Caças ‘cansados’ representam metade da frota de F-5 da FAB

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Apelidados de “Aggressors”, os F-5 comprados no final da década de 1980 deverão ser os primeiros a dar baixa

 

Um elemento de F-5EM sobre a pista da BASC. O exemplar em segundo plano é um F-5 do lote “Aggressors”. Ele pode ser facilmente distinguido dos F-5 originais da FAB (em primeiro plano) pela ausência da extensão na frente da deriva. Clique na imagem para ampliar. FOTO: G. Poggio

Autoridades da FAB já anunciaram que os primeiros F-5EM serão desativados em quatro anos. Não se sabe exatamente quantos e tudo depende de vários fatores, incluindo o número de horas que estas aeronaves voarão nos próximos anos e quando ocorrerão os períodos das grandes inspeções de parque (IRAN). Mas o que se sabe é que este será o “começo do fim” para os F-5 na FAB.

A FAB conta atualmente com 43 caças F-5E modernizados, além de 3 do modelo F, biposto. Destes, boa parte é composta dos remanescentes de um lote de 26 aeronaves usadas adquiridas no final da década de 1980 (22 do tipo monoposto e 4 do modelo biposto) com o propósito de repor perdas e aumentar a frota de 36 jatos F-5E (mais 6 F-5B) adquiridos novos e que haviam entrado em serviço em meados da década anterior. Ainda que algumas perdas por atrito tenham ocorrido entre os jatos desse segundo lote desde que foram adquiridos, a proporção dessas aeronaves na frota atual da FAB corresponde a praticamente metade do total.

Embora as aeronaves deste lote tenham menos “tempo de casa”, elas são mais antigas e foram empregadas de forma mais intensa. São elas as candidatas principais para deixarem as linhas de voo em 2017.

Como se sabe, estes jatos pertenciam à USAF e voavam nos esquadrões 425 TFS, 64 AS e 65 AS. O primeiro ficava baseado em Williams e os dois últimos em Nellis, ambos no estado do Arizona. A 425 TFS era uma unidade de formação de pilotos de F-5 e as outras duas eram unidades do tipo “Aggressors”.

Independentemente de qual unidades estes caças pertenciam anteriormente, sabe-se que os pilotos norte-americanos não tinham piedade dos aviões. Eles exigiam sempre o máximo dela em performance. E isto incluía manobras onde a aceleração da gravidade (o famoso “G”) chegava aos limites suportados pela aeronave. Tudo isso contribuía para o desgaste prematuro das células.

Quando a USAF resolveu se desfazer dos F-5, os Fuzileiros Navais e a Marinha dos EUA selecionaram as aeronaves que estavam em melhores condições. O que sobrou teve dois destinos: parte foi armazenada em Davis-Monthan e parte foi vendida para países aliados dos EUA. Dentre eles estava o Brasil.

Quando os aviões chegaram ao Brasil e os técnicos da FAB tiveram a chance de avaliar as células melhor e ficou claro para a comunidade do F-5 que aqueles aviões mal podiam voar. Mas graças ao trabalho intenso, principalmente do PAMA-SP, os aviões foram recuperados em um processo quase artesanal, voltaram a voar e praticar o combate como os demais. E, mais recentemente, passaram pelos trabalhos de modernização para o padrão “F-5M”, na Embraer, juntamente com os F-5 do lote original (exceto os F-5B, que deram baixa na década de 1990, substituídos pelos F-5F).

O F-5E mais antigo do mundo faz parte da frota da FAB: trata-se do F-5EM 4856, que recentemente completou 40 anos de seu primeiro voo, e que foi adquirido no lote dos “ex-Aggressor” no final da década de 1980. Na foto, a aeronave quando se encontrava no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP) para um novo período de inspeções. FOTO: Fernando “Nunão” De Martini

 

Não é segredo que aquelas aeronaves que deverão ser descarregadas em 2017 virão basicamente do lote dos “Aggressors”. Mas a pergunta que se faz é: em qual quantidade? Conforme mostrado acima, o número de células “Aggressor” representa hoje cerca de 50% da frota atual. É uma fração muito significativa do inventário da FAB, principalmente se considerarmos que a Embraer está modernizando somente 11 F-5 (oito modelos F-5E e três F-5F) que pertenciam à Jordânia.

Se a FAB decidir por aposentar metade dos “Aggressors” em 2017, eles poderiam ser substituídos pelos “Jordanianos” na base de um por um (considerando que o processo de modernização deles seja encerrado até lá). Mas qualquer coisa além disso significará que a FAB terá uma redução da quantidade de caças  em seu inventário (que já é pequeno).

Células de caças F-5E (monoposto) e F-5F (biposto) comprados da Jordânia e que passaram por processo de inspeções, revisões e reparos no PAMA-SP, aguardando entrega à Embraer para modernização ao padrão F-5M. Clique para ampliar. FOTO: Fernando “Nunão” De Martini

 

Na verdade, considerando toda a primeira linha da FAB, a redução de caças deverá começar ainda este ano com a desativação dos Mirage 2000, caso seja seguido o planejamento original, que consta até mesmo no nosso Livro Branco de Defesa. Realmente tudo indica que o período de “entressafra” na caça será longo e agonizante até uma nova aeronave (F-X2?) entre em ação.

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