Ataque simulado aprova helicóptero produzido no País

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Modelo EC725, que será fabricado em Minas Gerais, faz parte de um contrato de € 1,9 bilhão envolvendo 50 aeronaves

 

Roberto Godoy

O EC725, o novo helicóptero pesado das Forças Armadas brasileiras, passou na prova de despistamento sob ataque com mísseis e outras armas guiadas pelo calor e radar. Durante sete dias de agosto foram realizados seis voos na área de ensaios militares na Restinga da Marambaia, no litoral fluminense, a 60 quilômetros do Rio.

O procedimento é inédito para esse tipo de aeronave no País. O sistema dispara cargas de fósforo em determinadas ordem e arquitetura, criando um conjunto de iscas térmicas que atraem os sistemas de direcionamento. A integração do conjunto é sofisticada. O equipamento, desenvolvido no Centro de Engenharia da Helibras, fabricante do helicóptero, é o principal elemento de autoproteção do EC725, capaz de identificar ameaças, reagir contra elas e de enganar mísseis guiados pelo calor ou emissão de ondas de radar.

Segundo o presidente da empresa integrante do grupo europeu Eurocopter, Eduardo Marson, os ensaios “representam o cumprimento de etapa avançada do Projeto H-XBr que dotará o Exército, a Aeronáutica e a Marinha de 50 novos helicópteros, caracterizados por um elevado índice de conteúdo agregado nacional, superior a 50%”.

Todas as saídas do pacote de avaliação foram executadas sob comando da tripulação brasileira formada pelo piloto de prova Patrik Correa e o engenheiro de ensaios Dreyfus da Silva. A principal verificação foi a da separação segura das descargas de cartuchos pirotécnicos militares.

Contrato. O programa de fabricação em Itajubá do grande helicóptero é um abrangente negócio. Começou em 2008, quando foi assinado o contrato de cerca de € 1,9 bilhão, envolvendo 50 EC725,e 22 projetos de cooperação industrial, mais sete de off-set para atender os dispositivos de transferência de tecnologia e conhecimento avançado.

Os investimentos diretos da Helibras/Eurocopter são de R$ 420 milhões voltados a instalações da área industrial, treinamento e as facilidades necessárias à produção das aeronaves. Até agosto, estavam agregadas ao programa 37 empresas comprometidas no fornecimento de partes, peças e serviços. O acompanhamento dessas atividades é feito por três representantes das Forças.

Desde janeiro foram recebidos em Itajubá as sete unidades do EC725 produzidas na França para atender o prazo fixado. A Helibras já está trabalhando no primeiro exemplar que vai passar, em Minas Gerais, por todos os estágios de produção local.

A Helibras está “trabalhando com a perspectiva de atender o mercado no segmento da Defesa, em toda a América do Sul”, diz Eduardo Marson.

Para o executivo, “apesar dessa prioridade geográfica, a atual capacitação tecnológica e industrial da empresa já possibilita o atendimento a clientes de qualquer parte do mundo”.

O mercado civil brasileiro está absorvendo a capacidade integral da planta de Itajubá. Uma só empresa operadora em regime offshore, que cumpre as rotas de transporte entre o continente e a rede de plataformas marítimas para a extração de petróleo, “formalizou cartas de intenção para aquisição de 14helicóp-terosSuperPumaEC225”. Marson aposta também na revitalização da frota em atividade em todo o País, “aproximadamente 650 unidades, das quais 75% correspondem aos usuários governamentais não militares e o público privado”. O grupo pode receber novos aviônicos, e conjuntos específicos para atender necessidades, como sejam as da vigilância ambiental, de policia, ou resgate especializado.

Além do empreendimento do EC725, que resultará na entrega de 16 aeronaves para cada uma das Forças Armadas, e mais duas em versão executiva para a Presidência da República, a Helibras cumpre o projeto de modernização de 34 helicópteros Pantera do Exército.

São 34 unidades K2 cuja renovação implica 275 mil horas de trabalho. Será concluída só em 2021. O valor da encomenda bate em R$ 375 milhões e prevê a instalação de motores mais potentes e novos aviônicos de navegação e de comunicação. Esses helicópteros, fabricados na França, em média, há 25 anos, vão incorporar sistemas digitais de combate para ganhar mais 25 anos de vida útil.

Por US$ 92 milhões, a companhia cuida, até 2018, do rejuvenescimento de 33 helicópteros AS350 Esquilo também do Exército. De novo nesse caso, a meta é capacitar a atividade do time até 2035. Os bancos serão trocados por modelos com blindagem e terão recursos para absorção de impacto. Piloto automático e a troca do painel de instrumentos analógico por um sistema integrado com telas MFD (Multifunction Display), que reúnem informações de navegação completam a encomenda.

Marson coordena o objetivo mais ambicioso: o projeto do primeiro helicóptero integralmente brasileiro. “Podemos tocar adiante até 2020. Só falta o sinal verde do governo”, diz.

FONTE: O Estado de São Paulo, via Notimp

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