‘Forno de pizza’ pode ser calcanhar de Aquiles do F-35B

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Preparação especial de concreto refratário ou liga de alumínio para a superfície de pouso do F-35B, chamada jocosamente de ‘forno de pizza’, não combinaria com operações na linha de frente do USMC

Segundo extensa reportagem da revista “Time” (aqui resumida) o F-35B, versão de decolagem curta e pouso vertical (STOVL) do F-35 destinada ao Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC), nunca será um “bombardeiro de apoio ao combate aproximado baseado no campo de batalha” como o USMC alega. Um vídeo e uma nota à imprensa com fotos divulgada pelos fuzileiros, quando do “primeiro voo STOVL do F-35B fora do ambiente de testes” trariam provas disso.

Segundo a reportagem, a nota à imprensa divulgada pelo USMC é contraditória, pois mostraria um “primeiro voo operacional” fora do ambiente de testes da versão, mas quem estava nos comandos era um piloto de testes. Além disso, o termo “operacional” pode não combinar com o que mostra a imagem (reproduzida acima) que acompanhou a nota: uma área abaixo do avião em seu pouso vertical, vista tanto na foto divulgada quanto no vídeo, seria uma preparação especial feita na pista de Yuma (que não pertence ao ambiente de testes) para que o F-35B pudesse pousar nela.

Trata-se, segundo a reportagem, de uma cobertura refratária de concreto especial (que o jornal compara a um “forno de pizza”) que o especialista Bill Sweetman já descreveu em 2011 quando em visita à Estação Aeronaval de Patuxent River. Sweetman escreve para a Defense Technology International e a Aviation Week. Essa cobertura com camadas de concreto refratário e/ou liga de alumínio, especialmente construída, destina-se a suportar a descarga de gases extremamente quentes das tubeiras de exaustão do caça, nos pousos verticais, prevenindo que pistas comuns de concreto (ou as ainda mais vulneráveis de asfalto) sejam estragadas por esses gases.

Isso estaria em contradição com o que é divulgado pelo USMC a respeito da operação futura do F-35B em “bases aéreas de linha de frente não-preparadas” ou próximo ao campo de batalha, dando aos fuzileiros uma capacidade “revolucionária” para operar o F-35B em múltiplas e distribuídas bases para evitar que sejam detectadas pelo inimigo. Bases de linha de frente, não-preparadas, não combinariam com a construção de superfícies de concreto refratário e/ou de liga de alumínio, sendo que estas últimas já foram descritas pela Força Aérea como “pesadas, desajeitadas, demoradas para instalar, difíceis de reparar (e com) características muito pobres para aerotransportabilidade.”

Esses requerimentos estariam muito além do que necessitam os atuais jatos STOVL do USMC, os AV-8B, ou mesmo as superfíceis transportáveis para operação dos híbridos (tilt rotor – VTOL) V-22. Assim, na realidade, os locais para operação do F-35B para pousos verticais deverão ser bases de porte considerável, levando em conta os imensos requerimentos logísticos do jato, que vão além de concreto refratário ou superfícies de alumínio. Num resumo do que diz a reportagem da revista, isso poderia confinar a operação dos novos jatos do USMC aos navios anfíbios de convés corrido em que o F-35B deverá operar, e mesmo estes precisam de vários requerimentos especiais para adaptação às características operativas do caça

FONTE: Time (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: USMC

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