FAB prestes a anunciar opção por caças Super Hornet da Boeing

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Não se sussurra outra coisa na fechada área de segurança. Após dez anos de negociações, o Brasil estaria prestes a comprar, por US$ 4 bilhões, 36 caças F/A-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing. Há alguns anos, o então presidente Lula chegou a dizer que estava quase certa a importação dos franceses Rafale, da Dassault. Em seguida, veio a público a informação de que relatório da Força Aérea Brasileira (FAB) indicava como melhor opção o modelo sueco Gripen NG.

Certos personagens dizem que o lobby norte-americano é irresistível. Obama esteve aqui, mais recentemente o vice-presidente Joe Biden, e em outubro Dilma Rousseff será recebida com tapete vermelho na Casa Branca. A compra de Super Tucanos pelos Estados Unidos, para equipar o Afeganistão, pesa a favor do lobby norte-americano. Mas outras fontes garantem que há mais notícias plantadas a favor do modelo norte-americano do que fatos reais.

Todos sabem que, como potência nuclear e líder da corrida espacial, os norte-americanos dispõem de alta tecnologia, mas não costumam liberá-la para outros países. Segundo se comenta, Washington exigiria o anúncio a favor da Boeing, para só então submeter a transferência de tecnologia ao Congresso – sujeita a chuvas e trovoadas, pois, lá, a base aliada não é tão forte nem cumpre ordens do Poder Executivo.

Alguns analistas destacam que, do fim da II Guerra Mundial até o Governo Geisel, o Brasil recebia equipamento norte-americano, muitas vezes usado e, na prática, sequer podia conversar com outros fornecedores. Desde essa liberação, tudo mudou. O país comprou submarinos alemães, corvetas inglesas e, no momento, está construindo, com tecnologia francesa, cinco submarinos; um deles será de propulsão nuclear. Essa abertura também propiciou expansão da indústria nacional, pois duas fragatas e diversos navios-patrulha foram aqui construídos, além de submarinos com apoio inglês e agora submarinos com DNA francês

Já a relação com os Estados Unidos é mais tensa, pois, por conterem itens norte-americanos, Washington vetou a venda de Super Tucanos da Embraer para a Venezuela. Lembram essas fontes que, com o fim do monofornecimento norte-americano, surgiram os veículos Cascavel e Urutu, os sistemas Fila e Astro e o excelente tanque de guerra Osório, que chegou a vencer concorrência na Arábia Saudita e irritou os norte-americanos; pouco depois, não se sabe bem porque, viria a falência da Engesa, produtora do Osório. Um ponto especial foi o acordo com os italianos, para produção do caça AMX da Embraer. O Brasil também evoluiu sistemas de defesa, como o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), o que antes seria impensável, devido à dependência dos norte-americanos.

Mas se o jogo diplomático é sofisticado, a área bélica torna esse xadrez mais complexo. Em Brasília, comenta-se que Dilma Rousseff não gostou do voto do francês François Hollande no candidato mexicano à Organização Mundial do Comércio (OMC). A Suécia é muito simpática, mas não dispõe de lobby no cenário internacional. Todos sabem do profissionalismo dos norte-americanos e das boas relações entre governo e super-empresas de lá.

Por isso, alguns citam que, se a decisão brasileira for desagradável, a Casa Branca poderia dificultar a venda de peças norte-americanas para os Super Tucanos, o que praticamente inviabilizaria qualquer nova exportação da Embraer, já que as peças “Made in USA” representam mais de metade desse modelo da Embraer. De lá, surgem notícias de que o F-18 estaria em fim de carreira e, se não houver a venda para o Brasil, essa linha acabará, com a entrada de um novo e mais moderno caça norte-americano – que já está em operação.

Diversos

Há muita coisa em jogo e ninguém sabe com exatidão qual será a decisão do governo brasileiro e os reflexos junto a vencedor e perdedores, nessa concorrência que envolve Estados Unidos, França e Suécia. Setores militares destacam a evolução que houve no Brasil desde que passou a se relacionar com diversos fornecedores de material bélico. Para muitos, o melhor caminho está em transformar o país em uma nação realmente desenvolvida, com infra-estrutura adequada, com diminutos problemas de educação, de pobreza e de moradia e com um poder militar dissuasório inconteste, majoritariamente nacional e realmente capaz de impor vontades.

FONTE: Monitor Mercantil

NOTA DO EDITOR: a matéria traz algumas imprecisões na sua interpretação da história. A busca por fornecedores não americanos antecedeu o Governo Geisel, que denunciou o acordo militar com os EUA em 1979. Os contratos com fragatas e submarinos ingleses, navios varredores alemães, além de caças Mirage franceses, foram assinados vários anos antes da denúncia daquele acordo. O primeiro porta-aviões adquirido pelo Brasil era inglês, foi reformado na Holanda, e chegou aqui na década anterior (apesar de seu equipamento ser em grande parte americano) e caças a jato Gloster Meteor, também britânicos, foram adquiridos poucos anos após a Segunda Guerra Mundial.

Assim, a afirmação de que o Brasil até aquele momento “sequer podia conversar com outros fornecedores” não se sustenta. Quanto à disputa do carro de combate Osório com um modelo americano e a falência da Engesa, são fatos cuja relação precisa ser repensada, e isso foi tema de matéria especial na revista Forças de Defesa número 4.

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