Conhecida internacionalmente como uma fabricante de equipamentos militares, a sueca Saab quer mostrar ao Brasil que seus negócios não se restringir ao mercado bélico. Um consórcio liderado pela empresa assinou recentemente um contrato de R$ 15,9 milhões com a Infraero para fornecimento de equipamentos de monitoramento para os aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro – cuja concessão foi leiloada na semana passada -, e Afonso Pena, em Curitiba.

A empresa vê os investimentos na modernização da infraestrutura aeroportuária no Brasil como uma chance para apresentar seus produtos ao mercado. Há oportunidades em grandes terminais e aeroportos regionais, diz o diretor-geral da Saab no Brasil, Ake Albertsson, que avalia ter oportunidades semelhantes no setor portuário. Albertsson acredita que o potencial do mercado brasileiro de monitoramento soma US$ 5 bilhões entre portos e aeroportos.

Com um escritório no Brasil desde 2005, a Saab deixou de centrar suas atenções apenas no mercado militar e nas negociações para a venda dos caças Gripen ao país – o programa FX-2, de renovação da frota brasileira – atualmente paralisadas e que só devem ser retomadas em 2015.

O contrato assinado com a Infraero é o primeiro do tipo firmado no setor da aviação civil pela empresa no Brasil. Sua subsidiária HITT Traffic vai fornecer, por R$ 7,3 milhões, um sistema de controle e orientação de movimento na superfície (surface movement guidance & control system), o A3000, aos dois aeroportos. O equipamento presta apoio aos controladores de tráfego aéreo no acompanhamento da movimentação das aeronaves e veículos em solo, aumentando a segurança nas operações em solo e reduzindo o trabalho dos operadores de tráfego e ainda auxilia as operações em situação de baixa visibilidade. Do consórcio ainda participam as empresas Ambriex e RRJ Engenharia. O equipamento estará em operação nos terminais em cerca de 20 meses.

“O sistema em implantação no Rio e em Curitiba torna mais eficiente a operação dos aviões no solo, mas também temos equipamentos para as empresas aéreas”, afirma Albertsson ao Valor. “Mas o Brasil precisa estar atento às tendências que mostram como será o futuro dos aeroportos”, complementa o executivo.

A empresa quer trazer para o Brasil um leque de produtos de monitoramento e controle de tráfego para aeroportos e empresas aéreas. Entre as soluções oferecidas pela empresa estão torres remotas de controle de voo, capazes de gerenciar o tráfego de até seis aeroportos regionais a partir de uma mesma sala que pode estar a milhares de quilômetros dos terminais. Equipamentos do tipo já são utilizados na Alemanha, Suécia e Austrália.

Com 60 clientes em 40 países, os sistemas de controle de voo da Saab estão em 120 aeroportos, incluindo 19 dos 20 terminais mais movimentados no mundo. Os sistemas da Saab são utilizados no monitoramento de cerca de dois milhões de voos por mês, o equivalente a 24% do tráfego global de aeronaves. No setor portuário, os produtos de monitoramento da empresa são empregados em 108 terminais no mundo. No ano passado, as vendas da empresa em todo o mundo somaram US$ 3,9 bilhões. O continente americano representou apenas 12% das vendas.

FONTE: Valor Econômico, via Resenha do EB

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