Por que o C-27J venceu no Peru?
O contrato para as duas aeronaves pretendidas ainda não foi finalizado, mas de acordo com a nota do último dia 25 de novembro publicada pela subsidiária da Finmeccanica, a Alenia Aermacchi, o valor está próximo de 100 milhões de euros. Posteriormente o Peru forneceu a dimensão exata do valor: US$ 121.986.000, uma economia de US$ 134.274.491,22 em relação ao preço inicial.
Este valor de US$ 60 milhões por aeronave envolve muito mais do que apenas o custo “flyaway”. O contrato inclui treinamento completo, 1.000 horas de voo, equipamento de apoio em terra, kits adicionais de SAR e remoção aeromédica, 2 anos de suporte e compensações industriais e sociais equivalentes a 100% do contrato. A Alenia também reduziu seu tempo de entrega proposto (18-15 meses) para abril de 2015.
Contratos futuros poderiam adicionar mais negócios para a Finmeccanica. A FAP opera atualmente cinco aviões de transporte tático An-32B, embora existam doze An-32B em toda as forças armadas peruanas. Os aviões de 20 anos de idade estão descritos abertamente pelo Ministério da Defesa do Peru como “proximos a cumplir su Tiempo Limite de Operacion,” ou seja, algo terá de ser feito em breve.
Após as avaliações em voo do C-27J, do Airbus C295 e do Antonov An-32RE atualizado, o Peru solicitou ofertas às empresas, mas a Antonov não respondeu. A Alenia diz que ganhou a competição final contra o C295 em parte devido às suas capacidades de operação em alta altitude entre as montanhas dos Andes, “com a capacidade de operar em um grande número de aeródromos onde o seu concorrente não é capaz de pousar”.
É bem sabido que o projeto C-27J abdica de alguma eficiência de custos em voo para obter velocidade e potência extra, e o Ministério de Defensa (MD) peruano diz que o C-27J é capaz de transportar o dobro da carga total do C295 a partir de aeródromos de alta altitude como Arequipa, Ayacucho, Juliaca, Anta, Puerto Maldonado, Huanuco, Andahuaylas, Cusco, Cocanha, etc. Na verdade, o MD foi mais longe, apontando que o C295 tem menos poder do que os An-26 já aposentados pela FAP, que experimentaram uma série de acidentes fatais.
A nota da Alenia também citou o avião como “a única aeronave de sua categoria interoperável com aeronaves de transporte mais pesadas já em serviço no Peru.” Esta afirmação é um pouco intrigante. O Peru opera uma frota de transporte aéreo pequena, e a maioria dos aviões ou é equivalente aos An-32B em processo de substituição ou leves, como novos DHC-6-400 Twin Otter. A única aeronave que se possa qualificar como “avião de transporte pesado” são dois jatos Boeing 737, usados como avião utilitário/VIP, um L-100-20 (versão civil e esticada do C-130E) e um par de C-130E que pertenciam à USAF. O C-27J possui semelhanças como o moderno C-130J.
Por outro lado, o ANAO (Australian National Audit Office) da Austrália informou que o C-27J foi escolhido, em parte, porque o compartimento de carga mais estreito do Airbus C295 não pode transportar a carga em paletes de tamanho padrão usado no C-130 da RAAF. Com tão poucas aeronaves de transporte tático em serviço na FAP, pode-se entender por que a capacidade do C-27J para transportar veículos e pequenos helicópteros, e usar os mesmos paletes de carga, daria outra vantagem sobre o C295.
O Peru torna-se assim o 11º cliente do C-27J, juntando-se a Itália, Austrália, Bulgária, Grécia, Lituânia, México, Marrocos, Romênia, Estados Unidos, e “um país Africano não revelado” (Chad). O total de encomendas até o momento é de 74 aeronaves.
Este número coloca a aeronave atrás do seu oponente Airbus C295, cuja versão de patrulha marítima ajudou a expandir as vendas para 97 até o momento. O novo C295W promete melhorias para as especificações de desempenho em voo que velaram à sua derrota no Marrocos e no Peru, e uma versão AEW (Airborne Early Warning – avião radar) em colaboração com a israelense IAI que está em testes. O C-27J pode contra-atacar com uma variante única: o MC-27J “gunship”, que a Airbus só está oferecendo no CN235 menor até agora.
FONTE: Defense Industry Daily (tradução e adaptação do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTO: USAF
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