Graças aos russos, contrato suíço do Gripen já não é fundamental para suecos

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Opinião é de articulista de jornal suíço: com recentes ‘ataques simulados’ de aviões russos à Suécia, cresceu apoio sueco à nova geração do Gripen e contrato suíço deixou de ser fundamental para o futuro do caça, levando Suécia a exigir 1 bilhão em pagamentos antecipados

A curiosa relação de causas e efeitos é uma análise do articulista Xavier Alonso para o jornal suíço “24 heures”, com o sugestivo título de “Quando a Rússia ameaça a Suécia, quem perde é a Suíça”. Apesar de ataques simulados de aeronaves russas à Suécia não serem novidade, e terem ocorrido nos últimos meses tanto quanto ao longo de décadas, um dado mais recente apareceu para a mídia suíça: uma exigência de pagamento de 1 bilhão de francos suíços antes da entrega da primeira aeronave à Força Aérea Suíça, prevista para 2018.

O articulista acredita que a opinião pública (e as forças políticas) da Suécia têm se mostrado mais favoráveis a um aumento nos gastos militares, devido aos incidentes com aeronaves russas, o que estaria por trás da Suécia se mostrar mais dura nas negociações de contrato do Gripen com a Suíça.

Em março, a Rússia simulou ataques a bases suecas. Hoje o governo sueco estaria mais forte em relação às negociações do contrato do Gripen com os suíços (trata-se de um acordo governo a governo) e estaria exigindo um depósito antecipado de um bilhão de francos suíços (cerca de 1,08 bilhão de dólares), o que corresponde a 40% do contrato. Os dois eventos aparentemente não relacionados estariam conectados, segundo Alonso.

No último ano, a compra de 22 caças Gripen pela Suíça vinha sendo descrita como a última chance para a Saab sueca, pois o Governo da Suécia se mostrava relutante em seguir sozinho nessa aventura industrial, condicionando seu apoio à nova versão (E) do caça da Saab à conclusão de um acordo de exportação, com um parceiro forte. A Suíça, assim, era vista como a salvação da empresa.

Naquele contexto, os suecos não hesitaram em oferecer um preço fixo para as aeronaves e assumir total responsabilidade pelos custos industriais e tecnológicos. Porém, a situação mudou dramaticamente nos últimos meses. Após diversos incidentes com aeronaves russas baseadas em Kaliningrado, do outro lado do Mar Báltico, tanto os partidos de esquerda quanto de direita da Suécia querem um esforço na área de defesa.

Tudo indica que a Suécia investirá pesadamente à ameaça da Rússia de Putin e, no meio político, se fala em tornar o país o maior poder militar da Escandinávia. Nesse novo contexto, o contrato suíço que há poucos meses era questão de vida ou morte para a indústria aeronáutica sueca tornou-se apenas “desejável”. A Suécia deu várias garantias à Suíça, mas considera, segundo o articulista, que a Suíça não é mais um parceiro essencial ou indispensável.

FONTE: 24 heures (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)

FOTOS: Departamento de Defesa da Suíça

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