Em relação ao programa F-X2, que busca um novo caça para a FAB(Força Aérea Brasileira) para substituir os seus atuais F-5M,tudo converge para mais um adiamento (os mais pessimistas já falam em cancelamento). As atuais propostas dos três ofertantes (consórcios liderados pela Saab, Boeing e Dassault) deverão vencer em três dias.

Não há novidade nisso, uma vez que o adiamento das propostas vem ocorrendo há anos. A novidade é a desculpa que o governo arrumou desta vez (esta sim inédita em todos estes anos). Tudo caminhava para uma decisão a favor do caça da Boeing, o Super Hornet. Mas assim que o escândalo da espionagem estourou, o governo decidiu não anunciar nada (ora! Existem outras duas propostas que não possuem ligação nenhuma com o escândalo!).

O governo sempre deu demonstrações de que o assunto F-X2 não lhe agradava e, se fosse possível, seria melhor não decidir nada ou arrumar desculpas para seguir adiando o mesmo. Como as velhas desculpas já não “colavam” mais, eis que surge o escândalo da espionagem. Além disso, parece que o governo buscou na não decisão do F-X2 uma forma de “punir” os Estados Unidos pela espionagem. Só que o principal punido nesta história é o próprio Brasil, que não renovará a sua aviação de caça e deixará a defesa aérea do país mais vulnerável (lembrando também que eventos esportivos internacionais de grande vulto se aproximam).

A “Teoria Covais” segue em prática

Já dissemos isso aqui no blog, mas não custa lembrar. Há quatro anos, Ron Covais ocupava o cargo de presidente da Lockheed Martin para as Américas. Naquela época a empresa ainda sentia os efeitos da desclassificação do seu caça F-16 na concorrência F-X2. Um pouco antes da realização da LAAD 2009 o executivo da LM deu uma entrevista para o site Flight Global e expôs suas opiniões sobre o programa F-X2.

Covais afirmou, já naquela época, que a situação econômica mundial forçaria uma redefinição do projeto F-X2 pelas autoridades brasileiras. As palavras de Covais foram: “na minha opinião o F-X2 vai voltar para a gaveta”. Além disso, integrantes da Lockheed disseram acreditar em um novo adiamento do F-X2 e que um “caça-tampão” seria escolhido neste meio tempo.

Hoje, as visionárias palavras de Covais e dos demais executivos da LM soam mais verdadeiras do que nunca. Um novo adiamento das propostas por mais seis meses não serviria para nada, pois o vencimento delas ocorria num ano eleitoral e dificilmente o vencedor do programa F-X2 será escolhido em 2014. Dentro do contexto político atual, a opção mais otimista é de que uma decisão seja feita em 2015. Mas não há nada que garanta esta hipótese.

Mesmo que o atual governo seja reeleito, a conjuntura do país e mundial deverá ser outra. E se um novo governo for eleito, quem garante que ele não suspenderá o programa, como fez o ex-presidente Lula quando assumiu em 2003 e cancelou o programa F-X em favor da programa Fome Zero? A pergunta é: até quando esperar? Para resolver o F-X2, só mesmo com a ajuda de um divino Deus.

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