Indecisões no F-X2: onde há fumaça, há F-16?
Mais um meio especializado em aviação publicou reportagem, baseada em informações de fontes dentro da FAB, de que foram avaliados caças F-16 dos estoques dos Estados Unidos para cobrir a lacuna do indefinido F-X2
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Dizem que onde há fumaça, há fogo. Mas será que esse fogo e essa fumaça poderão sair, no futuro, dos pós-combustores de caças F-16 decolando rotineiramente de bases da FAB? Porque uma coisa é certa: a fumaça foi mais uma vez detectada, pois após o Poder Aéreo divulgar reportagem, no final de agosto, sobre possível viagem de uma equipe da Força Aérea Brasileira aos Estados Unidos para avaliar o estado de caças F-16 estocados, mais um meio especializado em aviação destacou essa informação: a revista Aeromagazine, em sua edição 234, deste mês de novembro.
A matéria, disponível na revista em bancas ou na internet para assinantes da Aeromagazine ou do Uol, tem como título “Caças F-16 na mira da FAB” e subtítulo “Com a saída de operação dos Mirage 2000 no fim deste ano, Brasil cogita comprar aviões de combate usados e teria enviado oficiais aos EUA para inspecionar células estocadas do F-16C/D”. A chamada de capa é “F-16 pode substituir Mirage – com impasse do F-X2, caças da Lockheed Martin estão na mira da FAB”, ilustrada pela bela imagem de F-16 em ascensão, vista ao lado.
Sobre o assunto , a reportagem traz informações “de bastidores” bastante próximas às que o Poder Aéreo havia publicado há pouco mais de dois meses e meio, e que o jornalista credita a “interlocutores no Comando da Aeronáutica”. A principal diferença é que nossas fontes haviam dito, em agosto, que equipe da FAB estava indo ao 309th Aerospace Maintenance and Regeneration Group (AMARG), localizado na Base Aérea de Davis-Monthan, próximo de Tucson, Arizona, para analisar células de F-16 C/D estocadas. Já a matéria da Aeromagazine dá a entender que essa comitiva da FAB já realizou essa viagem de avaliação, e que o fato se deu justamente naquele mês de agosto.
Como fator coincidente entre as reportagens, está o interesse da FAB por caças F-16 Block 40/42, com cerca de 20 anos de uso mas com tecnologia embarcada ainda válida, diferentemente de jatos de lotes anteriores, ainda mais desgastados e que necessitariam de extensas modernizações. A matéria diz também que a informação não foi confirmada pela FAB ou pelo Governo, mas que também não foi negada. Isso corresponde à nota que a FAB divulgou logo após nossa reportagem, respondendo a uma solicitação do próprio Poder Aéreo, pois desejávamos receber uma informação oficial sobre o tema: na nota à imprensa, a FAB não negou nem confirmou a avaliação de caças F-16, limitando-se a afirmar que a defesa do espaço aéreo empregaria caças F-5M em substituição aos Mirage 2000.
Do final de agosto para cá, porém, outros fatos se somaram e devem ser levados em conta: a presidente Dilma Rousseff cancelou viagem aos EUA, devido às denúncias de espionagem americana; as ofertas dos concorrentes do F-X2, que valiam até setembro, foram revalidadas por mais seis meses; e a FAB passou a divulgar de forma mais explícita, em seus meios oficiais de informação, que o 1º Grupo de Defesa Aérea (no qual os caças Mirage 2000 serão desativados no último dia deste ano) não terá outro avião até a chegada do F-X2. Além disso, outra possibilidade igualmente “por fora” do F-X2 (afinal, o F-16 não é um finalista do programa, muito menos na forma de caças usados) ganhou espaço na imprensa e em conversações de autoridades do Brasil com a Rússia: o caça Sukhoi Su-35.
Veja alguns desses assuntos acima destacados nos links da lista ao final desta matéria. Vários desses fatos ocorridos de lá pra cá, assim como um histórico sobre o interesse da FAB pelo F-16, também aparecem na detalhada reportagem da Aeromagazine, que vale a leitura.
Ficam as perguntas para nossos leitores: onde há fumaça, há fogo? Ou melhor, há F-16? Será que essa fumaça é mais um indício do fogo que apontamos no final de agosto? Afinal, tudo isso combina com informações obtidas pelo Poder Aéreo de outras fontes dentro da FAB, afirmando que há cerca de dois anos pilotos de caça brasileiros avaliaram em voo o F-16, em esquadrão da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos).
Ou será que tudo isso é parte de uma cortina de fumaça para esconder outros movimentos, dentro de setores da própria Força Aérea ou ligados a fabricantes não selecionados como finalistas do F-X2? Afinal, esse tipo de movimento é comum e também aparece na imprensa especializada (nosso site incluído) em concorrências internacionais diversas, como o caso de ofertantes preteridos na Suíça ou na Índia. E, mesmo aqui no Brasil, a movimentação dos Russos para oferecer uma opção fora do F-X2 é bastante clara. Uma coisa é certa: o fogo desse assunto continua quente e sua fumaça foi detectada, além do Poder Aéreo, por outra mídia especializada em aviação.
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