Embraer novamente interessada na compra da Beechcraft
O site InfoMoney publicou hoje uma notícia que destaca a alta das ações da Embraer (3,10%), principalmente considerando a queda do índice Ibovespa (1,80%). Segundo a reportagem, operadores ouvidos pela Agência Estado Broadcast informaram que a alta estaria relacionada a uma possibilidade da empresa norte-americana Beechcraft ser comprada pela fabricante de aviões brasileira. Além da Embraer, estariam interessadas na Beechcraft a indiana Mahindra & Mahindra e a americana Cessna (por meio de sua subsidiária Textron).
O interesse da Embraer pela Beechcraft não é de hoje. Há um ano foi noticiado que existia o interesse da empresa brasileira em adquirir a divisão de aviação executiva da companhia americana. Mas, naquela época, as conversas avançaram mais com o grupo chinês Superior Aviation Beijing (uma “joint venture” numa proporção 60-40, entre a empresa privada Beijing Superior Aviation Technology Co. e a Beijing E-Tong International Investment & Development Co, que é apoiada pelo Estado Chinês), que chegou a oferecer aproximadamente 1,8 bilhão de dólares pela empresa.
Deve-se destacar, no entanto, que o setor de defesa da empresa não seria vendido para o grupo chinês, sendo desmembrado da negociação. O que ainda não está claro é se o atual interesse da Embraer pela empresa americana (conforme nota da InfoMoney) inclui o setor de defesa, um forte concorrente para o seu produto Super Tucano. De qualquer forma, o negócio com os chineses não decolou no ano passado (houve até protesto de sindicato).
É de conhecimento geral que a situação financeira da Beechcraft não é boa. Em maio de 2012, ano em que a empresa completou 80 anos, a companhia entrou com pedido de concordata em Nova York. A dívida chegou a 2,5 bilhões. As origens da crise estão em meados de 2000, com a explosão do mercado de aeronaves executivas. Em 2007, o Goldman Sachs e o Onex Partners compraram o que era então a Raytheon Aircraft do fabricante de sistemas de armas por US $ 3,3 bilhões. Em retrospecto, a preço de compra foi otimista. A crise financeira de 2008 deixou o mercado de aeronaves executivas em farrapos e a empresa não conseguiu se recuperar.
A Beechcraft saiu do processo de concordata em fevereiro desse ano. Durante esse tempo, a companhia demitiu mais de mil funcionários e colocou em prática um plano de reestruturação da sua dívida, que caiu dos 2,5 bilhões de dólares para cerca de 225 milhões de dólares. Agora, a empresa é controlada por um grupo de credores (Centerbridge Partners LP, Sankaty Advisors LLC e Angelo, Gordon & Co. entre os maiores). Há informações de que a companhia valha cerca de 1.5 bilhão de dólares no mercado (menor que o valor divulgado durante as negociações com os chineses e quase metade do preço de 2007).
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