AEQ concentra produção em nova fábrica
O investimento previsto é de R$ 37 milhões, sendo R$ 25 milhões em 2014 e o restante em 2015. Segundo o diretor Comercial da AEQ, Antônio Nogueira Cândido, o aporte será todo com recursos próprios
Nogueira explica que a primeira fase do projeto prevê a desocupação das atuais instalações da AEQ em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, de propriedade da Britanit. “Todas essas operações serão transferidas para Lorena”, disse.
Em Quatro Barras, onde trabalham hoje 106 funcionários, a empresa produz as bombas série MK, bombas guiadas, foguetes, cabeças de guerra e motores para diversas aplicações. “Estamos aguardando a conclusão de alguns acordos internacionais para definir os detalhes da segunda fase do projeto, que prevê a produção de bombas inteligentes com empresas parceiras, para atender a uma demanda da Força Aérea Brasileira (FAB)”, explicou.
A nova fábrica será construída em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados. O início das obras está previsto para janeiro e a conclusão é esperada para o fim de 2014. A unidade terá por volta de 400 funcionários.
O perclorato de amônio já é produzido pela AEQ em Jacareí (SP), em uma usina arrendada da Aeronáutica. “As matérias-primas usadas na fabricação do perclorato são importadas com dificuldade, porque têm aplicação dual”, comentou. A produção será mantida na usina de Jacareí, onde existe infraestrutura instalada.
“A AEQ tem alavancado novos clientes no exterior para o perclorato. Por isso precisamos aumentar a produção e fabricar as matérias-primas no país”, disse o diretor. Atualmente, segundo Nogueira, apenas dez países produzem perclorato.
A Avibras também produz perclorato de amônio, mas para consumo próprio em foguetes, mísseis e engenhos espaciais. Uma pequena parte é fornecida para o programa espacial brasileiro.
A Avibras, que possui uma fábrica de explosivos civis em Lorena, também pretende construir uma unidade no mesmo local para produzir polibutadieno (PBLH), polímero utilizado na fabricação do combustível sólido do foguete VLS-1, mas que tem ainda aplicações industriais, como resina plástica.
O perclorato de amônio e o PBLH são itens que integram a lista de materiais sensíveis controlados pelos países signatários do MTCR (sigla em inglês para Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis). O foguete VLS-1 consome 54 toneladas de perclorato de amônio em cada lançamento.
A tecnologia de produção nacional do PBLH surgiu na década de 70, por meio de uma parceria entre a Petrobras e o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). Em 1982 a Petrobras iniciou a produção, em escala industrial, do PBLH, dentro da Petroflex. Com a privatização da Petroflex, em 1994, a unidade de PBLH foi adquirida pela Braskem.
A produção do PBLH no Brasil foi interrompida em 2008, quando a nova proprietária da unidade, a alemã Lanxess, decidiu descontinuar o negócio. “Temos muita dificuldade para importar o polibutadieno para fins militares. Por isso, sua fabricação no Brasil é extremamente estratégica”, disse uma fonte do setor.
Para viabilizar o projeto da fábrica de PBLH em Lorena, a Avibras está tentando obter recursos por meio do Inova Aerodefesa, linha de financiamento oferecida pela Finep e o BNDES para apoiar projetos de inovação nos setores aeroespacial e de defesa.
O Inova Aerodefesa está analisando 98 planos de negócios submetidos por 70 empresas líderes. O resultado preliminar está previsto para sair no dia 2 de dezembro. Cada projeto receberá até 90% de financiamento. O restante deverá ser investido, obrigatoriamente, pelas empresas beneficiadas.
FONTE: Valor Econômico, via Notimp
NOTA DO EDITOR: a empresa AEQ foi tema de uma longa matéria da Revista Forças de Defesa n.7.
VEJA TAMBÉM: