Major-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Jr esclarece discurso de despedida da COPAC

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Caros Amigos do Poder Aéreo

Este é o único ambiente de discussões do qual me proponho a participar, e por razões muito simples: tenho pouco tempo para atividades extra-profissionais, gosto de saber da opinião geral do público especializado, penso ser o blog mais respeitado sobre assuntos de Força Aérea, gerenciado por um profissional respeitado (Alexandre Galante) e mediado por outro grande profissional (Fernando “Nunão”). As pessoas daqui são ponderadas, respeitam as idéias contrárias e demonstram maturidade e conhecimento.

Os últimos dias foram de intensa emoção pra mim, deixando a presidência da COPAC e assumindo o Comando do COMDABRA. Portanto, minha opinião, que pensei estar esgotada nas minhas palavras de despedida da COPAC, talvez ainda precisem ser mais desenvolvidas nos próximos dias. Espero que consigamos fazer isto com maturidade, imparcialidade e dentro dos limites de sigilo aos quais estou submetido.

Inicialmente, agradeço as palavras de reconhecimento ao trabalho que desenvolvi como presidente da COPAC nos últimos dois anos, atividade de grande importância para a FAB e para o País, e que me exigiram no limite de minhas capacidades intelectual, física e técnica.

Dentre os 22 projetos atualmente gerenciados pela COPAC, escolhi falar sobre o F-X2 por dois motivos: por ser o único que não teve qualquer evolução neste período, e pela “ironia” de ser o mais necessário na minha atual missão: Comandante da Defesa Aeroespacial do Brasil. Logicamente, este sentimento de frustração é algo sentido dentro do “BJ” profissional, Piloto de Caça, Comandante do COMDABRA .

Escrevo apenas neste espaço do Poder Aéreo porque vejo aqui pessoas comprometidas e interessadas, mesmo que tenham opiniões divergentes das minhas.

Escrevo aqui, mas me permito não entrar em aspectos partidários, de governos ou quaisquer matizes políticos, até porque seria impróprio para um militar, funcionário do Estado Brasileiro, e não de qualquer Governo.

Inicialmente, e com respeito ao meu discurso, pensava que a mensagem central tenha sido clara, qual seja a importância de sanarmos uma deficiência operacional, em prol da segurança do nosso povo, não para os interesses da FAB. Isto, para mim, é o que importa.

Podemos conversar muito sobre todos os aspectos aqui discutidos, alguns dos quais penso desnecessários, mas aos quais empresto meu respeito; isto poderia tirar o foco da necessidade de uma decisão tempestiva sobre este problema, que se arrasta há 12 anos.

Sobre o processo seletivo, a FAB/COPAC utiliza processos científicos reconhecidos internacionalmente, não se sujeitando a interferências de qualquer matiz.

As decisões finais, como sempre acatadas pela FAB, serão de caráter político, o que não pode significar um completo distanciamento dos aspectos analisados (Operacional, técnico, industrial, logístico e de compensação), pois correríamos o risco de serem mal utilizados os recursos, o que contrariaria os princípios da administração pública. Decisão política não pode dar margem a desvios, preferências pessoais de gestores públicos ou riscos à operação futura destes complexos sistemas de armas.

O que eu quis dizer foi exatamente o que foi dito, com certas reservas já muito bem interpretadas por alguns participantes deste blog, e apenas em prol do que penso ser melhor para o País.

Sou um oficial general de 3 estrelas, fiel aos princípios que jurei defender como cadete: coragem, lealdade, honra, dever e Pátria …. e que continuo fiel aos princípios da disciplina e hierarquia.

Presentes à passagem de comando, os três concorrentes do Projeto F-X2 me parabenizaram pelo discurso: Donna Hrinak (Boeing – F-18), Jean-Marc Merialdo (Dassault Rafale) e Bengt Janér (Gripen-SAAB), compreendendo perfeitamente as teses e críticas que levantei, que logicamente não foi recado indireto para qualquer participante.

Disse o que achei correto e sou o único responsável por isso. Disse de forma direta, mas não posso me responsabilizar por interpretações individuais.

Um abraço deste leitor assíduo do Poder Aéreo

BJ

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