Amanhã é o dia ‘D’ do F-X2
Reunião poderá definir futuro do programa de renovação de caças da FAB
O programa F-X2 entrou numa encruzilhada. Ou se toma uma decisão agora ou o tema terá que ser adiado para depois das eleições de 2014. Caso se decida pela segunda opção, é provável que o mesmo seja extinto.
Arrastando-se desde a administração passada, o Programa F-X2 completou cinco anos em maio passado. Mas a origem da sua história pode ser traçada em meados da década de 1990, quando foram traçadas as diretrizes básicas para a renovação da frota de caças da FAB (Força Aérea Brasileira).
Durante todo este período de indecisão, a FAB aposentou seus Mirage III, modernizou a frota de 46 caças F-5, comprou mais onze F-5 usados da Jordânia para modernizar (trabalho em andamento), adquiriu o Mirage 2000 como caça tampão e além disso está modernizando 43 jatos de ataque AMX / A-1 para o padrão A-1M.
Mesmo com todo este esforço para manter uma capacidade dissuasão mínima, não há como fazer milagres. Os 12 caças Mirage 2000, que deveriam ter sido aposentados dois anos atrás, tiveram seu período de operacionalidade esticado ao máximo (muito em função da canibalização de peças provenientes de metade da frota que foi encostada).
Já a versão modernizada do F-5, atualmente o principal vetor de alta performance da FAB, deverá iniciar o processo de baixa a partir de 2017, caso não se possa estender a vida útil das aeronaves mais desgastadas da frota, que começaram a voar há mais de 40 anos. Uma parte da frota atual ainda deverá operar no início da próxima década, mas o fato é que, gradativamente, os números de F-5M em serviço vão diminuir e, provavelmente, daqui a dez anos só restarão em serviço os 11 jatos comprados da Jordânia ou pouco mais.
Por fim, o A-1M, versão modernizada cujas entregas já começaram, tem todas as condições (faltando a aquisição de mais armas modernas) para se estabelecer como um excelente avião de ataque. Mas o fato é que se trata de um jato subsônico, sem desempenho compatível com missões de superioridade aérea. Por isso, não pode ocupar eficazmente este papel, apesar da multifuncionalidade trazida pelos novos sistemas.
Luz no fim do túnel
Em maio desse ano, tudo convergia para uma definição do programa em favor do caça norte-americano F/A-18E/F Super Hornet, fabricado pela Boeing em associação com a Northrop (originalmente, também a fabricante do F-5). Esta posição foi reforçada pela visita do vice-presidente dos EUA, John Biden, ao Brasil, que convenceu a presidente Dilma de que as exigências brasileiras em relação ao programa seriam atendidas. Então vieram as manifestações públicas de junho, sinais de fraqueza na economia nacional e as denúncias de espionagem.
Tudo indica que este último episódio foi definitivo para que o governo, em especial a presidente, voltasse atrás e desistisse de anunciar o vencedor do programa F-X2. Depois de muita retórica, a principal vítima do episódio foi o Super Hornet, que poderia ter sido anunciado durante (ou, mais provavelmente, imediatamente antes ou após) a visita de Estado que a presidente Dilma tinha marcada para aos EUA em outubro, também cancelada.
Após um período em que o assunto foi deixado de lado pelos holofotes da imprensa, o F-X2 voltou à carga na última semana, com a visita que o presidente francês, François Hollande, ao Brasil. Hollande trouxe o presidente da Dassault, Eric Trappier, na esperança de que o Rafale marcasse pontos. No entanto, segundo a imprensa nacional, o governo deixou claro que o caça da Dassault estaria fora da disputa em função do valor elevado. Não há nada oficial que confirme esta posição do governo e a disputa permanece entre o Rafale, o Super Hornet e o Gripen.
Será que a reunião deste dia 18 acenderá uma luz no fim do longo túnel do F-X2?