquirir as aeronaves. O mesmo objetivo orientou o lançamento, em 2001, do programa FX-2, ainda na gestão FHC.
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o então presidente da República chegou a declarar que o Brasil compraria os equipamentos fabricados pela francesa Dassault.
Na opção pelos caças de modelo Gripen NG, da Saab, pesaram, conforme o Ministério da Defesa, a qualidade dos equipamentos, os custos de aquisição estimados em US$ 4,5 bilhões e de manutenção e, sobretudo, os compromissos de transferência de tecnologia e de nacionalização de boa parte do processo de produção. Isso porque a parte de estrutura do avião e outros componentes deverão ser produzidos em São Bernardo do Campo (SP), contribuindo para o desenvolvimento da indústria aeronáutica do país.
Baixo investimento
No Senado, foram positivas as primeiras reações à escolha da Suécia como parceira no projeto de reaparelhamento da Aeronáutica. Em discurso em Plenário na quinta-feira (19), a senadora Ana Amélia (PP-RS) elogiou a decisão. Lamentou, no entanto, a demora na definição do escolhido e os baixos investimentos do Brasil nas áreas de defesa e de tecnologia.
Ferraço também fez declarações favoráveis ao caminho estratégico pelo qual o país optou. Mas destacou a necessidade de `diálogo” entre Executivo e Legislativo para que sejam esclarecidos `detalhadamente” os diversos aspectos da decisão.
Um desses aspectos tem a ver com as providências que serão tomadas para resguardar os interesses nacionais de defesa a partir deste mês quando a Aeronáutica deixará de utilizar os caças franceses Mirage e até 2018, data em que está prevista a entrega dos primeiros aviões Gripen.
Nós vamos fazer um diálogo muito aprofundado e detalhado sobre as razões que levaram o governo brasileiro a decidir pelo jato supersônico Gripen, e vamos debater o planejamento do Estado brasileiro para esses meses em que termos um vácuo na ocupação desses espaços afirmou Ferraço à Rádio Senado.
FONTE: Diário do Sudoeste, via Notimp
FOTOS: Saab
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