O país do Rafale teria perdido o encontro marcado com os drones?

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É o que pergunta reportagem do jornal francês Les Echos, a partir de declarações do ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian após a compra de dois drones dos EUA pela França

Segundo reportagem publicada no domingo, 19 de maio, pelo jornal francês Les Echos, essa pergunta do título retrata o que pensa o ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian, conforme declarações deste no final de semana. Le Drian, que encontrou em Washington sua contraparte norte-americana na sexta-feira, confirmou a compra pela França de dois drones (veículos aéreos não tripulados) “Reaper” de vigilância, produzido nos EUA pela General Atomics.

Os drones serão entregues não armados no final do ano, para uso imediato em missões exclusivas de inteligência no Mali. Porém, especialistas no assunto dizem que eles poderiam ser facilmente armados para tranformá-los em “matadores”.

O ministro francês também confirmou negociações paralelas com Israel, sem especificar o número de veículos aéreos não tripulados que a França poderia adquirir desses dois países.

A Operação “Harmattan” sobre a Líbia e o atual conflito no Mali mostraram claramente que as Forças Armadas Francesas são dependentes de informações coletadas por drones dos Estados Unidos, e isso seria “culpa” de uma mudança estratégica mal-negociada na década de 1990, assim como de uma falta de cooperação no assunto entre industriais franceses. Como resultado, nem a Dassault nem a EADS produz drones hoje.

O ministro Le Drian afirmou: “A França não produz drones, o que não combina com uma nação que tem um conhecimento tecnológico considerável.” Nesse contexto, negociações com EUA (Reaper, a serem entregues) e Israel (país que produz o Heron, que gerou a versão Harfang para a França) parecem ser uma solução emergencial, o que foi assumido pelo ministro quando declarou que Paris não poderia se permitir a aguardar dez anos até que os industriais finalmente decidissem agir em conjunto.

Isso coloca pressão em líderes preocupados em deixar de lado velhas rivalidades e trabalhar conjuntamente nesse problema. Segundo o ministro da Defesa da França, foi requisitado que a indústria francesa e europeia estabeleçam uma relação “para desenvolver o que poderá ser o futuro drone de nova geração”, acrescentando que não seria apenas francês, mas um programa franc0-germano-britânico.

O jornal relembra, ainda, que nos Estados Unidos (que é a maior potência militar mundial), os drones mudaram a face da guerra, e que observadores independentes acreditam que cresceu enormemente o número de ativistas eliminados no Paquistão e no Iêmem desde 2009, data de subida ao poder do presidente Barack Obama, no contexto da guerra a líderes da Al-Qaeda e outros movimentos terroristas.

FONTE: Les Echos (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)

IMAGENS: Dassault e Força Aérea dos EUA (USAF)

NOTA DO EDITOR: o Poder Aéreo também faz uma pergunta, acompanhada das belas imagens que abrem e fecham esta matéria:

E o Neuron, que é um programa demostrador de tecnologias para um drone de nova geração, realizado em cooperação internacional entre vários países e liderado pela Dassault, fabricante francesa do Rafale?

Talvez seja ao Neuron que o ministro da Defesa da França se refira no penúltimo parágrafo. Porém, é um demonstrador, uma aposta para o longo prazo. Pode ser que ele esteja se referindo a um outro drone, visando o futuro mais próximo. Os últimos conflitos de que a França tem participado demonstram a necessidade de drones para o presente, e nesse sentido a indústria europeia em geral falhou em dar uma pronta resposta, ficando atrás de EUA e Israel.

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