Comitê Parlamentar de Defesa da Suíça só voltará a discutir Gripen em agosto

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Em votação realizada na terça-feira, o comitê decidiu suspender discussões sobre o crédito para 22 caças Gripen e pediu mais informações sobre o negócio – mídia suíça em francês destacou obstáculos enfrentados pelo caça sueco no parlamento e relembrou oferta de Eurofighters usados – mídia em alemão destacou offsets e lobby para apoio político

O Comitê Parlamentar de Defesa da Suíça começou a trabalhar na matéria do programa de armamentos para 2012, iniciando a aprovação por 16 votos a 9. Porém, em relação à aquisição de 22 caças suecos Saab Gripen por 3,1 bilhões de francos suíços (3,3 bilhões de dólares), por 20 votos a 3 (uma abstenção), o comitê decidiu suspender discussões sobre o crédito para a compra, segundo a sua presidente, Chantal Galladé.

A notícia, praticamente sem variações no conteúdo, indicando uma fonte única (ATS/ Newsnet) foi publicada em meios como o Tribune de GenèveLe Matin e 24 Heures (editados em francês).

O Comitê quer esclarecer diveros pontos sobre a compra do caça Gripen e requereu que, para a próxima reunião a ser realizada no final de agosto, o Departamento de Defesa forneça informações adicionais sobre as cláusulas do contrato. O Comitê quer esclarecimentos sobre cláusulas de multas em caso de não-cumprimento, riscos de inflação e câmbio, além das compensações industriais para a indústria suíça. O Comitê também perguntou se a opção de alugar (leasing) 11 aeronaves como solução provisória deveria ser abandonada, por ser relativamente cara.

Oferta de caças Eurofighter usados volta a aparecer na mídia suíça

Os três jornais editados em francês destacaram que  a aquisição do Gripen foi recentemente aprovada no Conselho dos Estados da Suíça (Senado), porém sem conseguir a maioria necessária para disponibilizar o valor para a compra. Os três também “ressucitaram” notícia sobre oferta realizada no ano passado pela EADS para 22 caças Eurofighter usados, por 1,5 bilhão de francos suíços (aproximadamente 1,6 bilhão de dólares).

Entrando em contato com o porta-voz da EADS, Claas Belling, receberam uma resposta discreta: “Sempre dissemos que estávamos prontos para fazer novas ofertas à Suíça. Mas não comentamos sobre notícias na imprensa.” A oferta não seria oficial, sendo apenas uma carta endereçada aos membros do Comitê de Defesa da Suíça. Há parlamentares como Thomas Hurter que advogam a aquisição de outros caças já utilizados por países próximos (França e Alemanha) devido à implementação de acordos relacionados ao controle único do espaço aéreo europeu.

Mídia em língua alemã traz mais detalhes sobre as questões levantadas pelo Comitê de Defesa

Já os jornais editados em alemão Tages Anzeiger e Basler Zeitung publicaram notícias de origem diferente dos jornais editados em francês. Destacaram (com os mesmos textos em ambos) a presença de caças Gripen C em testes na Suíça mas, principalmente, a questão de que o Conselho Nacional (Câmara) não poderá decidir pelos créditos para aquisição dos 22 caças na próxima sessão de verão, dado que o Comitê decidiu pela suspensão do negócio, segundo a sua presidente Chantal Galladé.

Entre os problemas, segundo Galladé, estariam questões em aberto sobre garantias, compensações e, principalmente, agenda de pagamentos. Apesar de Galladé que uma maioria está a favor da compra do Gripen, pois a Suíça necessita de uma defesa aérea efetiva e o caças sueco seria um instrumento apropriado para isso, há uma minoria que advoga por não se adquirir qualquer novo caça.

Segundo os jornais editados em alemão, esses obstáculos para a aquisição do caça podem ser creditados ao insucesso do chefe do Departamento de Defesa, Ueli Maurer, em conseguir uma maioria estável a favor do Gripen. Essas questões deveriam ter sido esclarecidas desde agosto do ano passado, e Maurer aparentemente falhou em resolver todas as dúvidas e incertezas no parlamento, e ele deveria apresentar, pessoalmente, todos os fatos sobre o negócio o mais rápido possível. Além disso, questões como as levantadas pelo Comitê de Defesa e até mesmo o fato do contrato estar escrito em inglês (e não nas três línguas da Suíça, que são as compreendidas por seus parlamentares para que possam debater sobre o assunto) precisam ser resolvidas para que consiga aprovar de vez a compra no futuro.

Cronograma de pagamentos, compensações industriais e o trabalho dos lobistas

Enquanto isso, o papel de consultores de negócios e de comunicações (em outras palavras, lobistas) prossegue junto a parlamentares, visando a próxima votação no Conselho Federal. O cronograma é curto, mas o programa parece estar coordenado com o Departamento de Defesa, associações militares e de negócios. Cartas e entrevistas pessoais visam convencer parlamentares críticos ao negócio dos caças, até junho, sobre os benefícios da aquisição do Gripen. Argumentos de política de defesa deverão ter um papel pequeno nesse esforço. O foco está nas compensações (offset), oferecidas pela Saab a empresas das áreas onde os políticos têm suas bases eleitorais. Cada parlamentar é importante para levar uma câmara indecisa a um “sim”.

Sobre compensações industriais, os jornais em língua alemã citam um caso húngaro para mostrar o quanto podem ser abrangentes: a instalação na Hungria da maior fábrica europeia da Eletrolux veio como parte das compensações pelo contrato húngaro para 14 caças Gripen. No caso da Suíça, haveria a diferença de que a indústria beneficiária seria principalmente a aeronáutica e de equipamentos de precisão.

Por fim, a TV Suíça (SFTV, em língua alemã) acrescentou que uma das questões sobre a agenda de pagamentos levantada pela presidente do Comitê de Defesa, Chantal Galladé, é o valor de 15% do total da compra a ser pago antes (down payment) da entrega dos caças.

A SFTV também referiu-se à oferta do Eurofighter tratada nos jornais de língua francesa, destacando o fato dessa questão ter sido revivida um dia antes da reunião do Comitê de Defesa para tratar das cláusulas da aquisição do Gripen. A SFTV também publicou um interessante infográfico interativo em alemão, cujas principais telas estão logo acima e abaixo.

FONTES: Tribune de GenèveLe Matin, 24 Heures,Basler Zeitung , SFTV e Tages Anzeiger (também fotos)

Compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em francês e alemão

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