Sem emprego no Brasil, pilotos vivem nova onda de êxodo

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China e Panamá lideram contratações. Demissões em massa e corte de voos fazem mercado encolher

 

 

Danielle Nogueira

Com as demissões em massa que atingiram o mercado de aviação em 2012 e a redução na oferta de voos anunciada por TAM e Gol, pilotos que perderam seus empregos não têm conseguido se recolocar no Brasil. A busca por uma vaga no exterior tem sido a única alternativa para muitos, movimento que lembra a debandada de comandantes que deixaram o país quando a Varig quebrou, em meados dos anos 2000. Nesta recente onda de emigração, China e Panamá são os destinos mais procurados, engordando a lista de países que abrigam mais de 500 pilotos expatriados, segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas .

Embora os salários sejam melhores que os pagos por aqui (ao menos o dobro), os pacotes oferecidos aos brasileiros nesta nova onda de êxodo são menos vantajosos que os oferecidos aos ex-pilotos da Varig. A chinesa OK Airways, por exemplo, não paga a escola dos filhos dos funcionários e demora cerca de quatro meses para reembolsar as passagens pagas pelos comandantes para visitar a família, segundo pilotos recém-contratados. A ajuda de custo para moradia é insuficiente para cobrir o aluguel, e o transporte entre casa e trabalho é custeado pelo empregado. Além disso, o contrato é de dois anos, que pode ser renovado ou não.

Nas companhias aéreas do Oriente Médio, que fisgaram os pilotos que deixaram Varig, Vasp e Transbrasil na década passada, os salários chegavam a ser três ou quatro vezes maiores que os pagos por aqui; as passagens de volta ao Brasil eram ilimitadas e gratuitas; e os custos com moradia, transporte e educação eram arcados pelas empresas.

Alexandre Fernandes, de 42 anos, é um dos brasileiros que estão na OK Airways. Em outubro de 2012, enquanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovava a compra da Webjet pela Gol, Ferreira começava um processo seletivo na aérea chinesa, antecipando-se a uma possível demissão. Esta acabaria se confirmando no mês seguinte, quando a Gol anunciou a extinção da Webjet e a dispensa de 850 funcionários da aérea, dos quais 250 pilotos e copilotos. Fernandes foi contratado pela OK Airways em janeiro.

– A Webjet foi destruída pela Gol – lamenta o piloto, que se mudou definitivamente para a China na semana passada, com a mulher, Viviane, e o filho, Felipe, de 10 anos.

Além de Ferreira, ao menos outros cinco pilotos brasileiros foram contratados nos últimos meses pela OK Airways, que faz apenas voos domésticos. Um de seus conterrâneos é Rogério Aguirres, de 35 anos, que foi demitido da Gol este ano, somando-se aos 220 dispensados em 2012. A demissão o pegou de surpresa. Sua mulher, Janaína, estava grávida de Henrique, que fez dois meses este mês. Quando o bebê nasceu, Aguirres estava no avião, voltando de um treinamento na China. Hoje, já contratado, acompanha a vida do filho por Skype:

– Todo meu planejamento foi por água abaixo – disse ele, que se muda de vez com a família para a China nos próximos dias.

O ex-copiloto da Webjet Márcio Ribeiro, de 33 anos, deixará o país em agosto. Ele vai integrar a equipe da Copa Airlines, ao lado de outros dez pilotos e copilotos da empresa. A opção pela aérea panamenha se deve à proximidade com o Brasil.

– Não estou indo para fora porque quero. Não arrumei emprego aqui e estou há meses sem receber. Minha vida está sendo destruída.

FONTE: O Globo, via resenha do EB

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