‘Plano B’ da Marinha dos EUA é comprar menos F-35C e mais F-18E/F
Segundo artigo de David Axe publicado no “Danger Room” em 25 de março, a Marinha dos Estados Unidos (USN) está cuidadosamente dando as costas ao complicado programa do F-35 e colocando, no lugar, um plano substituto para o caso do novo jato furtivo não se recuperar de seus problemas técnicos e orçamentários.
Esse plano da USN está no seu início, mas suas linhas gerais estão transparecendo, em grande parte graças a recentes comentários de sua liderança. O ‘plano B’ envolve a compra de menos F-35 da Lockheed Martin (a marinha continuará comprando alguns) e mais unidades do caça embarcado F/A-18E/F Super Hornet da Boeing. Caso ocorra o improvável – o cancelamento da versão F-35C destinada aos grandes porta-aviões americanos – o Super Hornet poderia ser aprimorado para ir além de sua atual vida útil. O jato bimotor já vem ganhando novas armas e poderá ter adicionados novos tanques de combustível extras e alguns “tratamentos” para furtividade.
A USN tem sido a menos entusiastas das Forças Armadas americanas em relação ao F-35, que inclui versões para a Força Aérea e os Fuzileiros Navais. Como a Marinha tem a força de caças mais nova em relação às demais forças, sua urgência para aviões novos de fábrica é menor. Além disso, a USN estaria minimizando a furtividade ao radar em seus planos de guerrra e preferiria, ao invés, abrir caminho lutando por entre as defesas inimigas ou disparar armas a grandes distâncias. No ano passado, o “U.S. Naval Institute journal Proceedings” trouxe texto a esse respeito assinado pelo almirante Jonathan Greenert: “É tempo de considerar a mudança de nosso foco de plataformas baseadas unicamente na furtividade e também incluir conceitos de operações mais longe dos adversários utilizando armas ‘standoff’ e sistemas não tripulados – ou empregar sistemas de guerra eletrônica embarcados para confundir ou ‘jamear’ sensores inimigos ao invés de tentar se esconder deles”.
Greenert é o oficial “top” da Marinha dos EUA, e esse texto foi considerado um tiro na proa do F-35. Porém, ele nega que tenha feito isso: “Nós precisamos do F-35C, precisamos de suas capacidades”, disse o almirante há duas semanas, completando: “Ele tem furtividade, grande capacidade de carga e um gigantesco (potencial) de ataque eletrônico.”
Ao mesmo tempoo, Greenert deixa escapar que a Marinha poderia adquirir menos jatos F-35C do que os 260 encomendados no momento. “A questão aponta para quantos comprar, e como eles se integram na ala aérea”, acrescentando que o cancelamento da nova aeronave é pouco provável devido a razões políticas: “Se não comprarmos nenhum F-35C isso seria muito prejudicial ao programa como um todo.”
Qualquer redução nas encomendas do F-35 afetaria os intrincados planos de produção do novo caça, aumentando o custo unitário. Porém, a compra de menos jatos F-35C e mais versões aprimoradas do F/A-18 poderia ser possível sem destruir o programa desse novo jato furtivo. Uma análise do Pentágono obtida pela Reuters indicou que uma redução de 2.400 para 1.500 caças F-35 aumentaria o custo unitário dos remanescentes em apenas nove por cento. Hoje, um único F-35 custa mais de 100 milhões de dólares, e um F/A-18 custa aproximadamente metade desse valor. A troca de exemplares de F-35C por Super Hornets poderia resultar numa economia de bilhões de dólares para a Marinha e o Pentágono, e vale lembrar que a USN já pensa num novo projeto de caça para vir após o F-35 e o Super Hornet.
Com melhorias, o Super Hornet poderia igualar as capacidades do F-35, embora com diferentes táticas, embora essa questão esteja aberta ao debate. A USN já trabalha para fazer do F/A-18E/F um vetor para mísseis de longo alcance com algumas qualidades furtivas opcionais, em oposição ao totalmente furtivo F-35, projetado para passar despercebido pelas defesas inimigas a curta distância e lançar bombas guiadas antes de se evadir.
A USN já colocou no orçamento um novo míssil antinavio e para ataque terrestre com alcance de 500 milhas para o Super Hornet e, neste ano, também deverá testar tanques de combustível conformais sobre as asas, que poderiam adicionar centenas de milhas ao alcance da aeronave, possivelmente permitindo um alcance maior que o do F-35. O Super Hornet também poderia receber coberturas (pinturas) extras de absorção de radar e uma nacele furtiva carregada na estação ventral para levar armas. A USN ainda precisaria reservar verbas para essas opções.
Para a Força Aérea, a adição de caças F-35 não significam uma mudança fundamental em suas estratégias, ao passo que a Marinha seria forçada a reescrever doutrinas de décadas. Enquanto a Força Aérea pensa em infiltração em território inimigo usando o caça F-22 e o bombardeiro B-2 (ambos furtivos), a Marinha preconiza o uso de aviões de guerra eletrônica EA-18 Growler (da família do Super Hornet), que interferem eletronicamente nas defesas inimigas e permitem que os Super Hornets ataquem.
Em todo caso, a USN pode esperar e ver se o F-35 supera suas dificuldades, pois a linha de montagem da Boeing para o Super Hornet, em St. Louis, tem encomendas suficientes para permanecer aberta ao longo de 2015. Após isso, a Marinha poderia optar por seu plano B, ou arriscar com o F-35.
FONTE: Danger Room (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTOS: Marinha dos EUA e Boeing Japão
COLABOROU: Maurício R
VEJA TAMBÉM:
- Super Hornet: Marinha dos EUA estaria interessada em tanques conformais
- Marinha dos EUA de olho no ‘Super Hornet International Roadmap’
- Boeing revela mais detalhes do ‘International Roadmap’ do Super Hornet
- Que é que há, ‘velhinho’? Há encomendas de F/A-18!
- Super Hornet para a USN: mais contratos da Boeing e da General Electric
- Simuladores: Poder Aéreo ‘voa’ Super Hornet ‘na ponta dos dedos’ – parte 1
- Simuladores: Poder Aéreo ‘voa’ Super Hornet ‘na ponta dos dedos’ – parte 2