Caças russos na FAB: para a IstoÉ, negociações decolaram; para a Veja, um negócio de risco
IstoÉ – Russos nos céus brasileiros. As negociações entre o Brasil e a Rússia no campo militar, enfim, decolaram
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O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que o País, diante da cooperação bélica, está pronto também para ajudar a desenvolver em o projeto russo Sukhoi T-50, que já conta com cinco protótipos voando e que servirá de base para um outro modelo a ser produzido em parceria com a Índia. E mais: a indústria aeronáutica russa participará, a partir de agora, da concorrência para venda de caças à Força Aérea do Brasil, já disputada pelos modelos F/A-18, da americana Boeing, o francês Rafale, da Dassault, e o Gripen, da sueca Saab.
Veja – Um negócio de Risco. Por não incluir um pacote de manutenção eficiente, a compra ou o aluguel de caças russos seria um pesadelo
A compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), um negócio de 10 bilhões de reais, se arrasta desde 1998. Já estiveram na disputa o Gripen sueco, o Rafale francês, o F-18 americano e o Sukhoi russo. Esse último foi desclassificado da concorrência ainda em 2003, por questões técnicas. Atualmente, a escolha do F-18, fabricado pela Boeing, é dada como certa pelos oficiais da Aeronáutica. O anúncio da compra, porém, foi adiado no mês passado em resposta à revelação de que os serviços de inteligência americanos andaram espionando as comunicações da presidente Dilma Rousseff.
Nada de especial contra ela — na semana passada, descobriu-se que a primeira-ministra alemã Angela Merkel e outros 34 líderes mundiais foram grampeados —, mas o ministro da Defesa, Celso Amorim, parece achar que atrasar um negócio que também interessa ao Brasil não é o suficiente para espezinhar os americanos. Há duas semanas, durante a assinatura de acordos de 2 bilhões de reais para a importação de baterias antiaéreas, Amorim deu corda a uma proposta de Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, para reabilitar o Sukhoi na concorrência dos caças. Shoigu sugeriu que o Brasil faça um leasing de unidades do Sukhoi-35 a partir de janeiro de 2014, quando os doze Mirage da FAB em operação já terão sido enviados ao ferro-velho. Na Aeronáutica, reina um misto de descrença e pânico.
A preocupação dos brigadeiros tem como lastro a experiência da Venezuela, que comprou 24 aviões de combate Sukhoi e trinta helicópteros russos. O que deveria ter transformado o regime chavista em uma potência militar revelou-se um mico. A péssima ou inexistente rede logística de pós-venda russa condena a flotilha venezuelana ao sucateamento. Apenas seis caças estão em condições de voo. Os demais não saem do chão por falta de peças, que levam até dois anos para ser entregues. Quanto aos helicópteros, seis de trinta já caíram por falta de manutenção, matando 31 militares venezuelanos. O mais recente acidente aconteceu em maio do ano passado, com quatro mortes. Metade dos helicópteros restantes está impedida de voar por problemas técnicos.
Os militares brasileiros também estão tendo problemas com os helicópteros russos MI-35 comprados em 2008. Foram encomendadas doze unidades para ser entregues em 2011, mas até agora só nove pousaram em solo nacional. Um major-brigadeiro da FAB disse a VEJA que a falta de peças já compromete a segurança de alguns equipamentos. Os russos tentaram convencer a Embraer a fazer a manutenção por eles, mas a empresa Aeronáutica brasileira recusou, com medo de ver a sua reputação manchada por algum acidente. “O Brasil vai repetir o erro do meu país e pôr a vida dos seus militares em risco se insistir em comprar aviões com base em critérios políticos e não técnicos”, diz Mario Iván Carratú Molina, ex-diretor do Instituto de Altos Estudos da Defesa Nacional da Venezuela.
FONTES: IstoÉ (coluna de Hugo Cilo) e Veja (reportagem de Leandro Coutinho), via Notimp
FOTOS: Sukhoi
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