Gripen C e F-16A: no solo ou em voo, soluções diferentes para caças leves
A foto acima é de um Gripen C da República Tcheca (à direita) ao lado de um F-16A da Dinamarca (à esquerda, mais próximo ao hangar), na Base Aérea de Siauliai na Lituânia. No início do mês passado, os jatos Gripen tchecos voltaram para casa após 4 meses cumprindo o alerta no Báltico, e os F-16 dinamarqueses assumiram a missão, e a foto foi tirada na ocasião da “passagem do bastão”.
Já na foto abaixo, caças Gripen da Suécia são vistos em formação com caças F-16 da Noruega, durante um exercício conjunto. Tanto no caso da Dinamarca quanto da Noruega, os modelos de F-16 mostrados são de primeira geração (apesar de terem passado por programas de modernização posteriores), nascidos ao tempo em que o jato norte-americano visava ser “apenas” um fenomenal caça leve diurno com grande manobrabilidade, conferida pelo então inovador “fly-by-wire” combinado à sua configuração aerodinâmica e ao motor potente. O objetivo era se destacar em combates aéreos, com capacidade básica de ataque ao solo.
Isso porque, quando surgiu, o F-16 procurava superar por larga margem os ainda muito numerosos e manobráveis MiG-21 e outros desenvolvimentos soviéticos que prometiam dar trabalho no combate aproximado – e que se concretizaram no MiG-29 . Já o Gripen nasceu para combater aos caças russos ainda mais manobráveis surgidos para se contrapor tanto ao F-16 quanto ao F-15 dos EUA, o já citado MiG-29 e o impressionante Su-27, e também para incorporar capacidades multimissão, dentro de seu limite de tamanho.
Voltando ao F-16, nas versões seguintes da aeronave o peso, o arrasto e a carga alar subiram com a adição de equipamentos e reforços estruturais para cumprir mais missões e a qualquer tempo, o que foi compensado com motores ainda mais potentes, e o caça relativamente leve e barato começou a se aproximar mais da categoria dos “médios”, mais pesados e mais caros (chegou mesmo a competir na disputa de um novo caça médio na Índia, o MMRCA).
O mesmo vem se dando com o Gripen, com a nova motorização e mudanças estruturais da versão E/F (o chamado NG), que visa tornar a aeronave mais competitiva e atraente a clientes externos, assim como atender a novos desafios da defesa de seu próprio país de origem.
Mas, ao menos nessas fotos em que suas versões nascidas “leves” podem ser vistas, podemos perceber modos diferentes de buscar um mesmo objetivo: tamanho reduzido, grande potência em relação ao peso e boas características de aerodinâmica e de baixa carga alar para um alto desempenho e manobrabilidade. Mais de uma década separou o desenvolvimento das versões iniciais de ambos, fazendo com que o jato sueco incorporasse “novidades” como canards móveis, por exemplo. Mas, além dessa diferença óbvia, diversas outras podem ser percebidas nas imagens, ainda que o objetivo fosse parecido (e o F-16, mais velho, fosse o “benchmark”, ou referência, para o desenvolvimento do Gripen).
FOTOS: Ministério da Defesa da República Tcheca e Saab
VEJA TAMBÉM:
- John Boyd, o piloto de caça que mudou a arte do combate aéreo
- John Boyd, o piloto de caça que mudou a arte do combate aéreo – parte 2
- John Boyd, o piloto de caça que mudou a arte do combate aéreo – parte 3
- ‘Míssil’ da Saab acerta F-16: “economize dezenas de milhares de dólares”
- Viggen, I’m your son! – parte 1
- Viggen, I’m your son! – parte 2